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quinta-feira, 11 de abril de 2013

'Judaísmo, Cristianismo e Espiritismo'


Judaísmo,
Cristianismo
e Espiritismo

O Sr. Allan Kardec classificou o Espiritismo como a Terceira Revelação, e esta classificação mereceu aprovação de todos os Espíritos superiores que se têm comunicado conosco nestes cem anos que nos distanciam do momento em que tal nome foi dado ao Espiritismo. E, portanto, uma definição clássica e consagrada por cem anos de repetição.

Para o espiritista a primeira Revelação é o Judaísmo, como se acha expresso no Velho Testamento; a segunda é o Cristianismo, conforme o Novo Testamento, que em parte confirma e em parte revoga o Antigo; a terceira é o Espiritismo, que confirma e esclarece e amplia as duas precedentes.
Não houve descontinuidade entre essas três Revelações e a sua ética, que se vem aprimorando, ampliando, poder-se-ia resumir a estas palavras "AMARAS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO", que aparecem pela primeira vez no 3º Livro de Moises, Levítico, 19: 18, e depois vem sendo repetidas na Bíblia toda e em todo o Espiritismo.

A forma de recebermos a Revelação é a mesma: os judeus e os cristãos empregavam para os intermediários o nome de "profetas", palavra grega formada com PRÓ (por) , e FANAI (falar), portanto, falar por (outrem), e por extensão "falar por um deus". Os nomes "deus", "anjo", "espírito" tinham o mesmo sentido na compreensão dos antigos. Acreditavam em deuses e deusas bons e maus, anjos bons e maus, espíritos bons e maus. A palavra "profeta" tinha no Velho e no Novo Testamento o mesmo sentido que damos hoje ao vocábulo "médium", isto é, intermediário entre os seres espirituais e os homens.

Portanto, a fonte era a mesma e a canalização era a mesma, isto é, o mundo espiritual era a fonte, e o canal que a conduzia a nós era o médium. Folheemos agora a Bíblia para citar alguns tópicos.

"Não se achará entre vós... nem o que consulte a espíritos ou a um espírito familiar, nem aquele que consulte aos mortos.”  (Deuteronômio, 18: 11, 12)

Esta proibição de Moisés nos mostra que se usava e abusava da mediunidade, como tentam fazer hoje. Mas a medi unidade superior e instrutiva não era proibida, pois que era empregada pelo mesmo Moisés e por todos os demais profetas e até o foi pelo Divino Mestre, como veremos mais adiante. Também hoje deveria ser proibida a mediunidade para finalidades inferiores, porque a moral espírita não a aprova, mas veementemente a reprova.

Os Espíritos obsessores ja agiam do mesmo modo que hoje. Leiamos estas linhas:

"Tendo-se retirado de Saul o espírito do 'Eterno, atormentava-o um espírito maligno...”  (I. Samuel, 16:14.)

" ... tomava David a harpa e a tocava com sua mão; então Saul sentia alívio, e se achava melhor, e o espírito maligno se retirava dele ,"    (I. Samuel, 16 :23.)

Esse Saul, obsidiado por Espíritos inferiores, foi o primeiro rei de Israel e praticou toda sorte de faltas, dentre as quais a exterminação de todos os médiuns, e finalmente se suicidou, para não cair em mãos de seus inimigos (I. Sam., 31 :4); mas na véspera de sua morte (ano 1.055 AC) fez ele a célebre evocação do Espírito de Samuel, que em parte aqui transcrevemos:

"Então disse Saul aos seus servos: Buscai-me uma mulher que consulte a um espírito familiar, para que eu vá consultá-la. Responderam-lhe os seus servos: Há em Endor uma mulher que consulta espírito familiar.
Saul disfarçou-se e, tomando outros vestidos, foi, acompanhado de dois homens, e chegaram de noite a casa da mulher. Ele disse: Adivinha-me pelo espírito familiar e faze-me subir aquele que eu te disser. Respondeu-lhe a mulher:  Eis que tu sabes o que fez Saul, como exterminou da Terra os que consultam espíritos ou espírito familiar; porque me estás armando um laço à minha vida, para me fazeres morrer? Saul jurou-lhe pelo Eterno, dizendo:  Pela vida do Eterno, nenhuma culpa te sobreviverá por causa disso. Perguntou-lhe a mulher: Quem te farei subir? Respondeu ele: Faze-me subir Samuel. Quando a mulher viu a Samuel, deu um grande grito, e disse a Saul: Porque me enganaste?  pois tu és Saul. Respondeu-lhe o Rei: Não tenhas medo; que vês tu? Disse a mulher a Saul: Vejo um deus subindo da Terra. Perguntou-lhe ele: Como é a sua figura? Respondeu ela: Vem subindo um ancião, e está envolto numa capa. Entendeu Saul que era Samuel, prostrou-se com o rosto em terra e fez-lhe uma reverência.
Disse Samuel a Saul: Porque me inquietaste, fazendo-me subir? Respondeu Saul:  Estou mui angustiado, porque os filisteus me fazem guerra.” (I. Samuel, 28: 7 a 15.)

Aqui, segue-se a conversação que não copiamos, de Saul com Samuel, a qual termina por estas palavras de Samuel:  "Amanhã tu e teus filhos estareis comigo ...” E assim se deu: no dia seguinte morreram Saul e seus três filhos no monte Gilboa.  Todo o exército israelita foi exterminado pelos filisteus.

