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segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

O velho bibliotecário

 

O velho bibliotecário

por Frank Podmore  Reformador (FEB) Dezembro 1944

               Em 1880 sucedi como bibliotecário ao meu antecessor. Nunca o vira, nem fotografia ou retrato dele avistara. Podiam ter-me falado dele e do seu físico, mas só isso. Tinha ficado a trabalhar até tarde na biblioteca, numa noite do mês de março de 1884, quando subitamente pensei que se me não apressasse, perderia o trem. Eram 10h e 55 min e o último trem partia às 11h e 5 minutos. Levantei-me à pressa, tomei uns livros numa das mãos e na outra segurei um lampião; depois, sai por um corredor. Como meu lampião iluminasse o corredor, avistei um homem na outra extremidade e veio-me a ideia de que um gatuno acabava de entrar, o que, aliás, não era coisa impossível. Voltei imediatamente para o quarto donde tinha saído, lá deixei 03 livros, tomei de um revólver, segurei o lampião atrás das costas e caminhei de novo para o corredor até um canto onde me parecia que o gatuno poderia estar escondido, para dali entrar no salão. Mas não percebi ninguém e só vi a sala forrada de prateleiras cheias de livros. Gritei por várias vezes, dizendo ao intruso que aparecesse, com a esperança de serem meus gritos ouvidos pela polícia. Notei então que ele parecia inspecionar as prateleiras de livros. A cabeça era pálida e calva, com as cavidades dos olhos muito fundas.

            Caminhei para ele; era um ancião de ombros altos, a balançar-se, olhando para os livros que continuou a mirar, dando-me as costas. Com um andar arrastado, afastou-se da biblioteca e dirigiu-se silenciosamente para a porta de um pequeno “lavatory” que dava para a biblioteca, não tendo ele outra saída. Acompanhei o homem e, com grande surpresa minha, não encontrei ninguém. Examinei a janela, que media cerca de quatorze polegadas por dezoito, e encontrei-a fechada. Abri-a e olhei para fora. Havia ali um buraco com dez pés de profundidade, do qual ninguém poderia sair se não fosse auxiliado. Ele não teria fugido. Profundamente mistificado, confesso que, pela primeira vez comecei a sentir o que se poderia chamar “uma sensação de pavor do sobrenatural”. Saí da biblioteca e percebi que tinha perdido o meu trem.

            No dia seguinte, de manhã, contei minha história a um “clergyman” do lugar, o qual, ouvindo minha descrição, replicou: “Mas é o velho bibliotecário!" Pouco depois, mostraram-me um retrato do meu antecessor: a semelhança era patente. O falecido tinha perdido todos os cabelos, as sobrancelhas, as pestanas, tendo sido, ao que me parece, ferido por uma explosão.

            Um inquérito ulterior estabeleceu que havia falecido pela época do ano em que a aparição foi vista: “Later inquiry proved he had died of about the term of year at which I saw the figure.”

           (Ext. de Aparritions and Thought Transference, de Franck Podmore, pag. 427).

 


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