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domingo, 8 de julho de 2018

O Momento das Contradições



O Momento das Contradições
por Solimar de Oliveira
Reformador (FEB) Novembro 1942

"Amai-vos uns aos outros", disse o Cristo quando de sua luminosa passagem cheia dos mais dolorosos padecimentos sobre o mundo das provações. "Amai-vos uns aos outros", segundou lhe a primitiva Igreja Cristã; "Amai-vos uns aos outros" confirmou o Protestantismo; "Amai-vos uns aos outros", prosseguiu o Espiritismo hasteando uma nova bandeira de paz e bem-aventurança: "Amai-vos uns aos outros", dizem incessantemente as vozes dos Espíritos verdadeiramente bons, em todos os lugares onde existam agremiações bem intencionadas, e mesmo às consciências e aos corações de todas as criaturas, principalmente daquelas que se interessam pela felicidade, "Amai-vos uns aos outros", repetem os homens de boa vontade.

"Amai-vos uns aos outros", ensinou o Cristo Jesus; repetiram-lhe os ensinamentos e os puseram em prática os seus primeiros discípulos iluminados pela Fé com que foi instituída a primitiva Igreja Cristã; pregaram os sacerdotes nos púlpitos e nos altares dos templos de todos os recantos do mundo; cheios de entusiasmo aceso nas suas almas rebeladas contra alguns ritos tradicionais da Religião de Roma, os corifeus da reforma religiosa do mundo, ao entrarem na fase de equilíbrio de suas atividades, recomendaram o mesmo mandamento cristão; veio o Espiritismo, e, como um dos princípios de doutrina; adotou o sagrado ensinamento: "Amai-vos uns aos outros". E os pregadores de moral social se multiplicaram em toda parte inspirados mesmo em agremiações onde não predomina a rígida disciplina religiosa, no Espírito Divino do mandamento que sacode todos os sentimentos de egoísmo e que desperta nos corações ainda não envenenados nem enfraquecidos pela perfídia, pela maldade e pelos combates contra as trevas, contra as paixões Inferiores, contra os inimigos do Bem, os mais nobres sentimentos de piedade, de devotamento de renúncia, de caridade, que conduzem os homens à verdadeira paz, à verdadeira felicidade terrestre. "Amai-vos uns aos outros" é o grandioso mandamento cristão ainda hoje ensinado por todas as religiões, por todas as criaturas civilizadas que um dia tiveram os corações abertos aos conselhos do Amor puríssimo, enternecidos pelas vibrações da Fé, iluminados pelas sementes miraculosas, de luz e de bondade, dos Evangelhos do Céu.

O Verbo Poderoso do Cristo até os dias de hoje remove, expulsa, todos os pecados, todos os vícios, todas as chagas dos corações e das consciências!

Mas os homens quase sempre rebeldes, as criaturas humanas, sujeitas aos poderosos da Terra, e as almas servas de almas que tomaram como fundamento de sua vida o duelo e a vingança, entregando-se aos fazedores de guerras, pelo livre arbítrio que lhes foi concedido por Deus, aceitaram as pequeninas convenções, ou a elas se viram forçadas a curvar, caindo com isto na negação ou na indiferença das mesmas verdades, dos mesmos princípios que formam a base de nossa civilização chamada cristã: os Evangelhos de Jesus.

Alguns por fraqueza, outros por covardia, outros ainda por comodidade ou por conveniência servindo portanto a interesses inconfessáveis, (o que lhes agrava o mal), pois, com prejuízo de seus subalternos, permitem que o Evangelho da Paz, do Amor e do Perdão, seja praticamente banido das sociedades e que a bandeira amarela do Egoísmo e a bandeira cinzenta da Hipocrisia sejam erigidas no frontispício de outro evangelho que se vem escrevendo com "sangue, suor e lágrimas", - o sangue da orfandade atingida pela carnificina, o suor dos combatentes no fragor da luta, as lágrimas das viúvas, das irmãs, das noivas, das mães em desespero, um novo evangelho vêm escrevendo: o Evangelho do ódio, o Evangelho da Guerra!

Substitui-se assim o mandamento: "Amai-vos uns aos outros" pela fórmula: "matai-vos uns aos outros"!

Com vistas ao Catolicismo, ao Protestantismo, ao Espiritismo, as três grandes instituições brasileiras que tomaram a si a tarefa de evangelização, para que a pureza dos ensinamentos evangélicos, para que a bandeira da Paz, do Cristianismo, não seja substituída, não seja manchada pelo fermento dos fariseus nem pelas trevas das discórdias e das competições estéreis. Que o momento das grandes contradições não atinja as instituições cristãs.

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