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domingo, 8 de dezembro de 2019

Esquizofrenia e Obsessão



Esquizofrenia e obsessão
por Leopoldo Machado
Reformador (FEB) Junho 1940

            Esquizofrenia é criação moderníssima da ciência materialista, que abrange uma série sem fim de distúrbios psíquicos. Substitui, largamente, a histeria, que, parece, vai saindo de moda. Pudera! Histeria é termo que anda - embora a medicina materialista não saiba o que ela é - nos lábios de toda gente! E bem não fica ao cientificismo materialista, pretensioso e impreciso, que sua tecnologia caia no conhecimento do povo! Esquizofrenia, não! É termo novinho em folha, a cuja ação se empresta, ademais, bem maior amplitude!

            Que é ela? Quem o sabe? Um distúrbio nervoso de caracteres ainda imprecisos, dizem alguns sábios materialistas. A soma de distúrbios de várias naturezas, afirmam outros.

            Sabe-se, ao certo, que se trata de um nome bonito e empolado, que o Dr. Wolf criou para a demência precoce que é, por sua vez, um mal ainda por precisar, dentro da psiquiatria, definitivamente. É o grande problema da psiquiatria moderna, para o Dr. Kraepelin, o criador da demência precoce. E também para o Dr. Wolf, que foi buscar esquizofrenia no grego antigo! E também para o Dr. Breuler, que deu curso ao termo empolado, como sinônimo de demência precoce, não faz ainda trinta anos!

            A natureza de seus sintomas? Quem o sabe? Para uns, de origem puramente material! É moléstia fisiógena, o que vale dizer: de fundo orgânico, que pode resultar de agentes tóxicos, para o sr. Breuler. Mas, apresenta sintomas secundários de origem psíquica, como alucinação, ideias confusas e delirantes, psicoses maníaco-depressivas,
manias. Os tratados de medicina e os tratadistas lhe enfeitam os sintomas de coisas ainda mais complicadas e difíceis. Hermann Bouman descobre-lhe certa “degeneração parenquimatosa primitiva do cortex, degeneração gordurosa e esclerose das células cerebrais”, etc. Chastin classifica-a de loucuras discordantes, compreendendo a demência precoce de Kraepelin e outros grupos provisórios de moléstias. Kretschmer vai buscar na hereditariedade e no temperamento psíquico suas origens.

            Para Eugenio Breuler, o grande psiquiatra de Zurich, não há esquizofrenia, mas esquizofrênicos e esquizofrenias. E, psicopatologicamente, entra a corrigir Kraepelin, Kahlbam, Kaecker, Morel, no sentido de firmar sua doutrina esquizofrênica. O Dr. Claude diverge da ciência de seus Ilustres colegas, emprestando dois aspectos à questão: o aspecto nitidamente orgânico, segundo o conceito de Kraepelin e MoreI, e o aspecto essencialmente psíquico. Dualiza, assim, a moléstia, ajustando ao aspecto psíquico uma série de nomes bonitos e moderníssimos: esquizoses, esquizoidia, esquizomania, até chegar à esquizofrenia. Não há de ser por falta de batismo sob nomes gregos e empolados que a doença deixará de ser conhecida! Pode faltar-lhe, como lhe está faltando, o conhecimento científico, mas onomatias é que não! O Sr. Dr. Henrique Roxo, embora ache que “não há certeza em relação à interpretação patológica", entende, psicanaliticamente, que há uma relação bem estreita entre a sexualidade e a esquizofrenia.

            Não se pode conceber, é claro, psicanálise sem sexualidade! O Dr. Austregésilo entra no assunto e nem podia deixar de fazê-lo, criando as catafrenias que são, por assim dizer, fases da esquizofrenia. Um grande psiquiatra norte-americano, o Sr. Harry Sullivan, a classifica como “um distúrbio do espírito” a que dá o nome de rachaduras da alma...  

            Mais definições que aqui ajustássemos dariam no mesmo: a esquizofrenia ficaria, ainda, por ser cientificamente conhecida. E, se ainda não é conhecida pelas sumidades médicas, não pode ser, consequentemente, curada. É tão verdade que sua cura constitui outro problema bem maior do que o de seu conhecimento, que o Dr. Sullivan não encontra na cultura médica ocidental, ainda na fase juvenil, recursos para debela-la! Que o Dr. Henrique Roxo diz que não há nenhuma “certeza em relação à segurança de uma boa terapêutica” a aplicar-lhe! que o Dr. Heitor Peres afirma ser “ela uma verdadeira calamidade social: o grande Moloc a desafiar e desapontar os estudiosos da psiquiatria!” que existe, desde junho de 1927, um prêmio de um milhão de francos instituído, em França, pelo Sr. Mauricio de Fleury, para quem lhe descobrir a cura radical, prêmio que pode ser dividido, para maiores facilidades, em cinco partes iguais, a serem entregues anualmente...

            Assim, a esquizofrenia é uma doença desconhecida nas suas origens e de terapêutica desconhecida. Contudo, médicos de fama procuraram combatê-la a xaropadas materiais. O Dr. Roxo, que afirma ser desconhecida, ainda, uma terapêutica eficiente para ela, aplica, entretanto, diz que favorecidamente, em esquizofrenices: lúpulo, alface, mulungú, iodo, cálcio, em diferentes receituários e dosagens. Na Alemanha, procura-se curá-la, fazendo-se os doentes trabalharem. Coube a glória da descoberta ao dr. Gutersloh. Como o trabalho a tudo pode remediar, cremos na eficiência de sua terapêutica, quer na esquizofrenia, como em quase todos os nossos males...

