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quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Porque sou cristão

 Antonio Wantuil de Freitas

Porque sou cristão

por Wantuil de Freitas

Reformador (FEB) Junho 1942

              Cremos que 95% dos que formam nas hostes espiritistas do Brasil foram trazidos pela dor.

Católicos, protestantes e materialistas que militam hoje na propaganda evangélica, segundo o Espiritismo, ou, seja, em espírito e verdade, sofreram primeiramente o efeito salutar do buril divino, para que então se voltassem para o Cristo de Deus.

Os fatos comigo se passaram de maneira diferente. Conhecendo o Antigo e o Novo Testamentos, interpretados por católicos e protestantes, por ter eu estudado em colégios dessas duas religiões, quando recebi o convite para assistir a uma reunião espírita, lembrei-me das palavras de Paulo – Examinai tudo e escolhei o que for bom – e me dirigi para a sessão, aliás, convencido de que conseguiria desmascarar, ou, pelo menos, explicar os fenômenos que me haviam relatado.

Inútil dizer aos que me leem que não consegui o que a minha vaidade humana aspirava e, assim, ao voltar da reunião, trazia no bolso a lista das obras de Kardec, que me foram aconselhadas pelo presidente da sessão.

De posse dos livros básicos, passei a estudar o Espiritismo e, durante meses, nada mais fiz que ler toda a literatura existente em português e francês e em traduções de outras línguas para estas duas. Li para mais de duzentas obras e já acreditava na veracidade dos fenômenos. Admitia-os como produzidos pelos desencarnados, mas, ainda havia um vácuo no meu espírito – não compreendia a razão por que misturavam o Cristianismo com o Espiritismo.

Habituado às ciências positivas e experimentais, eu não admitia que Jesus Cristo houvesse podido realizar os fenômenos relatados no Novo Testamento. Todas as obras que me haviam tornado crente não conseguiram que eu acreditasse na ressurreição e nos demais fenômenos, de sorte que, admiti-los sem que a minha razão os aceitasse, seria enganar a mim mesmo e estar, ainda, de encontro à própria Doutrina que me aconselhava o cultivo da fé raciocinada e baseada nos fatos experimentais.

Alguns meses levei nesta luta íntima e nela continuaria até hoje, se não encontrasse a explicação dos pontos que me afastavam do Cristianismo, explicação que só encontrei na obra – Os Quatro Evangelhos, de Roustaing.  Foi aí, nessa obra monumental, que aprendi a estudar o Evangelho, conseguindo, finalmente, solidificar a minha fé religiosa e compreender que o Espiritismo não é um ramo do Cristianismo, mas o próprio Cristianismo redivivo.

Como veem, foi Roustaing quem me fez assimilar o Evangelho e compreender as obras básicas que os Espíritos transmitiram a Kardec, autor este que vem sendo disseminado no Brasil, graças a um punhado de espíritas que, há sessenta anos, fundaram a Federação Espírita Brasileira, onde, durante todo esse tempo, vem sendo estudadas bissemanalmente as obras desses dois grandes missionários do século XIX.

Se a Kardec devo o conhecimento da Doutrina que me forneceu os princípios filosóficos e científicos, a Roustaing devo a felicidade de crer em Jesus Cristo. Roustaing não só me deu a certeza de haver existido o Divino Mestre, como me fez crer na sua qualidade de Ser Superior e, por isso mesmo, conhecedor dos fluidos, fluidos que, aos poucos, mui lentamente, se tornam conhecidos dos homens.

Como, entretanto, a luz em demasia pode ocasionar cegueiras e incompreensões, tal como aconteceu ao aparecer o Cristo na Terra, e mesmo por sabermos que a evolução religiosa do Planeta sempre se processou por etapas, supomos que a obra de Roustaing só poderá ser compreendida e assimilada por todas as camadas sociais, quando a evolução chegar à sua época.

O Cristo só começou a ser compreendido centenas de anos depois de haver pregado a sua Doutrina e, ainda assim, deturpada ou combatida muitas vezes.

Que Ele, o Cordeiro de Deus, se apiede de seus governados da Terra e nos dê a luz de que necessitamos para levar ao nosso próximo a certeza absoluta da bondade, da justiça, da misericórdia e do amor paternal de Deus.


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