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sábado, 31 de outubro de 2020

Correspondência Póstuma de Allan Kardec - 2

                    

Correspondência Póstuma de Allan Kardec -2

Reformador (FEB) 1º Setembro 1917

 Bruxelas, 15 de Junho de 1858

 Caro Sr. Kardec,

             Recebo e leio com avidez a Revue Spirite e recomendo aos meus amigos, não a simples leitura mas o estudo aprofundado do vosso ‘Livro das Espíritos’. Muito sinto que minhas preocupações físicas não me deixem tempo para os estudos metafísicos; mas já os levei bem longe para sentir quanto estais perto da verdade absoluta, sobretudo vendo a coincidência perfeita que existe entre as respostas que me foram dadas, e as vossas. Aqueles mesmos que vos atribuem pessoalmente a redação de vossos escritos, estão estupefatos da profundeza e da lógica que neles encontram. Ter-vos-íeis elevado, de um só golpe, ao nível de Sócrates e de Platão, no que concerne à moral e à filosofia estética; quanto a mim, que conheço tanto o fenômeno quanto a vossa lealdade, não duvido da exatidão das explicações que vos são dadas e abjuro todas as ideias que publiquei a esse respeito durante o tempo em que creditei, com o Sr. Babinet, não passar tudo de fenômenos físicos ou de forças indignas de atenção dos sábios.

            Conto brevemente ir a Paris, onde tenho tantos amigos e tantas coisas a fazer, mas tudo farei para ir apertar a vossa mão.

                                               Jobard  Diretor do Museu Real de Indústria  

 

                                          Allan Kardec à Eugène Nus

             Venho agradecer o mimo que tivestes a bondade de me fazer, enviando-me a bela e sábia obra: ‘Les Grands Mystères,’ e muito penhorado me sinto pelo testemunho de simpatia que nele se acha expresso.

            Não pude ler ainda senão uma parte, mas isso me basta para apreciar-lhe o alcance e não duvido nela encontrar preciosos documentos.

            Permiti-me que vos ofereça, por minha vez, a última obra que acabo de publicar: “O Céu e o Inferno” ou a justiça de Deus segundo o Espiritismo.

            Muito senti não estar em casa quando vos deste ao trabalho de me procurar: teria tido o prazer de vos conhecer; mas espero que isso não tenha sido senão um adiamento. Quando puderdes dispor de vosso tempo, às sextas-feiras, de três às cinco horas, podeis estar certo de me encontrar e se desejardes assistir a uma das sessões da Sociedade Espírita, terei muito prazer em vos dar uma carta de apresentação.

            Nossa sessão de amanhã é uma das em que admitimos algumas pessoas estranhas. Rogo que vos digneis receber a expressão de meus mais distintos sentimentos.

  Allan Kardec

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                                        Eugène Nus à Allan Kardec

 Paris, 10 de Dezembro de 1865

             Acabei a leitura de vosso livro. Tenho curiosidade de saber o que os doutores católicos poderiam responder aos vossos raciocínios tão claros e tão lógicos, tão sensatos: mas creio que não responderão.

            Desde muito tempo acompanho a sua obra cujo valor moral aprecio e verifico neste momento, como previra, que, mal ou bem, a despeito talvez de vossas intenções primitivas, e, pela força das coisas, cada vez mais vos separais das igrejas cristãs existentes e que o Espiritismo tende a tornar-se uma igreja cristã nova, à qual não falta senão a liberdade dos cultos para se manifestar plenamente.

            O culto do dever deve consistir em grandes comunhões, reunindo em um mesmo ato de adoração e de amor todas as almas de um mundo, encarnadas ou desencarnadas. Entrevejo festas grandiosas e tocantes, de que vossas reuniões atuais não são senão os germens preparatórios e onde se entremearão, em um surto comum, as manifestações das duas vidas.  

            Entretanto, coisa estranha, não me sinto atraído por esses fenômenos da realidade, dos quais estou convencido.

            Será porque me pareça humilhante para a minha espécie que grande número de nós tenha ainda necessidade de ver uma mesa levantar-se ou um lápis ser levado por mão inconsciente, para crer na perpetuidade do seu ser?

            Será por causa desta séria objeção que faço às minúcias de vossa doutrina: que senão a liberdade, ao menos a espontaneidade humana desaparece quase completamente, só, como ensinais, os espíritos nos dirigem, nos suscitam, nos escolhem para tal ou qual obra terrestre a executar?

            Creio muito na comunicação dos Dois Mundos, mas não posso admiti-la subordinando assim um ao outro.

            O ser tem, segundo penso, funções de ordem diferente em cada modo de vida: esses dois gêneros de atividade devem ser distintos, e, me parece, ou compreendi mal, que vós fazeis reger, quase inteiramente a atividade das almas encarnadas pelos espíritos livres da matéria.  

            Sinto nisso uma espécie de fatalismo que me atemoriza e repele.

            Mas conversaremos a respeito de tudo isso, porque tenciono ir ver-vos. Com mais ou menos divergências prosseguimos a mesma senda e servimos a mesma causa.

            Creio, quanto a mim, que minha obra está quase acabada. Dei-lhe tudo quanto tenho, erro ou verdade; e as necessidades de vida material me forçam, em todo caso, a mudar a direção de meu trabalho e de meus pensamentos.

            Quanto a vós, Senhor, estais a tratar de um movimente útil e fecundo.

            Vi, por mim mesmo, o bem que fazem em certos espíritos as doutrinas que propagais com tanta coragem e zelo a, se bem que não aceitando todas as tonalidades de vosso credo, aperto-vos a mão com fraternal simpatia.

             Vosso etc,

                                                   Eugène Nus  

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             Eugène Nus (1816-1896) poeta e literato, escritor muito distinto, foi um dos primeiros propagandistas do Espiritismo.  

            Escreveu um livro muito notável: “Coisas do outro mundo”, no qual dá curiosos pormenores de experiências de tiptologia que fez com alguns amigos.

            Obtiveram comunicações muito curiosas.  

            Eis uma delas: é uma definição de Mestre:

            “A morte não é o túmulo humano.

            Ela limita a forma do ser material: fim do indivíduo, liberta o elemento imaterial. A morte inicia a alma em uma nova existência. Confiai em um destino que será vossa obra !”  

            Uma série de comunicações análogas, encontradas nessa mesma obra, oferece a curiosidade de apresentar definições redigidas em doze palavras. Essas doze palavras caíam rápidas como flechas a pedido das pessoas presentes e acreditamos firmemente em E. Nus, quando ele nota que é impossível a um mortal ordinário chegar ao mesmo resultado no mesmo tempo.

            Eis algumas dessas definições em doze palavras:

          AMOR     Peão das paixões mortais, força atrativa dos sexos, elemento ainda da continuação.  

            BEM        Harmonia do ser; associação das forças passionais de acordo com os destinos.

            MAL        Perturbações em os fenômenos. discórdia entre os efeitos e a causa divina.

      RELIGIÃO FUTURA     O ideal progressivo por dogma, as artes por culto, a natureza por igreja.

           Da Revue Spirite 

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