            A medicina moderna, materialista e imprecisa, não sabe, numa palavra, o que é a esquizofrenia. Entretanto, há sábios que levam à conta de fenômenos esquizofrênicos os fenômenos mediúnicos que lhes são ainda mais desconhecidos! Nem dispõe, tampouco, de recursos para combatê-la e curá-la!

            É o que diz, claramente, o Dr. Harry Sullivan, através de recente mensagem de desespero que lançou ao mundo. Diz, na mensagem, que a esquizofrenia é a loucura da época, a retratar a grave desordem mental de uma era. Suas vítimas são para figurar “entre os loucos mais perigosos”, diz o psiquiatra da Psichiatric Foundation. E não encontra ele, na Terra, manicômios que os comportem a todos!

            Pois, se a Terra é, toda ela, a julgar pelos fatos, um vasto manicômio, estando segregados da sociedade, apenas, como já se tem dito, o estado maior da loucura! Ninguém poderá, a rigor e com lógica, negar razão ao psiquiatra norte-americano, em face dos sintomas generalizados de loucura coletiva, observados por toda parte e em toda gente, caracterizado, como diria Montegazza, a nossa era como século esquizofrênico! A guerra que, embora no princípio, já dominou 3/5 da população do globo e, podemos dizê-Io, da litosfera, aí está, abonando tais sintomas! São as lutas de box, como a última, nos Estados Unidos, que, com o nome de arte nobre, atraiu perto de cem mil almas a vibrar de interesse por dois homens que se esmurram, até um cair vencido e exangue, que atestam a loucura da Terra! São essas turras futibolescas, a sacudir clero, governo e povo, imprensa e rádio, alterando o ritmo da Vida, de tudo e de todos, que confirmam o estado esquizofrênico do mundo! É o nosso povo, no mais quente mês do ano, entregue a pinotes, na rua, brincando o carnaval, que dá razão ao Dr. Sullivan! É o interesse quase que vital, que se põe, através do cinema, da imprensa e do rádio - as três maiores forças de propaganda da época, - é o interesse que se põe somente no que é fútil, trivial e frívolo, que caracteriza os distúrbios esquizofrênicos aí dominando a tudo e a todos!

            Um cientista inglês, precisou, há coisa de cinco anos, a data exatíssima em que toda a humanidade estará louca, louquíssima! Será no ano de 2139, por seus cálculos científicos. Não cremos, diante da mensagem do Sr. Sullivan e da maneira em que vão as coisas que o mundo chegue tão longe, com o juizinho no lugar!

            Há no livro da Sabedoria e da Vida - o Evangelho - uma passagem que pode explicar o estado esquizofrênico do século . É aquela que se encontra em Mateus XII, 43 a 46; a esclarecer que, quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos, sem encontrar repouso. Volta, novamente, ao ponto de onde saiu e, achando-o desocupado, varrido e adornado, leva consigo para aí outros sete espíritos piores do que ele...

            A Terra, planeta atrasado, tem sido quase que somente morada de espíritos imundos. Espíritos que, na carne, promoveram as guerras religiosas, as Cruzadas, a Santa Inquisição, o despotismo real e religioso, a escravidão humana e quejandas. Indo-se da Terra, a ela ficaram ligados por suas inferioridades, continuando a Terra sob a influência espiritual deles. Voltam, pois, à Terra ou reencarnados ou em espírito, por não encontrarem repouso em outros planetas, encontrando-a desocupada, ainda, da ideia e do sentimento racionais de Deus e, mais, varrida e, mais adornada, por obra e graça da civilização que aí está! Trazendo cada um desses espíritos mais sete consigo, formam falanges de forças invisíveis, que estão, neste período de transição, esquizofrenizandoTerra!

            Enquanto a medicina materialista e a ciência oficial não se curarem de seu preconceito e da catarata do exclusivismo e da ignorância que as cega e torna "esquizofrênicas", para perscrutar o mundo invisível, estudando-o, a fim de entrar, cientificamente, em contato com ele, ambas, a medicina e a ciência, ao invés de saberem crismar doenças novas e de não saberem debelá-las, serão fatores - isto sim! - da disseminação delas, infelicitando, cada vez mais, o mundo e a humanidade!          

            Pensamos que já é tempo da ciência meditar, cientificamente, nestes conceitos experimentais do Dr. Webster: “Muitos insanos há, tidos por loucos, incuráveis, que, no entanto, apenas se acham subjugados pela ação opressora de Espíritos ou falanges de Espíritos”.

            E, mais, nestes, do Dr. William James, ambos da Ass. Médica Norte-Americana:
            “Torna-se cada vez mais evidente que a obsessão é a causa determinante de muitos casos de loucura e que estes se podem curar. A atenção médica terá que se voltar para tais problemas ou a matéria médica perderá o domínio do assunto”.

            Esquizofrenias e esquizofrênicos?

            Em 99 casos contra um, talvez, pura obsessão e obsidiados!

            Do Blog: Com a palavra os especialistas já que o autor do texto não foi médico em sua última e muito profícua encarnação.

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