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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Educação



Educação
Redação 
Reformador (FEB) Março 1951

            Eduquemos nos padrões de Jesus e o futuro será presidido pela realidade cristã. Ensinar para o bem, através do pensamento, da palavra e do exemplo é salvar. Em razão desta verdade o Senhor foi chamado o Divino Mestre, e é ainda por isso que o reino de Deus na Terra é obra de educação.”

            Os conceitos supra transcritos são de André Luiz, o mensageiro celeste que tantas e tão grandes verdades tem revelado e continua revelando aos cristãos-novos através do maravilhoso hífen entre o céu e o plano terreno que é Francisco Cândido Xavier.
             
            Diante da conceituação desse luminar do Além, a propósito do valor e da importância da Educação, sentimo-nos confortado e cheio de bom ânimo. Mais uma vez; nos convencemos de que soou a hora da escola. Chegou o dia em que se faz imprescindível concentrar nossa atenção no problema educacional, a fim de que os demais problemas, àquele relacionados, tenham solução.

            Os males que vêm flagelando a Humanidade, através dos séculos, são efeitos de uma causa que jamais foi compreendida e enfrentada devidamente. Os homens voltejam em torno dela, passando, em seguida, a combater suas consequências, motivo por que os mesmos acidentes se repetem numa contumácia, desconcertante, zombando dos meios e processos empregados para debelá-los. E assim, por certo, continuará até que os homens despertem e descubram o modo eficaz de atingi-las.

            Amiserando-se de nossa incapacidade e cegueira, assistindo aos infrutíferos esforços por nós despendidos numa campanha exaustiva cujos resultados são aparentes e ilusórios, os nossos Irmãos Maiores estão tocando no assunto, não mais de forma generalizada e indireta, porém ferindo o alvo positiva e clarissimamente. Mais, não poderão fazer, visto esbarrarem com o nosso livre-arbítrio.

            Portanto, ou cuidamos da Educação ou teremos falhado lamentavelmente em face da tarefa que nos foi confiada, profitentes que somos, ou nos dizemos ser, da Terceira Revelação, cujo objetivo precípuo é reviver a escola do Mestre de Nazaré, trazendo à baila a sua palavra de redenção.

            Observando-se o programa educacional em vigor já no que respeita ao oficial, já no que concerne aos particulares que se oficializam, verificamos um erro verdadeiramente desastroso em seus efeitos. O fim almejado é criar técnicos e titulares, que, devidamente habilitados, exerçam sua atividade no sentido de ganhar dinheiro, de enriquecer, jogando com os conhecimentos adquiridos, os quais devem conferir-lhes maiores possibilidades e mais destreza em atingir o referido alvo.

            Há poucos dias nos veio às mãos um anúncio de certa “Escola Técnica de Comércio”, de onde extraímos os seguintes “sugestivos” reclamos:

            “Nossos métodos de ensino não visam somente formar excelentes contabilistas mas principalmente preparar futuros industriais, comerciantes de elevada categoria, altos funcionários públicos, banqueiros, enfim, homens e mulheres de destacada capacidade no mundo dos negócios. O curso comercial exige menos tempo, é mais econômico e oferece maiores probabilidades de enriquecimento. Além disso, já estamos percebendo que ser comerciante, industrial ou banqueiro, diplomado por curso técnico, é tão importante quanto ser médico, advogado ou engenheiro.”

            Em tal se resume a finalidade da educação consoante o ponto de vista generalizado. Os diretores da escola em apreço disseram franca e abertamente aquilo que todas as demais visam, guardando, embora, as conveniências devidas na maneira de se externarem. Fazer técnicos, adestrar na arte, perícia e habilidade de adquirir riquezas e, se possível, fama e glória, adaptando-se ao meio - eis o programa educacional do século em que vivemos.

            Ora, não é, nem pode ser, esse o propósito da Educação, que resume o - porquê - da Vida, cujo objetivo há de corresponder necessariamente ao valor e à excelsitude dessa mesma Vida.

            Educar é promover a evolução humana conscientemente, desenvolvendo, em harmonia, os poderes espirituais que herdamos de nosso Pai celestial, destacando-se dentre eles a inteligência, a vontade e o sentimento. Destas faculdades, o homem tem curado com maior desvelo da inteligência, relegando as demais a plano secundário, porque, mediante o cultivo intelectual, ele consegue dar maior expansão às volições egoístas que o dominam. Daí o grande surto de progresso verificado naquele setor, ao lado da crise moral que ameaça precipitar o mundo no abismo.

            A nossa pseudo civilização de que tanto se ufanam os dirigentes e magnatas é obra erguida sobre areia movediça. Ao sopro das paixões desaçaimadas, ela oscila em suas bases
instáveis, ameaçando desabar fragorosamente.

            A Educação pode ser comparada a um triângulo equilátero, representando cada linha uma faculdade. Desenvolvidas desproporcionalmente, temos o que, em geometria denomina-se “triângulo escaleno”, prefigurando o aleijão que caracteriza o sistema educacional da nossa época.

            Ao Espiritismo, que é o desdobramento do Cristianismo, cognominado, por isso, de Terceira Revelação, cumpre-lhe reviver em espírito e verdade a escola cristã, rememorando e incutindo na mente e no coração dos homens, e particularmente das crianças, os ensinamentos evangélicos cuja precípua finalidade é formar caracteres, criando indivíduos cônscios de sua própria dignidade, possuindo noções ínfimas de justiça e senso prático de responsabilidade.

            A execução, porém, deste programa, só é possível mediante educandários, colégios e escolas espíritas disseminadas por todos os recantos do Brasil, torrão assinalado pelo Cruzeiro luminoso, que, do céu, lhe vem indicando o roteiro a seguir.

            A obra de redenção, personificada no Cristo de Deus, repetimos ainda uma vez, é obra de educação. Se o Espiritismo não secundá-la, carece-lhe o direito de intitular-se: Terceira Revelação.

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