Justiça Social
A Redação
Reformador (FEB) Junho 1991
Desde a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra nos meados do
século XVIII, a questão social passou a preocupar os espíritos sensíveis à
sorte dos menos favorecidos economicamente, em face do desequilíbrio crescente
entre a acumulação de capital, de um lado, e a proletarização do trabalho, de
outro.
Enquanto o liberalismo econômico firma-se como doutrina dominante, a ele
se contrapõem as correntes socialistas, que buscam a justiça social por
caminhos diferentes: o socialismo espiritualista tenta soluções através da
cooperação do capital e do trabalho, ao passo que o socialismo marxista
propugna pela destruição do capitalismo mediante a luta de classes.
O ano de 1848 é um marco histórico. Surgem novas abordagens da questão
social a partir das revoluções operárias na França e na Alemanha. O socialismo
de Proudhon, em luta aberta com a filosofia individualista, propões a
mutualismo como forma ideal de organização econômica. Karl Marx e Friedrich
Engels publicam, em fevereiro desse mesmo ano, o seu Manifesto Comunista. E, em
31 de março, eclodem os fenômenos mediúnicos de Hydesville (EUA), com os quais
se inicia uma outra revolução: a Revolução Espiritual.
É nesse ambiente que o Codificador do Espiritismo cumpre a sua missão
perante as correntes de pensamento em conflito.
Questões sobre trabalho, crescimento demográfico, uso e gozo dos bens
terrenos, desigualdades sociais e das riquezas, direito de propriedade,
justiça, amor e caridade, e tantas outras mais, de cunho eminentemente social,
são abordadas pela Doutrina Espírita objetivando o homem como Espírito Imortal,
regido pelo livre-arbítrio e pela lei de causa e efeito, com responsabilidades
e culpas adquiridas no passado, em vidas sucessivas, através da reencarnação.
“A Doutrina Espírita, que tem visão global dos problemas sociais, não
apresenta a menor tendência extremista.”[1]
A justiça social, que sensibilizou o Papa Leão XIII no final do século
XIX, levando-o a editar a “Rerum Novarum”, em 15 de maio de 1891, como resposta
e crítica da Igreja aos excessos do liberalismo econômico e ao comunismo, já
estava equacionada desde 18 de abril de 1857, 34 anos antes daquela Encíclica
Papal, em “O Livro dos Espíritos”, que representa o Manifesto da
Espiritualidade encaminhando a solução dos problemas do homem e da sociedade,
entre os quais os de ordem econômica.
“A nova geração marchará, pois, para a realização de todas as idéias
humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento a que houver chegado.
Avançando para o mesmo alvo e realizando seus objetivos, o Espiritismo se
encontrará com ela no mesmo terreno. Aos homens progressistas se deparará nas
idéias espíritas poderosa alavanca e o Espiritismo achará, nos novos homens,
espíritos inteiramente dispostos a acolhê-lo.”[2]
[1]
Deolindo Amorim - “O Espiritismo e os Problemas Humanos”, pág. 170,
edição da Gráfica Mundo Espírita S.A., Rio de Janeiro (RJ), 1948.
[2] Allan Kardec - “A Gênese, págs. 416/417 da
33ª Ed. FEB
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