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quarta-feira, 21 de março de 2018

...E o Messias baixou à Terra



...E o Messias baixou à Terra
por Benildo Leal de Moraes
Reformador (FEB) Junho 1946

PARTE 1

Citação do Evangelho segundo João:

“Cap. I: 
1 - No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2 - Ele estava no princípio com Deus.
3 - Todas as coisas foram feitas por ele: e nada do que foi feito, foi feito sem ele.
4 - Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens."

Ao contrário dos outros evangelistas, João teve um modo todo especial de relatar a vida do Cristo e os fatos com a mesma relacionados; tudo, em sua descrição, representa partes de um todo, cheio de sublimes revelações, denotando uma forma toda especial de interpretar a vida do Divino Mestre.

O início de seu Evangelho é magnífico, representando uma grandiosa Revelação, por si só; à luz dos ensinamentos espiríticos, a interpretação do primeiro capítulo do referido Evangelho representa verdadeiro deslumbramento espiritual.

Tentaremos demonstrar a nossa afirmativa com um comentário interpretativo simples, que, dada a nossa deficiência, deixará muito a desejar em relação à grandiosidade que o ensino evangélico representa.

Começando sua narrativa, João afirma que "no princípio era o Verbo, e que o Verbo estava com Deus". Que significará isso? a que se referirá esse "princípio"? Procurando penetrar o pensamento profundo e de ampla síntese do evangelista, só podemos chegar à seguinte conclusão lógica: no momento da formação do orbe, na ocasião em que se reuniam os fluidos e as forças que formariam o nosso planeta e condicionariam a vida dos seres no mesmo, nessa ocasião sublime, de um dinâmico trabalho, sobrepairava e dirigia tudo, a figura simbolizada como sendo o "Verbo". E o que, ou quem, seria esse "Verbo"? Era, simplesmente, um glorioso Espírito, nos píncaros do progresso espiritual, com poderes excepcionais, representando a Luz Divina, representando a sublime força espiritual que ficaria encarregada da salvação e orientação de uma comunidade inteira de Espíritos, pois o Verbo significa Luz e Ação Divina. E quem está simbolizado na figura do Verbo, encarregado de presidir à tarefa organizadora do nosso planeta? É a figura inimitável do Cristo, como será comprovado, a seguir, em outras palavras reveladoras do evangelista, e seguindo um critério lógico, sem sombra de dúvidas.

Mas, depois de afirmar que o Verbo estava com Deus, o evangelista logo a seguir esclarece que "o Verbo era Deus", como que obscurecendo o sentido. Desse simples trecho os interpretadores católicos quiseram servir-se - e se servem até hoje - para tentar firmar o edifício, de base falsa, do dogma da S.S. Trindade, querendo fazer crer que o mesmo significa a unidade de natureza, toda misteriosa, na diversidade das pessoas do Pai e do Filho, acrescentando, ainda, a terceira pessoa - o Espírito Santo. (Três pessoas diversas formando, misteriosamente, a unidade de natureza Divina). Porém, a interpretação lógica, concordante com o restante da obra evangélica, não é essa, sob pena de irmos, em outros pontos, a verdadeiros absurdos. Que significará então? simplesmente isto: que Jesus, estando presidindo à formação de um planeta e estando encarregado de velar por uma humanidade inteira, estava identificado com o Pensamento e a Vontade de Deus, que percebia diretamente, dado o seu altíssimo progresso; que Deus lhe dera poderes únicos- e lhe conferira um mandato especial que o identificava com o Plano Divino, de trabalho altamente espiritual, de modo que toda a obra do "Verbo" era como se executada diretamente por Deus. Jesus vinha a ser um "embaixador extraordinário", um ministro com plenos poderes, perfeitamente conhecedor de todas as ideias e planos daquele que lhe conferira o mandato e perfeitamente capacitado para executá-los. Daí não ser de estranhar o fato de que "estivesse com Deus" e "fosse Deus". Até pelo fato de o evangelista afirmar que Jesus estava com Deus já faz sua distinção de pessoas e naturezas. De fato, se Jesus fosse Deus, no sentido real das palavras, o narrador empregaria outra linguagem: para Jesus o termo Filho - para a outra pessoa divina o termo - Pai. Porém, ele já começa falando em Deus e Jesus (Verbo). E tanto é assim, e tão lógica é essa interpretação, que o versículo 2, automaticamente, a corrobora, pois, após afirmar, no versículo 1, que o Verbo estava com Deus e era Deus, vem dizer no seguinte "Ele estava no princípio com Deus", confirmando a distinção e como esclarecendo que não se tratava de união real de natureza, procurando com isso, dissipar quaisquer dúvidas que pudessem surgir do trecho anterior. (Este 2º versículo, porém, já não é comentado pelos sacerdotes, especialmente em confronto com o primeiro). (Parece que o evangelista já deixou aquela segunda passagem como uma luz para os obreiros de boa vontade, um farol para impedir as trevas da mistificação).

