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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

O verdadeiro Espírita



O Verdadeiro Espírita
Irmão Job
Reformador (FEB) Fevereiro 1951

Todos aqueles que, bem intencionados, ingressam na Seara Espírita, julgam, devido à falta de experiência e de estudo doutrinário, existir entre todos os adeptos da Doutrina dos Espíritos a mais perfeita compreensão, solidariedade e fraternidade; por isto, depois de algum tempo, muitos ficam decepcionados, como se a Doutrina Cristã tivesse culpa dos erros dos homens e começam a fazer insistentemente as seguintes perguntas: - Por que razão vivem os espíritas tão dispersos, trabalham tão separados, possuem opiniões tão diferentes e adotam métodos tão diversos uns dos outros? Não é a mesma a doutrina que servem e defendem? Não possuem a mesma fé, segundo Kardec afirma, "capaz de encarar a razão face a face em todas as épocas da Humanidade", a fé que enche o espírito e purifica o coração? Não é a mesma Bandeira que segue à frente da Caravana Espírita? Não é o mesmo programa de caridade que adotam e não são os mesmos ideais cristãos que desejam objetivar? Porque, então, esta separação e desigualdade de opiniões e de atitudes?

Esses neófitos não podem compreender, dada a sua transparência, pureza de intenções e falta de conhecimentos gerais, o motivo das atitudes e dos gestos de muitos que se distanciam dos outros companheiros de labores espíritas, como se houvesse barreiras intransponíveis que os estivessem separando, quando a Doutrina ensina a amar e manda que todos se unam em nome do Cristo e trabalhem pelo bem coletivo.

A Doutrina Espírita não é responsável, nem podia ser, uma vez que o espírito possui o livre arbítrio, pelos desvios dos homens, pela sua desobediência e deslealdade aos Evangelhos de Jesus.

Num educandário o regime adotado e os ensinos ministrados são os mesmos para todos os alunos, entretanto, enquanto uns são premiados e outros reprovados e, pior ainda, são expulsos como indesejáveis, como nocivos aos seus colegas; enquanto uns estudam seriamente, com todo o gosto e interesse, aprendendo realmente as lições, a fim de se tornarem mestres e ensinarem depois, outros, preguiçosamente, não comparecem às aulas e terminam abandonando os estudos por julgá-los aborrecidos e desnecessários.

- Que culpa tem o educandário e seus professores pelo descaso dos alunos para com os estudos e, também, do seu mau comportamento?

Não se pode exigir, porque não é possível conseguir-se, que, num colégio, todos os alunos estudem e progridam da mesma forma, uma vez que cada um possui gênio diferente em virtude da desigualdade de situação moral e intelectual, em consequência da posição espiritual.

Demais, não se pode esperar que um aluno do jardim da infância e mesmo do curso primário tenha a mesma cultura e alcance intelectual dos alunos do curso ginasial, como estes não podem ter os mesmos conhecimentos daqueles que já estão nas faculdades superiores, salvo os gênios, aqueles altamente evoluídos, que possuem as ideias inatas, enfim, os missionários.

Entretanto, quando o educandário é verdadeiramente cristão e obedece rigorosamente aos princípios evangélicos, nos seus alunos encontramos desigualdade de inteligências e de gênios, mas, a mesma disciplina celestial, a mesma educação moral e religiosa, muita união entre si e amor uns aos outros e ao colégio que tantos benefícios lhes está proporcionando.

O que faz um educandário cristão e garante o bom êxito do seu empreendimento não é o seu nome e muito menos a sua aparência suntuosa e confortável e sim os métodos sadios adotados pelos seus dirigentes, a cultura intelectual, moral e evangélica dos seus professores, aliada a uma exemplificação completa e perfeita dos ensinos salvadores do Divino Mestre.

A garantia de um edifício está na sua base. Se, esta base é sólida, se foi construída de acordo com todas as exigências da Engenharia, o edifício estará livre de ruir, de ser derrubado pela força do vento ou pela fúria da tempestade, tudo suportará fácil e serenamente como os indestrutíveis rochedos diante da violência do mar sempre revolto.         

