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domingo, 30 de agosto de 2020

A responsabilidade do Espírita



A responsabilidade do Espírita

por Indalício Mendes
Reformador (FEB) Janeiro 1964

            Quando afirmamos que o estudo constante da Doutrina é indispensável à verdadeira compreensão do Espiritismo, não o fazemos sem uma base sólida. A orientação doutrinária somente será possível com a disseminação dos princípios que concorrem para o aperfeiçoamento moral do indivíduo. Se a explanação da Doutrina não for adequada à assimilação completa de cada um, seus efeitos serão insuficientes ou nulos. A só explicação da Doutrina não é bastante, bem o sabemos. Todavia, o esclarecimento das consequências benéficas, que a exemplificação de tais princípios pode proporcionar, será capaz de levar muitas pessoas a se tornarem realmente integradas no programa constante da Doutrina. O importante, portanto, é estudar cada ponto com paciência, explicá-la bem, enriquecendo a explicação com exemplos comuns da vida cotidiana. Mas o essencial é exemplificar cada vez melhor.

            O Espiritismo não possui um corpo doutrinário complexo e ininteligível, pois nele tudo é claro. Mas precisamos compreender que o grau de assimilação intelectual de cada indivíduo varia muito. É preciso, portanto, que o explanador da Doutrina use uma linguagem simples e procure observar se as suas palavras estão sendo realmente bem interpretadas. Caso tenha qualquer dúvida a respeito, o melhor será repisar o ponto estudado, citando fatos como exemplo do que ocorre na vida diária, quer para evidenciar os benefícios do respeito à Doutrina, quer para deixar positivado que a não exemplificação dos preceitos doutrinários levará o homem a provações ásperas, que podem ser atenuadas ou evitadas com a mudança para melhor do seu comportamento em casa, no trabalho, onde quer que esteja.

            Se o Espiritismo não for utilizado para reformar aqueles que necessitam de progresso moral, então é porque não está sendo devidamente pregado nem se socorre de exemplificações adequadas para ilustrar a sua influência salvadora na vida terrena.

            Ninguém pode negar que estamos passando todos por provações sérias e que essas provações tendem a multiplicar-se, porque o panorama cármico do mundo terreno, nestes tempos que antecedem a alvorada do Terceiro Milênio, está sombrio.  

            Pensa-se muito no Mal e pouco no Bem. Os descontentamentos fermentam a alma humana, predispondo-a a pensamentos e ações incompatíveis com a ordem e a paz. Fala-se muito em paz, pensando-se na guerra. Se todos aqueles que possuem problemas graves, de ordem moral ou material, procurarem orientar-se pelas lições prodigiosas de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, poderão, sem dúvida nenhuma, substituir suas inquietações por uma confiança maior em si mesmos, porque o que está faltando no mundo de hoje, mais do que no passado, é uma comunhão maior com Deus.

            A ambição malsã vem constituindo a base de quase todos os pensamentos. Por causa dela redobram-se os conflitos, crescem as dores. A tolerância vai desertando dos corações e não são poucos os que supõem poder alcançar a justiça que reivindicam, semeando ódios, ferindo sentimentos e socalcando direitos alheios para valer o que acreditam ser os seus “direitos”, “direitos” nem sempre justificados.

            Se é natural que todos busquem defender direitos legítimos, é absolutamente certo que todos são obrigados, antes de os reclamarem, a demonstrar que atenderam integral e corretamente aos seus próprios deveres. É justamente o bom cumprimento dos deveres que cria os direitos legítimos. Não será com violência, nem espezinhando o próximo, que cada qual conseguirá gozar bem o seu direito. Este é sempre uma decorrência direta do dever. Além disto, há outras obrigações de ordem moral que devem levar os homens a atitudes mais serenas e tolerantes, conciliadoras mesmo, quando tiverem de fixar as suas reivindicações. O que for obtido irregularmente, provocará consequências igualmente irregulares. Todos teremos sempre a colheita a que fizermos jus, tudo de conformidade com a semeadura que houvermos feito.

            Eis porque o espírita que deseja ser feliz em Deus deve, antes de tudo, condicionar sua conduta aos princípios que constituem a Doutrina Espírita, com base no Evangelho, certo de que as vitórias alcançadas, por outros meios, só lhe darão transitória satisfação, pois será fatalmente substituída por derrotas determinadas pela “lei de Retorno”, isto é, pela Lei de Causa e Efeito, que é uma Lei de Justiça.

            É de grave importância o papel daqueles que assumem a responsabilidade de pregar a Doutrina Espírita e o Evangelho em Espírito e Verdade. Devem levar sua tarefa ao máximo de interesse e sacrifício, porque a Humanidade está jogando a sua sorte. Ela terá de mudar de rumo, pensando mais no Bem, policiando seu próprio comportamento, se pretende fugir com êxito de provações mais amargas que o futuro lhe poderá reservar.

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