A seguir, João mostra, no versículo 3, que todo o plano da Criação - naturalmente se referindo ao nosso planeta -- foi presidido pelo Cristo e, no versículo 4, que ele era o farol que conduziria os homens, isto é, o Espírito puro e sublime encarregado de espalhar a verdade entre os homens e fazer frutificar entre eles o trabalho espiritual. E, tanto é lógico que a referência é ao nosso planeta, somente, que João afirma que o Verbo será a "luz dos homens". (Se fosse referência a outros planetas, que se supusesse habitados, deveria forçosamente empregar outra expressão que pudesse identificar os seus componentes). No versículo 9 ainda vemos esta expressão: "ele era a luz verdadeira que alumia a todo o homem que vem a este mundo", o que prova que era ao nosso planeta que se referia aquele "princípio", mencionado no versículo 1, e mostra mais que a Humanidade aqui encarnada estava inteiramente sob o lúcido amparo espiritual do "Verbo" (Cristo), indicado igualmente no versículo 1. Isso é mais uma prova, também, da distinção real entre - Jesus e Deus -, pois Deus criaria e alumiaria todos os planetas, e não somente o nosso, além de que tal fato seria desnecessário referir, dado a compreensão mínima que se possa fazer de Deus. Quanto a Jesus, como mandatário especial de Deus na organização deste planeta e na orientação e salvação da humanidade que o habitaria, sim: era necessária uma referência e uma distinção especial, tal como fez sabiamente o evangelista.

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Continuação

...E o Messias baixou à Terra
por Benildo Leal de Moraes
Reformador (FEB) Julho 1947


