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sexta-feira, 29 de maio de 2020

A ciência mundana

                                                                                                                                                     Bezerra de Menezes

A ciência mundana
Bezerra de Menezes
Reformador (FEB) 1º de Julho de 1918

            Em um agrupamento espírita que funciona em casa de distinta família, em Botafogo, frequentada por um lente da Faculdade de Medicina, antes de uma das últimas sessões conservava-se sobre a lei das vidas sucessivas, assegurando o médico e professor poder provar a reencarnação cientificamente positivada em livros que possuía.

            Aberta a sessão, o médium A. L. recebeu a seguinte comunicação escrita:  

            “Paz e humildade”.

            Como é difícil reunir na Terra essa condição da alma e essa virtude que lhe é  inerente! Na Terra o homem vive continuamente em luta com os preconceitos do meio social e não quer submeter-se ao cadinho do estudo em que ele precisa curvar a cerviz à verdade, quando ela lhe vem tolher as suas aparições à superioridade.
            Todos querem ensinar, poucos se submetem à aprendizagem. Os mais ousados são os que melhor querem dominar as consciências e os outros, os que ainda procuram algo para satisfazer as aspirações da inteligência, veem descontentes com o que lhes surge de novo no campo das especulações científicas, porque essas novas teorias vem controverter aquilo que eles aprenderam nos livros legados por outros pseudo mestres.
            Entretanto, o livro da eterna Verdade – o Evangelho cristão – repositório infinito da ciência e da moral, de filosofia e de amor, de virtude e de luz – esse é posto para o segundo plano nas livrarias dos institutos acadêmicos, para deixar que sejam só abertas as páginas dos compêndios da ciência mundana.
            Ciência mundana, sim, que é como se se dissesse inconsciência mundana porque todos os tratados e compêndios, todos os infolios (Folhas dobradas em uma encadernação) onde os míseros sábios da Terra pretenderam encerrar teorias contraditórias ao pensamento do Mestre dos mestres, não pode edificar o homem moderno, torna-lo feliz, libertá-lo dessas terríveis amarguras e pesadelos em que ele se debate no doloroso instante porque a Terra passa. Esses mesmos, que não quiseram capitular para virem humilde e passivelmente buscar, sem ânimo preconcebido, a verdade espiritual, não se amoldaram ao feitio de que se deve revestir o verdadeiro apóstolo em busca de melhor orientação para a sua vida futura.
            Negar a alma, a sua sobrevivência, a sua nova volta ao mundo através da carcaça da carne, e destruir o único elemento de convicção sobre a justiça e a bondade de Deus, pois que só um novo estado, numa nova posição, num novo meio, numa nova forma de trabalho, de desenvolvimento, de atividade, de conquistas pela fortuna ou de lágrimas pela miséria pode o homem, atualmente indeciso, desejoso de algo melhor e mais confortador - pode o homem ter a explicação incontestável, perfeita, absoluta, racional, mesmo da razão da sua própria existência.
            Oh, meus irmãos e amigos! Crede em Deus, mas crede-o assim perfeito na sua sabedoria, como perfeitas são as suas leis admiráveis, sublimes, magistralmente concebidas!
            De mais, se tivésseis de negar uma só de suas leis, admiravelmente reveladas pelos seus magníficos emissários, teríeis de negar todas. Da harmonia do conjunto dessas leis solidárias e perfeitas, depende a harmonia dos seres e dos mundos, e nenhuma lei é mais de molde a impressionar a retina espiritual do que a da reencarnação – perfeito símile da grandeza, da bondade e da justiça do Criador, Sim, de nenhuma outra forma de argumentação pode, nem esclarecer, nem adoçar a alma, do que essa que o próprio Jesus deixou vagamente entendida no ensino sobre Elias vindo na forma de João Batista.
            Que mais quereis, estudantes do Evangelho, de claro e perfeitamente e legitimamente demonstrado? Acreditais no Evangelho? Então crede no ensino ali consagrado. Não credes em Jesus? No Grande sábio, no único sábio? Então crede no ensino lamentai-vos, mas não o negueis nem às leis que Ele nos trouxe, para não aumentardes a vossa amargura, o vosso desânimo, direi mesmo a vossa amargura, o vosso desânimo, direi mesmo a vossa infelicidade, pois bem infeliz é aquele que duvida de Jesus!

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