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sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Religião, sim!

 Guillon Ribeiro

Religião, sim!

Guillon Ribeiro por Júlio Cezar Grandi Ribeiro

Reformador (FEB) Fevereiro 1977

                 Impossível desatrelar-se do comboio doutrinário do Espiritismo o vagão das instruções religiosas, na pretensa afirmativa de que a Terceira Revelação se caracteriza, essencialmente, por seu conteúdo filosófico-doutrinário.

            Em nosso século, de acurado cientificismo, os raciocínios intoxicados de excentricidades deixam-se enovelar no fio das conquistas tecnológicas, quase sempre em êxtase diante da cultura que avança, segregando o coração, sequioso de nivelar-se com a razão, no exílio doentio de dogmas e fanatismos que mais o distanciam da verdadeira ideia de Deus.

            Observamos, não se certa estranheza e apreensão, que a onda avassaladora do tecnicismo vem-se derramando sobre muitos adeptos do Espiritismo, reprimindo-os, em suas investidas pertinazes, espicaçando-lhes o orgulho e a vaidade latentes no mundo interior das opiniões pessoais em rebelde cidadela contra os princípios basilares da Codificação Kardequiana.

            O aprumo dos argumentos cientificistas esbate-se contra os rochedos da razão no inaudito esforço de lhes solapar os alicerces indispensáveis da fé, que somente a religião será capaz de proporcionar ao homem.

            Há uma intenção, com sintomatologia claramente obsessiva, de se ridicularizar o aspecto religioso da Doutrina dos Espíritos, categorizando-o de ilusório e passageiro, tão ilusório e tão passageiro como as seitas e castas religiosas que enxameiam os séculos de nossa civilização.

            Temível engano, este, e de graves consequências para os seus defensores.

            O Espiritismo há de apoiar-se num tripé de sólida contextura, onde a Ciência,

amparada pela Filosofia, encontrará os arraiais da Religião – esse sentimento divino que estabelece indestrutíveis liames entre a criatura e o Criador.

            Jamais haverá no mundo qualquer corrente científica ou escola filosófica capaz de neutralizar, no homem, as ideias inatas em torno de Deus e da criação.

            Não podemos olvidar que as primeiras expressões de racionalidade dos humanos foi a de voltar-se para as forças superiores da vida, organizando lhes cultos sinceros entre o temor e o respeito.

            Bendigamos o progresso da ciência e os avanços filosóficos demarcados em cada século da experiência terrestre, reconhecendo lhes cultos sinceros entre o temor e o respeito.

            Bendigamos o progresso da ciência e os avanços filosóficos demarcados em cada século da experiência terrestre, reconhecendo-lhes, entretanto, as raias de adversidades e entrechoques estabelecidos em seus arsenais de conhecimento e cultura, ao ponto de fomentarem ondas de descrédito e contradição aos seus mais lídimos estudiosos representantes. Aí, residem a fraqueza e a falibilidade, a insatisfação e a inconsistência dos nossos conhecimentos.

Exaltemos, contudo, a Religião como sustentáculo portentoso de seu concurso na salvaguarda de nossos destinos, na solução da intrincada problemática da educação do “homo sapiens”, conduzindo o Espírito, em aprendizado, às excelências da virtude.

            A Religião, entre os homens, instrui e consola, esclarece e sustenta como legítima centelha do amor divino.

            Indiscutivelmente, temos permanecido no mundo aspirando a poeira dos séculos, sem a justa valorização dos ideais da fé, escravizando a ideia religiosa, ao bel-prazer de nossas inconstâncias, nos inconfessáveis domínios do egoísmo e da vaidade.

            Hoje, somos cultivadores da Verdade à luz da Terceira Revelação. Assim, unidos a Deus pela fé e pelo raciocínio, não podemos quebrar em nós os elos da Ciência e da Religião, sem gravíssimas consequências para o equilíbrio de nosso raciocínio lógico.

            O Espiritismo é Religião, sim! E, como tal, descerra-nos as luzes da compreensão e da sabedoria para alcançarmos a verdadeira Ciência que emana do Criador. A pretexto de avançar, segundo recomenda Kardec, acompanhando o progresso da Ciência que venha enriquecer seu acervo de afirmação e pesquisa, não lhe vibremos o látego da inconsistência, soterrando lhe os expressivos apelos à nossa transformação moral, nos meandros dos modismos científicos.

            Crescer no conhecimento superior será adestrar o coração nas leis de Deus.

            Os verdadeiros sábios refertam destas demonstrações os cenários da Terra.

            E, se o Espiritismo veio até nós como o Cristianismo Redivivo para relembrar Jesus aos homens, no momento decisivo, quando o coração pleno de virtudes há de nivelar-se à mente aureolada de sabedoria, por que lhe esquecer, em meio às euforias da Ciência e às conclusões da Filosofia, as sublimadas luzes da Religião?

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Luiz Olímpio Guillon Ribeiro

Nascimento: S. L. do Maranhão, 17 de janeiro de 1875

Desencarne: Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1943

Exerceu o cargo de Presidente da FEB de 1920 a 1921

e novamente a partir de 1930 até falecer, em 0utubro de 1943.

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