Pois bem, meus irmãos, é preciso fazer da Seara Espírita um educandário verdadeiramente cristão, para que todos os adeptos da Doutrina dos Espíritos se eduquem cristãmente e como os verdadeiros cristãos pensem, falem e procedam. Mas, é preciso não esquecer jamais que um educandário para ser verdadeiramente cristão é necessário que obedeça rigorosa e misericordiosamente aos Evangelhos de Jesus.

Construí, portanto, o edifício salvador do Cristianismo do Cristo dentro e fora de vós, lembrando-vos sempre de que a garantia da felicidade individual e coletiva está na cristianização perfeita de cada homem, principalmente de cada adepto da Doutrina Espírita-Cristã, incumbida de irmanar e conduzir todas as almas para o Reino de Jesus.

O verdadeiro espírita não é o médium que recebe comunicações de Espíritos e muito menos aqueles que abraçaram o Espiritismo convencidos pelo fenômeno mediúnico, atraídos pelo interesse na caridade material dispensada pelas criaturas benevolentes.

O verdadeiro espírita é aquele que se converteu à moral espírita e a pratica rigorosamente, que é justo e misericordioso, desinteressado e sincero, enfim, que concorre para o progresso do Espiritismo ensinando e exemplificando os Evangelhos de Nosso Senhor Jesus-Cristo.

O verdadeiro espírita não se decepciona com o mau comportamento dos seus semelhantes, porque vê em cada homem um espírito ignorante, falido, em trânsito por este mundo de provações penosas para desenvolver os seus bons pendores e aprender a sufocar os maus até extingui-los completamente.

Respondendo às indagações feitas no princípio desta mensagem, dizemos o seguinte: muitos espíritas ainda vivem dispersos porque ainda não se cristianizaram: trabalham separados porque, não possuindo iluminação interior, não podem harmonizar-se com o exterior, principalmente com o exterior sadio, por isto, só procuram os que, como eles, também estão no escuro; possuem opiniões diferentes porque ainda não são do Cristo de Deus; adotam métodos diversos porque ainda não compreenderam a Verdade, por este motivo não pensam no bem coletivo e sim em si mesmos, nas perigosas e falsas honras temporárias do mundo.

Pelo exposto, pode-se bem compreender que esses espíritas, homens infantis, aparentemente servem e defendem a mesma Doutrina, mas, na realidade, estão desservindo a Santa Causa e prejudicando fortemente o seu próprio progresso espiritual, pois quem com o Cristo não ajunta contra Ele espalha e quem não põe o Azeite da Virtude na Candeia de seu coração, na Hora da chegada do Senhor, não pode tomar parte nas Bodas da Verdade, porque esta desprevenido, no escuro e condenado pela mentira e pela pobreza da sua alma ingrata, injusta, desobediente e infiel.

Os maus espíritas creem firmemente na existência dos Espíritos, possuem a fé inabalável no fenômeno mediúnico, porém, não a fé cristã que purifica e diviniza os sentimentos; por isto, aplaudem veementemente a passagem gloriosa da Caravana Espírita, mas, não a acompanham para o Reino de Jesus; fazem, algumas vezes, a caridade material e utilizam-se dos seus benefícios, porém, não ajudam os seus companheiros a socorrer os necessitados morais nem se sacrificam pelo bem da Humanidade; a separação entre eles e a desigualdade; de opiniões e de atitudes são motivadas pela diferença de situação espiritual, pois que se encontram no mesmo mundo, podendo até morar na mesma casa, mas, moralmente, a distância que os separa é infinita, porque estão em planos mentais completamente opostos, por esta razão não se entendem nem se harmonizam. É o resultado admirável das Leis de afinidade e de causa e efeito.

Compete aos mais esclarecidos, a exemplo de Jesus de Nazaré, sacrificar-se em benefício dos ignorantes, e aos responsáveis pela propaganda da Doutrina Espírita-Cristã, organizar os trabalhos doutrinários, fazer a uniformização sistemática dos métodos adotados, a fim de que todos aprendam pela mesma cartilha, cada coisa seja colocada no seu devido lugar, para que os maus espíritos se tornem bons e os convencidos da Verdade se convertam à Verdade e também se salvem e alcancem a vida eterna.
(Ext. do Boletim do Instituto Espírita “João Evangelista”, nº 38.)

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