Continuando em nosso comentário, muito embora todos os versículos apresentem diversos fatos interessantes, poderemos, para focar os assuntos mais palpitantes, saltear para os belos ensinamentos dos de nºs 14 e 15, que se casam tão bem com a doutrina espirítica, confirmando a lógica da interpretação que anteriormente fizemos: “E o Verbo se fez carne. E habitou entre nós; e nós vimos a sua GLÓRIA COMO DE FILHO UNlGÊNITO DO PAI, cheio de graça e de verdade.
(14) João dá testemunho dele, e clama; dizendo: Este era o de quem eu disse: O que há de vir depois de mim foi preferido a mim, porque era antes de mim.” (15) Por uma forma tão singela o narrador evangélico deixa entrever o que havia de grandioso na descida à Terra do glorioso Mestre, dando a entender que ele veio ao nosso planeta por uma circunstância extraordinária, tendo "habitado" entre os homens, o que revela a sua superioridade sobre estes (sob o ponto de vista do adianto espiritual, como veremos). E o trecho "o Verbo se fez carne" parece indicar que o Cristo, pela sua pureza, pelo seu adiantamento e pelos seus poderes, dirigiu a sua própria encarnação, tomando a forma humana, talvez, por um modo todo especial, dado o domínio que possuía sobre todas as forças cósmicas e espirituais. Aliás, os outros evangelistas relatam fatos excepcionais ligados ao ato do nascimento de Jesus, divergindo do comum dos homens. É um ponto delicado, porém, e que, no final, não afeta a sua doutrina nem modifica o que possamos compreender em relação à sua sublime pessoa (tal fato não altera a sua natureza espiritual, e pouco importa o modo como o Cristo formou e tomou o invólucro material: interessa é compreendermos a sua natureza espiritual, a sua posição e a sua missão, conhecermos e praticarmos sua doutrina e sua moral verdadeiramente excepcionais, pois não tinham mácula de materialidade nem de mesquinharias terrenas, e sim eram verdadeiros diamantes trabalhados por mão Divina). Agora, porém, nos defrontamos com outra expressão que aparenta dificuldades: "nós vimos a sua glória como de filho unigênito do Pai". Os católicos querem que tal expressão valha como outra escora para o dogma da Trindade, pretendendo afirmar: que Ele (Jesus) era o Filho unigênito por ser "pessoa divina", fazendo parte da natureza de Deus como uma de suas três pessoas e procedendo do Pai, por um modo especial e misterioso. (Ver p. ex., a propósito, os ensinos de Mons. Cauly, em sua Apologética "Cristã" (?); chegados a esse ponto nebuloso, dizem que é impossível explicar isso, por constituir um mistério indevassável, que devemos respeitar. Entretanto, bem outra se mostra a explicação lógica, coordenada com o ensino restante, nada tendo de indevassável: o termo "Filho unigênito" significa, tão somente, que, em relação ao comum dos homens que ele justamente viera guiar e salvar, o Cristo era o único que percebia diretamente o Pensamento Divino e que de Deus recebia ordens, poderes e mandatos diretos, sendo que os próprios profetas e missionários recebiam dele as parcelas de verdade necessárias para cada missão e revelação. E isto é tão verdadeiro que logo após é corroborado, com a comparação que João, o Evangelista, coloca na boca de João (o Batista): "o que há de vir depois de mim (Jesus - a respeito do qual o evangelista está circunscrevendo os fatos) foi preferido a mim, porque era antes de mim". O que, em outras palavras, pode ser dito desta forma: "Jesus, que desceu à Terra depois de minha encarnação, embora a minha missão importante, embora tenha vindo depois, embora o meu estado espiritual elevado, foi o escolhido para a grandiosa missão de redimir a Humanidade, porque antes de mim já era, isto é. antes de que eu completasse um determinado ciclo de elevação espiritual e de provas espirituais já atingira o estado espiritual superior que o dispensaria de novas provas planetárias e o colocara em excepcional posição de dirigente mandatário direto do Pai". E com isso, fazendo esse paralelo espiritual com o Cristo, afirma implicitamente outro ponto: que todos os Espíritos devem progredir continuamente e que o Batista já de muito vinha seguindo a carreira espiritual de Jesus; mas, perguntar-se-á: de que forma, se já ficou claro que o Messias era um Espírito elevadíssimo desde a criação do planeta, há milênios foi feita tal carreira espiritual? Como pode João Batista fazer tal comparação, que supõe que Jesus lhe houvesse, de há muito, ultrapassado na carreira espiritual? só será compreensível se aceitarmos o fato através do princípio do progresso contínuo segundo sucessivas encarnações, por numerosos orbes planetários. (Tal como ensina o Espiritismo moderno – 3ª Revelação, o Esoterismo tal como ensinaram antigos missionários e profetas, como Hermes e Pitágoras). E mais se evidencia que é nesse sentido que o evangelista orienta sua dissertação que, logo a seguir ele cita as palavras dos sacerdotes que interrogavam o Batista: "És tu Elias?" (vers. 21). Ora, sabemos que Elias é um dos antigos profetas judeus, e, na ocasião, há muito já deixara o plano terreno. Isso prova mais que o princípio das reencarnações era aceito com naturalidade, na época, e que os discípulos do Mestre não o repeliram. e, ainda pelo contrário, se basearam no mesmo em trechos e afirmativas de magna importância (e, se tal orientação fosse falsa, Jesus, que viera para prepará-los como obreiros da salvação da Humanidade, os teria esclarecido e impediria que eles propagassem ideia tão errônea). E, mais que tudo isso: este luminoso princípio das reencarnações e do progresso sucessivo, que nos abre tão consoladoras esperanças, foi confirmado pelo Mestre na célebre resposta a Nicodemos e na explicação que deu a seus discípulos sobre o "cego de nascença". (Ver os trechos próprios, dos Evangelhos - em todos os quatro evangelistas).

E assim. através dos Evangelhos, observando com cuidado, vamos encontrar numerosos trechos, que se ligam maravilhosamente, vindo confirmar a Doutrina Espirítica ou serem logicamente explicados por esta, enquanto, ao reverso, vem mostrar os absurdos das interpretações dogmáticas, baseadas abusivamente em trechos
isolados e desconexos, com o desvio dos trechos claros e positivos e sem ligação com estes.

