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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Doutrina Espírita


Doutrina Espírita

por Indalício Mendes
Reformador (FEB) Agosto 1955



            É de vital importância para o espírita o conhecimento real da Doutrina, base e fundamento da nossa crença. Ela possui todos os elementos necessários à orientação correta e segura dos profitentes do Espiritismo. Quanto mais se puder evitar as deturpações oriundas do insuficiente conhecimento ou da assimilação dos princípios doutrinários, tanto melhor para os espíritas e para o Espiritismo. Precisamos compreender que a nossa crença não se destina ao cultivo de superstições e preconceitos, mas justamente ao esclarecimento da verdade, a fim de que todos possamos realizar uma vida simples e objetiva, que nos leve à exemplificação dos preceitos contidos no Evangelho segundo o Espiritismo. Devemos, pois, permanecer fiéis ao espírito de nossa Doutrina e prestigiá-la pelo estudo e pelo exemplo. Isto é bem mais importante do que se possa admitir à primeira vista. O espírita esclarecido não pode deixar de guiar-se pelo Evangelho e pela Doutrina, porque com ambos alcançará o verdadeiro rumo para a felicidade
espiritual e a compreensão legítima dos deveres compatíveis com a vida terrena. É na Doutrina que os espíritas encontrarão os melhores argumentos para o próprio esclarecimento e a iluminação daqueles que buscam a paz e a compreensão que o Espiritismo pode dar. Ela é um poderoso elemento disciplinador e possui grande poder para unificar, dando aos espíritas a indispensável solidez de opinião acerca dos problemas fundamentais da vida e dos objetivos primaciais do Espiritismo. Aqueles que se uniram à Federação Espírita Brasileira, aceitando, consequentemente, a Doutrina codificada por Allan Kardec, formam elos de uma grande e forte corrente cristã, destinada à consumação dos propósitos contidos no Evangelho segundo o Espiritismo, obra santificada pelos princípios de Jesus, interpretados em espírito e verdade. Tão grande e benemérita é a finalidade do Espiritismo, que dele se pode dizer que é a luz que veio dar à Humanidade o verdadeiro sentido das palavras cristãs, porquanto é o Paracleto prometido pelo Suave Nazareno. O Espiritismo não pertence a ninguém, não é de grupos humanos, pois provém do Alto, é obra dos Espíritos, mensageiros do Cristo, que realizam, entre todas as dificuldades imagináveis, engendradas pela ignorância do homem, o trabalho cristão que há de redimir as criaturas pela elucidação, pelo ensino, pelo exemplo. Recordemos estas palavras de André Luiz: "O Espiritismo com Jesus é o edifício do aperfeiçoamento moral que os corações de boa vontade estão erigindo para o mundo."

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            Pela Doutrina espírita, o homem aprende a compreender a vida e se exercita na tolerância esclarecida. Sabe que o aperfeiçoamento progressivo do espírito tem de ser fruto da auto educação. Conhecendo o rumo traçado pela Doutrina, pode seguir nesse caminho a passos firmes, porque sabe para onde se dirige e o que o aguarda no fim da jornada. Todavia, é mister conhecer e principalmente estudar a Doutrina. Ela tem de ser nossa preocupação constante, porque, tal como a bússola, precisa de ser consultada a todos os momentos para que possamos retificar nossa rota, muitas vezes desviada sem que o percebamos. Uma vez assentada nossa diretriz, sob a luz do Evangelho segundo o Espiritismo, podemos estar certos de que, desde que não nos falte o testemunho indispensável da exemplificação cotidiana, nos inclinaremos para Jesus, fiéis às diretrizes por ele traçados para a Humanidade.

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            Podemos saber tudo concernente ao Espiritismo. Desde que desconheçamos o Evangelho e a Doutrina Espírita, nada sabemos. O primordial, e essencial, é o estudo diário, a meditação frequente, a exemplificação permanente, para que possamos ter a consciência absolutamente tranquila quanto aos nossos deveres para com o Pai e o Cristo. Muitas obscuridades poderão desaparecer mediante a compreensão da Doutrina na Espírita, que está iluminada pelo Evangelho segundo o Espiritismo. Conheçamos as leis reguladoras da vida do espírito sob o fardo da matéria. Interpretemos devidamente a correlação da vida presente, terrena, com a vida futura, espiritual. Saibamos discernir com serenidade o papel que representamos na vida, perante os nossos semelhantes e, sobretudo, perante Deus e Jesus. Ser espírita apenas porque se aceita o fenomenismo psíquico, sem haver enriquecido o coração com as luzes do Evangelho e da Doutrina codificada pelo mestre Allan Kardec, é mera fantasia. Não é espírita quem não realiza a exemplificação do Evangelho e da Doutrina. Essa exemplificação é que define se somos realmente espíritas ou se apenas somos uns teóricos, de pena fácil e palavra solta, que arrancamos elogios dos que nos leem ou nos ouvem; mas não conseguiremos fazer colheita satisfatória, porque a semeadura, em tais condições, é ilusória.

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            Estudar a Doutrina, explicá-la com simplicidade e clareza, disseminá-la entre aqueles que dela necessitam e não sabem buscá-la por si mesmos, é realizar plantio abençoado. Quem assim procede, pode aguardar serenamente a colheita, porque terá dado ao Espiritismo a garantia de uma boa safra. Quanto mais for a Doutrina Espírita estudada e compreendida, espalhada e assimilada, mais forte estará o Espiritismo. E é preciso que assim seja porque não sabemos o dia de amanhã. Precisamos ser previdentes e efetuar o plantio com escrupulosa atenção, para que o futuro não nos surpreenda desprevenidos.

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