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terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Oração da Paixão



Oração da Paixão
Philemon
Reformador (FEB) Abril 1940

            Jesus, manso cordeiro de Deus, perdoa-nos se ainda não te podemos ver na plenitude da tua glória excelsa e necessitamos encontrar-te, exangue e angustiado, sobre o madeiro infamante, para poder compreender-te na grandeza do teu sacrifício, a fim de nos apercebermos, dessa forma, da grandeza dos teus exemplos e dos teus ensinamentos.

            Somos réus confessos de faltas e de fraquezas que a tua divina pureza reprova - e não podemos, por isso, fazer jus ao título de discípulos teus. Mas, somos ovelhinhas frágeis que buscam o teu divino aprisco. Andamos perdidos pelos caminhos da terra e chegamos muitas vezes exaustos e desfalecidos à porta do redil e confrange-nos contemplar o divino semblante do bom pastor toldado pela tristeza, ao ver-nos chegar tão tardiamente, quando poderíamos ter abreviado o caminho, seguindo rotas mais certas e determinadas, que a luz do Evangelho ilumina a todo instante.

            Mártir do Gólgota! A essência divina dos teus ensinamentos é a caridade, em toda a sua amplitude - e nós apenas entendemos da caridade material; a pedra angular da tua igreja é a humildade - e para nós a humildade se confunde ainda com uma série imensa de imperfeições que nos obscurecem o entendimento das coisas divinas.

            Mas, perdoa-nos, Jesus. Mesmo assim, ovelhinhas pouco atentas ao teu chamamento, queremos-te muito, Jesus, e os nossos olhos se nublam de lágrimas toda vez que contemplamos o teu divino semblante através das névoas da dor infinda que trespassou a tua alma divina, naquela hora angustiada, em que foste alçado sobre a cruz dos nossos pecados.

            Não mais queremos magoar-te com a dissimulação das nossas imperfeições; corrige-nos, Mestre, dando-nos forças para usar sempre de sinceridade, mesmo quando estejamos tratando com endurecidos corações capazes de enganar-nos.

            Tens complacência para com todas as fraquezas e esperas pacientemente a regeneração do culpado, para recebe-lo nos tabernáculos eternos; mas, o que nunca toleraste, Jesus, foi a desfaçatez dos que, faltosos e ímpios, assoalham virtudes que não possuem. Por isso, confessamos-te as nossas imperfeições e esperamos do teu amor e da tua divina caridade o fortalecimento de ânimo em que nos escudemos, para não mais falir.

            Dá aos espíritas, a quem incumbes de mostrar ao mundo o caminho da verdade, a inteireza moral de que necessitam, para propagarem a tua santa doutrina mais pelo exemplo do que por simples palavras; dá-lhes, Jesus, essa couraça contra os ataques da perfídia humana, para que venhas, em dias próximos, apascentar as tuas ovelhinhas, não mais com esses estigmas que revelam a maldade e a grosseria dos homens - os dolorosos estigmas da cruz, mas em todo o esplendor de tua gloria, na sublime expressão do teu amor, que é benção, que é luz, que é incentivo de altas virtudes.

            Recebe, amado Jesus, da pequenina ovelha do teu rebanho, esta humilde homenagem, partida de um coração alanceado de dores, mergulhado muitas vezes no desespero da incompreensão humana, mas que recebeu e aceitou o Evangelho em sua expressão caridade e pode, Mestre, encontrar o orvalho divino que lhe veio, como dádiva do teu amor, mitigar essas dores e transformar esse desespero em doce e consoladora esperança.

            Bendito sejas, Mestre e Redentor nosso! Bendita seja a luz dos teus santos Evangelhos - refúgio de corações aflitos para os santos labores da caridade.

            Glória a Deus no mais alto dos céus e paz, Jesus, às tuas ovelhinhas de boa vontade.



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