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quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Nossas limitações



Nossas limitações
Lino Teles (Ismael Gomes Braga)
Reformador (FEB) Janeiro 1941

Em palestra com um dos nossos mais caros e esclarecidos confrades, ouvimos estas proposições que merecem meditadas por outros: “As antigas escolas espiritualistas cometem, o erro de pensar que seja mais fácil subirmos aos Espíritos Superiores, do que descerem eles até nós; justamente o contrário é a verdade: para tudo tem aquele muito mais facilidade do que nós”.

As aparências iludem. Nunca a razão esta integralmente com uma das partes em litígio. Quase sempre, quem parece não ter razão ainda tem uns dois ou três por cento de razão e quem nos parece tê-la toda só tem 98 ou 99 por cento.

Sem dúvida, os Espíritos Superiores têm muito mais facilidades de descer até nós, do que nós subirmos até eles, pois que nos é impossível improvisar uma ascensão incompatível com o nosso grau de evolução; no entanto, a nossa falta de preparo torna inútil a descida dos Espíritos Superiores. Não os entendemos, não lhes damos atenção e, não raro, os crucificamos, se encarnam.

Só nos é dado o pouco que podemos aproveitar, do mesmo modo que um professor de Universidade não perderia suas preleções com alunos do curso primário, porque sabe de antemão que não seria entendido. A obra do mestre-escola tem que preceder à do lente de Ginásio e esta à da Universidade.

Os adversários do Espiritismo tiram contra ele argumento do fato de que os Espíritos só nos dão literatura humana, não operam prodígios, não nos trazem as grandes descobertas que deveriam transformar o mundo da noite para o dia, como se eles tivessem por encargo forrar-nos a todo esforço; a todo trabalho, transformando-nos em autômatos. Verdade, porém, é que já nos dão muito mais do que a média dos nossos intelectuais pode assimilar: proclamam e demonstram a sobrevivência da alma humana e a lei das reencarnações evolutivas. Quantos por cento dos homens que cursaram escolas superiores no mundo presente aceitam e se adaptam aos ensinamentos já mil vezes repetidos na literatura mediúnica dos últimos cinquenta anos?

Sem vencermos as nossas próprias limitações, a obra dos grandes Espíritos não pode produzir os desejados efeitos. Disso temos prova tristemente expressiva no emprego dado à Revelação Cristã durante os dez séculos da Idade Média. Os "cristãos" se serviram de sua poderosa organização para os fins mais opostos ao ensinamento dos Evangelhos!

Outro triste exemplo encontra-se na Revelação Antiga. Moisés recebe as Tábuas da Lei, com o mandamento expresso; "Não matarás", e o primeiro dos seus atos é determinar uma grande matança entre seus próprios compatriotas (1)!

O progresso não se Improvisa. Os Guias não podem antecipar os tempos. Nossas limitações lhes opõem barreiras intransponíveis dentro de certo momento.

Nada vale a nossa Impaciência! São imensas as nossas limitações!

(1)     Vide: “Êxodo”, cap 32, v 25 a 28

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