Ainda resta mais uma conclusão a respeito do paralelo feito peta Batista: é que, se o mesmo não se referisse a duas carreiras espirituais idênticas em natureza, isto é. se o Batista fosse um simples Espírito criado e Jesus fosse verdadeiramente Deus (ou outra entidade especial), ele não ousaria fazer tal comparação, não falsearia a verdade: ainda mais que ele viera, justamente, para preparar a vinda do Mestre e servir-lhe de testemunho, como reiteradamente afirmou e o Messias confirmou, ao procurá-lo, quando devia iniciar, propriamente, sua grande missão na Terra (ver o trecho relativo ao "batismo de Jesus por João Batista).

Depois de chegarmos a este ponto, porém, em que vários princípios foram esclarecidos e positivados, com toda a clareza de argumentos, ainda pode restar objeção, como, p. ex.: a interpretação foi feita com base em poucas e obscuras palavras de um só dos evangelistas, e feita em concordância com modernas explicações espiritualistas, que podem não ser verdadeiras (supondo alguém que queira atacar de modo sistemático, por apego aos dogmas ou aos princípios materialistas). Podemos dizer que esses fatos que positivamos com um evangelista podem ser comprovados através dos Atos dos Apóstolos, que se reveste de precisão por ser feito logo no início da pregação evangélica; pelas epístolas dos Apóstolos, e, entre estes, escolhendo, especialmente, a figura de Paulo de Tarso, que, com profundeza, prestou largos esclarecimentos sobre a pessoa do Cristo, natureza dos anjos, etc. Vamos, assim, formar um segundo trecho, estudando, em especial, o cap. 1º da Epístola de Paulo
aos Hebreus.

(Fim da 1ª parte)


Continuação
...E o Messias baixou à Terra
Benildo Leal de Moraes
Reformador (FEB) Agosto 1946

(2ª Parte)

Citação da Epístola de Paulo Apóstolo aos Hebreus : Cap. 1 - (1) - Deus, tendo falado muitas vezes, e de muitos modos, noutro tempo, a nossos pais, pelos profetas. (2) Ultimamente, nestes dias, nos falou pelo Filho, ao qual constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também os séculos; (3) O qual, sendo o resplendor da glória, e a figura da sua substância, sustentando tudo com a palavra da sua virtude, havendo feito a purificação dos pecados, está assentado à direita da majestade nas alturas; (4) Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles" (8) Mas acerca do Filho diz: O teu trono, ó Deus, subsistirá no século do século; vara será de equidade e vara do teu reino (9) Tu amaste a justiça, e aborreceste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria sobre os teus companheiros, (10) E noutro lugar: Tu, Senhor, no princípio fundaste a Terra, e os céus são obras das tuas mãos... (13) Pois a qual dos anjos disse alguma vez: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha teus inimigos por estrado de teus pés "... Capítulo TI - (7) Tu o fizeste por um pouco de tempo menor do que os anjos, tu o coroaste de glória e de honra, e o constituíste sobre as obras das tuas mãos, (8) Tu lhe sujeitaste todas as coisas, metendo-lhas debaixo dos pés.

Os ensinamentos de Paulo, especialmente os da Epístola aos Hebreus, são, como os de João Evangelista, extraordinários e adiantadíssimos. Mas, entremos logo a comentar esses poucos versículos acima citados, mais positivos e que nos dão, desde logo, maiores esclarecimentos e argumentos, bem como provas irretorquíveis.

Inicialmente, o Apóstolo compara os profetas e Jesus (Filho), como enviados de Deus, por intermédio dos quais Ele falará; isso prova, de imediato, sem qualquer dúvida, que esses enviados eram Espíritos puros e elevados, revestidos de um dom especial para receberem e transmitirem a palavra divina: era o que a nossa Doutrina, hoje, poderia chamar - poderosos médiuns. Por aí já se nota a identidade de natureza espiritual, entre Jesus e os seus predecessores - os chamados "profetas". O Apóstolo, porém, vem explicar que esse enviado era revestido, ainda, de honras especiais: ele fizera "os séculos" e "era herdeiro de tudo", isto é, dirigira a criação da Terra, a vinda de vários grupos de Espíritos para o nosso planeta - a fim de povoá-lo e desenvolvê-lo - e estava incumbido de acompanhar-lhe o progresso. É a única interpretação lógica do trecho, concordando com a que fizemos do Cap. 1º do Evangelho de João e confirmando a mesma. Ambas se completam c comprovam. E, se não fora assim, por que Jesus fora "constituído" herdeiro de tudo? Isto é, por que deveria receber a glória de todo o trabalho de criação da Terra, de sua evolução, e do progresso da Humanidade respectiva? 

