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quinta-feira, 9 de junho de 2011

O Evangelho Desconhecido




O Evangelho 
Desconhecido

por Carlos Wagner
Reformador (FEB)  Fevereiro 1938
           
            A mais ampla habitação oferecida ao homem, a mais compreensiva pátria espiritual é o Evangelho.

            Seu espírito não é refratário a nenhuma tendência fundamentalmente humana.

           Ela apresenta a plataforma onde se podem reunir todos os interesses superiores, fraternizar todas as formas de inteligência, conjugar todos os esforços.

            Ah! que fizeram dessa habitação os homens de vistas curtas,  lestos em cortar, em fechar as questões, em denunciar a solidariedade ao adversário?

            Muraram-lhe as janelas, aferroaram-lhe as portas,  espessaram-lhe as defesas: transformaram-na em masmorra do espírito, em cidadela eriçada e ameaçadora, donde se lança o anátema contra os de fora. 

            Do seu interior, de tempos a tempos, é atirado, por cima das muralhas, o irmão que deixou de pensar segundo a fórmula.

            Procederam com a casa como procederam com o seu dono.

            “Sou o filho do homem”, dissera ele. Mudaram-no em chefe de partido, ou, pelo menos, mesmo divinizando-o, num homem como os outros,  preso às suas particularidades, ao seu eu, incluídos os acessórios.

            Quem, pois, compreendeu que o Filho do Homem não era de comparar-se, nem de pôr-se em concorrência com quem quer que seja? 

            Porque, de tudo que há sido grande e santo, através das idades, em não importa que contingente da humanidade, ele não teria podido dizer: “Esse está comigo e eu estou com ele”. 


            Mais ainda: “Esse é um pouco de mim e eu sou ele.”

            Não se identificou com os pequenos, com os enfermos, os pobres, os presidiários? Qual é esse eu a quem é feito tudo o que se faz aos outros, de bem ou de mal? 

           Será o eu de um particular, com interesses privados, dirigindo uma razão social, em rivalidade com outros?

            Não. Ele é o Filho do Homem e nada do que seja humano lhe é estranho.

            Quando seus campeões fanáticos atacam a ciência, é a Ele que atacam. 
            
           Quando perseguem os homens em seu nome, é a Ele que perseguem. 


           Quando desprezais os humildes, os simples, é a Ele que desprezais. 


          Quando rebaixais os profetas, para engrandecê-Lo; 


          Quando diminuis os pagãos cheios de sabedoria, para lhe aumentardes o brilho, é a Ele que rebaixais, diminuis, velais.

            Ele não concorreu ao prêmio de santidade, nem ao de sabedoria, nem ao de grandeza.

            As vossas comparações, as vossas rivalidadezinhas, as coroas que arrancais aos outros, para lhas lançardes aos pés, são procedimentos odiosos e que merecem ser condenados pela palavra: 


           “Não sabeis de que espírito estais animados?”

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