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sexta-feira, 6 de outubro de 2017

A sabedoria popular



A sabedoria popular
Eliseu Rigonatti
Reformador (FEB) Março 1943


Quando D. Quixote corria os campos da Espanha, não raro se entretinha a conversar com Sancho Pança, seu fiel escudeiro.

Sancho Pança personificava o bom-senso e, como falava sensatamente, causava admiração a seu amo pela justeza de suas observações.

Galopavam certa vez lado a lado, entretidos na conversa e D. Quixote notou a incrível soma de provérbios com os quais Sancho entremeava sua prosa. Perguntou-lhe onde aprendera tantos ditados e Sancho, embaraçado, não lhe soube responder. Limitou-se a dizer que todas as vezes que deles necessitava ocorriam-me à memória e os aplicava.

Cervantes, ao criar Sancho Pança, personificou nele o povo, esse povo bonachão e ignorante, sem estudos e sem malícia, que sempre existiu e existirá a acompanhar seus líderes, verdadeiros D. Quixotes, que ora destroem o mal, ora o bem.

Entretanto, se a esse povo falta a instrução livresca, sobram-lhe as lições da experiência. E essa experiência se acha consubstanciada nos ditos populares que enriquecem a literatura de todas as nações.

As classes letradas, reconhecendo as profundas verdades encerradas nessas máximas, dizem: A sabedoria popular não falha. E os latinos criaram também um rifão sancionando o que o povo afirmava: Vox populi vox Dei, que, trocado em miúdos, da em nossa língua: A voz do povo é a voz de Deus.

Há dias, em visita a uma família de nossa amizade, ouvimos amargas queixas de uma mãe contra seu filho, rapaz em cujo mento já desponta a barba.

- Ele não é mal, pelo contrário, tem até um bom coração, mas... E desandou a contar as proezas do rapazote, que provam não a sua maldade, mas a péssima educação moral que recebeu... de seus pais.

- É de pequenino que se torce o pepino, atalhou alguém; se a senhora o tivesse freado enquanto ele era criança, hoje não teria razões para se queixar.

Eis a sabedoria popular ditando uma de suas magníficas lições: É de pequenino que se torce o pepino... 

E o que acontece com o pepino, acontece com os filhos de todos os pais.

Felizes dos pais que sabem aproveitar o período da infância, em que o espírito de seus filhos é maleável, para dar lhes uma sólida educação moral!

Não terão que sangrar de desespero quando os filhos chegarem à idade adulta!

Onde encontrar essa educação moral que os pais devem dar aos filhos, quando, geralmente, aos próprios pais falecem os princípios morais?

Os espíritas já sabem onde encontrá-la. É nos salutares princípios da doutrina espírita. É nos preceitos imutáveis do Evangelho segundo o Espiritismo.

Sucede que a muitos pais não sobra tempo para ministrarem a seus filhos esses ensinamentos. É quando devem procurar o auxílio que os Catecismos Espíritas, mantidos pelos Centros Espiritas, lhes podem proporcionar na consecução da grandiosa tarefa que o Pai Supremo lhes confiou: a tarefa de concorrerem para o adiantamento dos Espíritos que estão sob sua guarda.

E os Centros Espiritas, mantendo bem orientados catecismos, aproveitam-se da divina oportunidade de influírem salutarmente nos destinos da nova humanidade que, pequenina ainda, já se educa para as grandes lutas redentoras.


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