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sábado, 14 de março de 2020

Unificação dos Trabalhos Espíritas



Unificação dos Trabalhos Espíritas
Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Novembro 1957

            É' muito louvável a multiplicação de núcleos de trabalhos espíritas, onde os médiuns possam desenvolver-se e cumprir suas tarefas mediúnicas. Entretanto, é isso que tudo se faça rigorosamente dentro das determinações doutrinárias, a fim de que não sobrevenham perturbações decorrentes da má orientação dos trabalhos. No Espiritismo, a qualidade é sempre preferível à quantidade. O espírita consciente de seus deveres jamais se deve afastar da Doutrina codificada por Allan Kardec. O Espiritismo não adora ídolos nem qualquer imagem... Não possui ritos, não apresenta similaridade alguma com certas práticas religiosas herdadas do paganismo e muito comuns na religião dominante, isto é, o Catolicismo.

            Há dias, convidado para assistir a uma sessão espírita, comparecemos a um grupo recém-formado. O presidente dos trabalhos, antigo católico, ainda não se desvencilhou dos hábitos adquiridos no credo de onde proveio. Ao iniciar-se a sessão ele e todos os que fazem parte do grupo, persignaram-se! (benzer-se, fazendo, com o dedo polegar, três sinais em cruz (o primeiro na testa, o segundo na boca, o terceiro no peito). Ora, se esse diretor de trabalhos estivesse perfeitamente enfronhado nos preceitos da Doutrina Espírita, agiria de outro modo. O que está fazendo é um Espiritismo mesclado de Catolicismo. Espiritismo, porque há trabalhos de incorporação mediúnica, passes, etc.; Catolicismo, porque ali se fazem coisas que seriam compreensíveis num ambiente clerical, nunca, porém, em ambiente kardecista.

            Nós, espíritas, temos de cingir a nossa conduta pelos postulados de Kardec. A Doutrina Espírita tem de ser a bússola de todos os adeptos do Espiritismo. Não é recomendável que cada grupo tenha a sua maneira de trabalhar, porque isso não deve ficar ao sabor dos caprichos e das preferências de cada organizador de centro. Se não houver uniformidade de orientação no Espiritismo, começaremos a enfraquecer e seremos, assim, mais facilmente atacados pelos inimigos da nossa Doutrina.

            As sessões devem começar e terminar com uma prece. Depreca-se (suplica-se, implora-se) a proteção do Guia dos trabalhos, no princípio, e termina-se agradecendo a ajuda prestada, Nessas preces, coloque-se sempre presente o nome de Jesus, que é a figura máxima depois de Deus, no Espiritismo cristão. Deve ser feita a leitura e o estudo de trecho de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de “O Livro dos Espíritos”, de “O Livro dos Médiuns” e de todos os livros de Kardec ou de grandes vultos do Espiritismo. Na hipótese de se estabelecer uma norma para esses estudos, comentários curtos devem ser realizados, não só para a elucidação dos assistentes desencarnados como dos encarnados. Eis aí, em síntese, a prática a seguir. É de boa recomendação jamais adotar qualquer fórmula que não esteja conforme com os ensinamentos de Allan Kardec. Eis dois livros úteis e aconselháveis, que muito podem esclarecer: “As sessões práticas do Espiritismo" de Spartaco Banal, e “Sessões práticas e doutrinárias”, de Aurélio Valente.

            A força do Espiritismo está na compreensão e prática da Doutrina Espírita. É preciso que ela seja insistentemente estudada e explicada por aqueles que já se encontram no pleno conhecimento de seu conteúdo. Os elementos neo espíritas, provenientes do Catolicismo, do Protestantismo e de outros credos, são sempre merecedores de simpatia. mas é necessário que se libertem completamente de hábitos e preconceito adquiridos na antiga religião, para que possam ser verdadeiramente espíritas, para que possam usufruir integralmente todos os beneficias que o Espiritismo pode proporcionar.

            Uma boa obra, para orientação dos neo espíritas e esclarecimento daqueles que, embora mais velhos no Espiritismo, ainda não consolidaram seus conhecimentos doutrinários, é “Estudando a Mediunidade", de Martins Peralva. Nela se encontram, à guisa de prefácio, magníficas palavras de Emmanuel, o iluminado Espírito que tantas lições profundas nos tem dado. Chamamos a atenção dos espíritas em geral, e principalmente dos médiuns, para as seguintes, relativas à mediunidade:

            Não é patrimônio exclusivo de um grupo, nem privilégio de alguém. Desponta
aqui e ali, adiante e acolá, guardando consigo revelações convincentes e possibilidades assombrosas. Contudo, para que se converta em manancial de auxílio perene é imprescindível que a Doutrina Espírita lhe clareie as manifestações e lhe governe os impulsos. Só então erige em fonte contínua de ensinamentos e socorro, consolação e bênção.

            Estudemo-la, pois, sobre as diretrizes kardequianas que nos traçam seguro caminho para o Cristo de Deus através da revivescência do Evangelho simples e puro, a fim de que mediunidades e médiuns se coloquem, realmente, a serviço da sublimação espiritual.”

            Anote-se o cuidado a referência que Emmanuel faz à necessidade do estudo da Doutrina Espírita. Embora a liberalidade ampla do Espiritismo, que modo algum coage ou violenta o livre arbítrio e quem quer que seja, pois cada qual é responsável por seus atos, é nosso dever, como profitente (que professa) do Espiritismo, acenar para os que, voluntária ou involuntariamente, se afastam dos preceitos rigorosamente doutrinários, lembrando-lhe que, por muito respeitáveis que sejam os orientadores terrenos dos núcleos de trabalho espírita, e não pomos dúvida, a tal respeito, a orientação certa, a que é a orientação constante da Doutrina Espírita encontra-se na Federação Espírita Brasileira, casa mater do Espiritismo, amparada pelas luzes de Ismael e abençoada pela misericórdia de Jesus.

            Temos de trabalhar afinadamente pela unificação cada vez maior dos trabalhos espíritas no Brasil e no mundo. Essa unificação somente será possível pela irrestrita, fiel e devotada observância da Doutrina Espírita, legado dos Espíritos a Allan Kardec e à Humanidade.



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