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sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Reencarnação - Cap. VI-a - As causas dos nossos sofrimentos

  “Reencarnação

- estudo sobre as vidas sucessivas."

Capítulo VI a  ‘As Causas Dos Nossos Sofrimentos’  

 por Aurélio A. Valente 

Editora: Moderna - Ano: 1946

Biblioteca Espírita Brasileira

Nota do blog: Após a postagem, melhor identificaremos cada um dos citados ao longo deste capítulo.

 

            Em qualquer parte do mundo que paremos para observar a humanidade, ficamos impressionados com os contrastes. Ao lado dos palácios há sempre casos humildes; defronte de um prédio, onde, entre prazeres e risos, festeja-se o nascimento de uma criança, vemos pessoas circunspectas, com semblantes angustiados acompanhando um enterro; perto de um clube onde dança-se, canta-se e come-se regaladamente, há uma casa na qual pessoas tristes, com fisionomias sombrias permanecem em redor do leito de um doente em estado grave; perto de um edifício luxuoso onde se homenageia um homem de elevada posição social, presta-se socorro a um outro que foi esmagado por um carro, e assim, seria interminável a série de citações.

            Porque tudo isso, quando o objetivo de todos é ter uma vida ditosa: riquezas, bem estar, conforto, a felicidade, enfim, sob todos os seus aspectos?

            É que a Terra é um mundo de expiação, de sofrimentos sem conta, provações penosas, reparações cheias de embaraços. Aqui neste planeta está uma legião de espíritos desgraçados, falidos, para expurgarem-se de suas faltas, expiarem seus crimes, repararem todos os males causados, em busca da conquista de sua emancipação espiritual.

            O homem tem um objetivo sagrado, portanto; viver, mas viver bem, instruir-se para sair das trevas da ignorância, moralizar-se, espiritualizar-se, para alcançar uma situação mais favorável, em que a existência não lhe seja tão amarga e tão atribulada, e o pão de cada dia tão feio, duro, com sabor de suor e lágrimas.

            Todos nós temos o direito à vida, a usufruir aquilo que a natureza nos concede, porém, piores que animais, os homens, enchendo-se de egoísmo, vaidade e orgulho, querem suplantar os outros, de modo infame, sumamente abjeto, como não fizeram os nossos ancestrais, que não tinham as luzes da ciência e a revelação religiosa que hoje temos.

            Há momentos em que os homens apresentam-se com ambições de proporções assustadoras, parecendo que uns querem a desgraça dos outros para viverem livremente, embora tenham que pisar direitos alheios e saltar por cima dos cadáveres, e ainda se jactem de civilizados, instruídos e moralizados.

            Nas grandes calamidades, epidemias, enchentes, guerras, terremotos, há uma notícia que apavora mais que a encarcerados das penitenciárias. Semelhantes a hienas, eles se atiram sobre os cadáveres para despojá-los de todo que possa ser convertido em dinheiro; cortam os dedos para tirarem os anéis; arrebentam bocas retorcidas pelo terror, para arrancarem as dentaduras que tenham ouro, profanam os corpos mutilados; violam tudo, e fogem rapidamente a fim de gozarem longe, o produto de tão miserável e lúgubre rapina; mas... se esses entes nos causam horror e revolta pelo desrespeito aos mortos e pela desgraça alheia, piores ainda, mil vezes piores, são aqueles que espoliam os vivos.

            Na ocasião das crises econômicas e financeiras, aparecem abutres que esvoaçam sobre os homens, para alimentarem-se da sua carne, da sua miséria, das suas horas de fome, enfermidade e incertezas de conseguir uma casa para morar. Essas criaturas destituídas de todo sentimento nobre, querem enriquecer, querem ser felizes, gozar conforto, preparar o futuro para uma velhice descansada, querem divertir-se em casinos, cabarés, gastar prodigamente no jogo, satisfazer os seus caprichos sensuais com mulheres sem juízo.

               E esses fatos repetem-se em todos os tempos, em todos os países, sem que haja uma força humana capaz de refreá-los. Tudo isso é produto do materialismo. É essa ideologia desagregadora dos laços da fraternidade que leva os homens a agirem de modo pior, mil vezes pior que os animas. E ainda dizemos que o mundo está civilizado!!! Essa ideologia adulterou os princípios religiosos e cada um quer fazer sua própria religião, coadunando o seu caráter de moralidade precária com a religião de convenção social.

            O Espiritismo pretende acabar com esses desregramentos, com essas ambições sem termos, ensinando a Lei da Reencarnação, e procurando educar o povo para estabelecer no mundo uma “Nova Era de Fraternidade”, advertindo a todos que ninguém entrará no reino de Deus sem haver pago o último centil, segundo sentenciou Jesus.