Nos versículos 3 e 4 o Apóstolo esclarece que o Filho "herdara" poderes e honras maiores que as dos anjos e que se tornara de qualidades superiores às dessas entidades, colocando-se "à direita de Deus". Isso comprova que Jesus (o Filho) não era Deus (como querem os católicos, através do citado dogma), pois, se assim fosse, teria todas as coisas "de toda a eternidade", e não iria recebê-las do Pai em dado momento nem seria colocado "ao lado direito da Majestade". (Se fosse uma pessoa da Trindade estaria nela integrado, e não "ao lado" de uma das outras pessoas divinas!) Além disso, se assim fosse, o Cristo não necessitaria fazer a "purificação dos pecados" nem seria o "resplendor da glória" e a figura da "substância divina"; seria a própria Glória Divina e a própria Substância Suprema! (e, poderíamos novamente dizer, se assim fosse, porque o Apóstolo não referiu a 3ª pessoa Divina? Por que não aproveitou para explicar onde ela se encontrava?) A palavra desses versículos mostra, ainda mais, que, como as demais criaturas de Deus, Jesus fizera também sua carreira espiritual, em razão da qual atingira categoria superior à dos anjos, e isso antes de haver o nosso planeta, cuja organização veio dirigir, como já vimos! Novamente verificamos a necessidade de aceitar a doutrina da pluralidade de mundos habitados. pois "há muitas moradas na casa do Pai", e a das reencarnações sucessivas para realização do progresso espiritual, pois "não poderá entrar no reino de Deus quem não nascer de novo"; só essa doutrina permitirá compreensão lógica desse trecho, assim como, atualmente, é só ela que permite compreendermos, de modo razoável, o "porquê da vida", o problema "do ser e do destino".

Por tudo isso, pois, é que os versículos 9 e 10 dão a entender, taxativamente, que Jesus, entre outros espíritos de alto progresso ("teus companheiros"), foi o escolhido por Deus para a importante obra de organização do planeta Terra ("no princípio fundaste a Terra") e da orientação e salvação de sua Humanidade. Devido a tal fato é que ele é referido com o título honroso de Filho, Filho de Deus, Filho Unigênito do Pai, isto é, em relação aos homens era o espírito enviado por Deus, de quem recebia a Vontade direta (pois estava "à sua direita") e, em relação a outros espíritos de grande progresso, era o escolhido, recebendo o Pensamento Divino e poderes especiais. Era, enfim, Filho Unigênito porque, em relação ao planeta que dirigia, era o único que recebia poder direto de Deus e não estava sujeito a novas encarnações, dada sua excepcional situação!

Os versículos 7 e 8 do cap. II vêm corroborar as conclusões que fizemos, afirmando que Jesus, por certo tempo, fora "menor do que os anjos", mas que, após, recebera poderes excepcionais, por mérito especial e escolha entre "os companheiros". Muitos outros trechos poderíamos citar, sempre com a mesma lógica e verdade; a concordância seria admirável; mas isso seria extenso e fastidioso (Ver, p. ex., os vers. 1 a 6 do Capítulo III; 14 a 16 do Cap. IV, 5 a 10 do Cap. V, 19 e 20 do Cap. VI, 22 a 28 do vers. 1 e 2 do VIII; fora outras epístolas desse e de outros apóstolos e os Atos dos Apóstolos!). Ficamos aqui, pois.

Temos mais uma vez confirmada a doutrina do progresso espiritual contínuo, a de identidade de natureza espiritual entre Jesus, os anjos, e os homens, como criaturas de um mesmo Deus, em diferentes estados de progresso espiritual; e temos, além de tudo, provada, mais uma vez, insofismavelmente, a falsidade absurda e estupefaciente do dogma católico da Trindade, que, há mais de 16 séculos, procura abroquelar consciências e deturpar os Evangelhos!



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