Espíritos enganadores e mentirosos também nunca faltaram. Leiamos estas linhas como amostra:

"Perguntou o Eterno: quem enganará a Ahab, para que suba e caia em Ramot-Gilead? Um disse uma coisa, e outro outra. Saiu um espírito, apresentou-se diante do Eterno e disse: Eu o enganarei. Perguntou-lhe o Eterno: Como? Respondeu ele: Sairei e serei um espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas." (I. Reis, 22: 20-22.)

E assim foi. Todos os médiuns da regíão foram mistificados.

Como exemplo de uma comunicação em escrita direta, leia-se no cap. 5º do Livro de Daniel os versículos 25 e seguintes, onde se acha o longo relato da célebre frase: "MENE, MENE, TEKEL, UFARSIN” ,

- Até aqui citamos somente livros do Velho Testamento , Vejamos agora no Novo.

No cap. 17 de Mateus, 9 de Marcos e 9 de Lucas, vem o belo relato da Transfiguração. Copiemos de Lucas, 9: 28 a 32:

"Cerca de oito dias depois de haver assim falado, levou consigo a Pedro, a João e a Tiago e subiu ao monte para orar. Enquanto orava, o aspecto do seu rosto alterou-se, e as suas vestes se tornaram brancas e resplandecentes. Eis que dois varões falavam com ele; estes eram Moisés e Elias, que apareceram em glória e falavam da sua retirada que ele estava para realizar em Jerusalém. Pedro e seus companheiros estavam oprimidos de sono; mas, conservando-se acordados, viram a sua glória e os dois varões ao lado dele."

Nas sessões de materialização os médiuns em geral dormem profundamente, mas estes três aqui mencionados conservaram-se acordados, embora oprimidos de sono. Há também hoje exemplos de materialização com o médium acordado. Já ouvimos até o médium conversar com o Espírito materializado. Temos nesse relato dos evangelistas, bem como no episódio da evocação de Samuel, acima citado, verdadeiras atas de sessões espíritas realizadas, esta última há 1921 anos, e aquela outra há 3.009 anos. Parece-nos que basta de citações para os fins a que se destina este artigo.

Os fenômenos são os mesmos no Velho Testamento, no Novo Testamento, e nos anais do Espiritismo de nossos dias. É impossível negá-las, porque há concordância perfeita e constante de testemunhas de vários lugares e de muitos tempos, nas mais diversas civilizações e graus diferentes de cultura.

Temos que aceitar os fatos como perfeitamente provados e fora de qualquer dúvida. Esses fatos são o fundamento de todas as religiões do mundo; portanto, poderíamos dizer que todas elas são espíritas, desde que sejam espiritualistas, porque se baseiam em fenômenos espíritas, hoje mais rigorosamente controlados.

Podemos dar como rigorosamente assentado que o Judaísmo, o Cristianismo e o Espiritismo se baseiam nas comunicações dos Espíritos, têm um fundamento comum; mas a moral progrediu muito. No Velho Testamento a moral era racista e inferior. Mesmo na comunicação de Samuel a Saul, o Espírito disse que Saul fora punido, "porque não obedeceste a voz do Eterno, e não executaste o furor de sua ira contra Amalek ...”

O Deus de amor universal só começa a aparecer no Novo Testamento e só é compreendido como Pai de todas as criaturas, no hino sublime da fraternidade universal, no Espiritismo. O "amor ao próximo como a si mesmo" era lei antiga, foi ampliado por Jesus no episódio do Bom Samaritano, e alcança sua plenitude na Terceira Revelação. Ao tempo de Jesus era impossível ensinar por palavras esse amor sublime, e ele preferiu ensiná-lo por exemplos que teriam de eternizar-se e ser interpretados mais tarde, à luz da Terceira Revelação, como ele mesmo prometeu.

Quanto à moral, o espírita de hoje vive contraditoriamente:  O meio dificulta-lhe por em prática suas convicções e por instinto de conservação ele se adapta a formas de vida materialistas, egoístas, contrárias aos seus anseios. Só num mundo moralmente muito mais adiantado do que o nosso de hoje poderá reinar a moral evangélica comentada pelos Espíritos superiores.

Quando um judeu combate os fenômenos espíritas, comete o erro inconsciente de lutar contra sua própria crença, de minar sua própria casa. Quando um cristão nega os fenômenos espíritas, está negando seu próprio livro sagrado e alistando-se entre os materialistas, contra o Cristianismo. Quando um espírita nega a Bíblia toda, está pondo em dúvida as bases do Espiritismo.

O caminho das negações nos leva ao mais pavoroso abismo. O negador quase nunca pode acertar. Já Sir Oliver Lodge exemplificou muito bem os perigos da negação. Disse: "Para eu afirmar que Shakespeare empregou certa palavra, basta-me conhecer um verso dele; mas para negar que ele tenha empregado certa palavra eu terei que estudar cuidadosamente durante anos toda a obra do poeta, e ainda estarei sujeito a erro. Nossa pouca ciência dá para afirmarmos, mas é demasiado curta para negarmos."

Não nos percamos, no declive das negações. Sejamos mais humildes, mais estudiosos, mais prudentes do que os negadores.

por Ismael Gomes Braga
in Reformador (FEB) Fevereiro 1955





Um comentário:

  1. Assim como o Cristo veio para os judeus,eles não os aceitaram,o espiritismo vem para o cristianismo,e eles não aceitam a revelação

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