            A nosso ver, é um grande erro que está arraigado na humanidade, atribuir-se à inflação monetária todos os males de uma situação de emergência, às crises econômicas as causas das revoluções. Todos os males que afligem a humanidade terrena têm um só nome - a crise espiritual.

            Queres uma prova, leitor? Ei-la:

            “Um homem talentoso, artista, dotado de sentimentos morais, finos e elevados, achava-se desde a mocidade afetado de um desejo que tinha por objeto exclusivo as meninas de cinco anos. Os vestidinhos curtos, as pernas â mostra excitavam-no loucamente. Desde que as crianças cresciam, e mesmo antes de se tornarem púberes, pediam para ele todo atrativo. Os adultos, homens e mulheres foram-lhe toda a vida indiferentes. Sua paixão intensa eram as meninas. Reconhecendo cedo essa anomalia do seu desejo, conseguiu dominá-lo toda a vida. Contentava-se em acaricia-las sem lhes fazer mal e sem que percebessem os seus secretos sentimentos. Seus sentimentos morais e seus princípios foram sempre bastante fortes para impedirem-no a ir mais longe. (“A Questão Sexual”, de Augusto Forel, páginas 252-253).

            Os grifos são nossos.

            É um caso isolado, pode-se objetar, todavia, u fato só tem impedido de uma proposição firmar-se em teoria. É um exemplo e basta, porém, afirmarmos, não é um caso isolado.

            Esse homem julgou-se realmente doente e recorreu ao médico, porém, quantos estão nessas condições e consideram-se bons? E quantos compreendendo que estão efetivamente enfermos não ousam confessar a ninguém a sua penosa situação, dominam-se e nada confessam?

            Desse modo, não se deduz logicamente que um homem espiritualmente elevado é capaz de resistir a todas as tentações do mal? Acaso o homem probo não prefere passar fome e miséria a conspurcar o seu nome? Quantas mulheres preferem morrer a manchar seu corpo com o contato impuro de um atrevido sensual? Quantas mulheres sacrificam-se pelos seus filhos e maridos que as martirizam contribuindo para a sua beleza estiola-se pouco a pouco, como uma delicada flor a fanar-se sob os raios ardentes de um sol de estio.

            É preciso educar o povo para acabar com essas desgraças. Agora que o mundo prepara-se para o porvir de após guerra, sistemas sobre sistemas inventam-se; todavia, nenhum resultado satisfatório será obtido, se não houver a espiritualização do mundo. E para isso, é preciso instruir e educar o povo nos elevados ensinamentos da Doutrina Espírita, que é a própria Doutrina de Jesus – em Espírito e Verdade...

            Educar é ensinar, mas ensinar com a Verdade, e não sob convenções puramente sociais de castas e privilégios.

            Educar é ensinar a alguém que não devemos fazer o mal, não por medo da polícia ou do cárcere, mas pelo horror ao crime e ao erro. O homem de bem não teme a polícia, nem se apercebe das leis repressivas, entretanto tem medo de manchar a sua consciência, a sujar suas mãos com qualquer ato vergonhoso. A sua confiança no seu valor pessoal é tanta que nunca se arma para defender-se mesmo quando ameaçado.

            E essa educação que preconizamos, dentro dos sãos princípios do Espiritismo deve ser ministrada sem tirarmos a liberdade do nosso semelhante, pois esse bem do Céu vem diretamente de Deus e deste modo é necessário respeitarmos. Aquele que não a devem ter, ficam paralíticos, mas conservam a sua faculdade de raciocínio, logo, ainda lhe fica a liberdade de consciência. Meditando sobre esta verdade foi que o grande pensador Victor Hugo disse: “é permitido, mesmo ao mais fraco, ter uma boa ideia e expô-la.” 

            Dos Estados Unidos da América do Norte, essa grande e gloriosa nação, veio-nos a afirmativa do que acabamos de dizer.

            A Lei Seca, que por meio da força tirou o copo das mãos dos viciados e até dos que não o eram e nem se excedam gerou a mais terrível categoria de bandidos que já assolou aquele País e quiçá o mundo: os gangsters, os bandos de salteadores e contrabandistas que usavam de todos os recursos da ciência moderna para o crime. Somente quando essa lei foi revogada é que eles extinguiram-se, assim mesmo com grande dificuldade.

            A humanidade terrena é uma aglomeração de seres de diversas idades espirituais, que trabalham sem cessar pelo seu próprio progresso. Por esta razão há os revoltados e os conformados, os broncos e os inteligentes, os maus e os bons, os fracassados e os vencedores, os apáticos e os idealistas.

            Para compreender essas aparentes desigualdades da sorte, é preciso recorrer ao Espiritismo, como já temos dito, estudando a lei dos renascimentos sucessivos.

            De modo geral, essa legião que povoa a Terra está vivendo em expiação - reparação – provação, e raramente em missão gloriosa e abençoada, pois assim o é sempre.


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