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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Dos Alfarrábios



“Dos Alfarrábios”



            Alfarrabista de primeira, ocorreu-me convidar o leitor a partilhar comigo do manuseio de amarelados registros, sempre muito ilustrativos e nunca desinteressantes. Há nomes e fatos no cartapácio de todo bom arquivista e que valem ensinados ou recordados. Senão, vejamos.

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            O vocábulo desencarne, como substantivo, não existe. Diga-se e escreva-se sem receio algum: desencamação. O sufixo que exprime o ato ou o efeito de alguma coisa é quase sempre ão.

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            Ismael esteve pela última vez na Terra como filho de Abraão e da escrava Agar, do tronco dos ismaelitas (árabes). Vide referências em Gênese, cap. 16, versículos 11, 15 e 16, e cap. 25, versículo 13.

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            Foi Ismael Gomes Braga quem apresentou “O Livro de Tobias”, que todo espírita deve ler imediatamente pela extraordinária ampliação que empresta ao entendimento dos Evangelhos. Foi editado pela FEB.

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            Não existe, nem no Velho nem no Novo Testamento, a célebre afirmativa imputada a Jesus: “A 1.000 chegarás; de 2.000 não passarás”. Parece que foram os protestantes os inventores da metástase.

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            Allan Kardec, ao contrário do que muitos supõem, não foi médico nem advogado.

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            Chico Xavier, a confrades de Franca, a propósito da publicação de meu artigo “Um Gosto e 4 Vinténs!”:
             - «Roustaing colocou Jesus no seu verdadeiro lugar» ...

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            Divaldo Pereira Franco, para o Vice-Presidente da FEB:

            - «Somente através de Roustaing se conhece realmente Jesus».

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            Yvonne Pereira: - «Jamais fui contra Roustaing».

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            A última retratação das irmãs Fox, desta vez a favor do Espiritismo, foi publicada à página 619 do «Light», de 1888, e pela imprensa de Nova Iorque em 20 de Novembro de 1889.
            Os livros contra o Espiritismo - principalmente os católicos -- fazem questão de omitir esse detalhe.

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            O nome completo da extraordinária médium que serviu de intérprete aos apóstolos e a Moisés para a recepção da “Revelação da Revelação” era EMILIE COLLIGNON. Médium mecânica, foi mãe de um dos prefeitos de Paris.

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            Dum poema ditado por Victor Hugo, inserto em “Verités Éternelles” e traduzido por Antônio Lima.

Supondes que Jesus, ao descer sobre a Terra,
Se envolvesse em matéria igual à em que se encera
O vosso corpo? Não! isso é inadmissível.
Pois viver entre nós assim fora impossível.
Era sua matéria o fluido imponderável ;
Do corpo, a natureza era leve e mutável,
E, para se tornar entre nós aparente,
Ele, que ocupa Além um lugar eminente,
Teve de lançar mão de meios inauditos,
Cujo segredo está lá nos céus infinitos.

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                        Nem sempre o nascimento de Jesus se comemorou a 25 de Dezembro, data que resulta de simples tradição estabelecida por volta do ano 350 da nossa era, quando, para facilitar a conversão dos gentios, a liturgia cristã utilizava as festas pagãs. Até então o seu nascimento, acreditavam alguns, se verificara a 19 de Abril, enquanto para outros se dera a 29 de Maio ou 28 de Março, e, por muito tempo, no Oriente se admitiu que a 6 de Janeiro. O dia 25 de Dezembro foi escolhido, segundo opiniões autorizadas, por ser o da festa do Deus Mitra ou do Sol lnvencível e que devia tornar-se o da comemoração daquele outro astro do qual Malaquias dissera: «Sobre vós que temeis o meu nome, erguer-se-á o Sol da Justiça» (IV, 2). Segundo o acadêmico francês Daniel Rops, em seu livro «Jesus em Seu Tempo», no qual cita as opiniões mais recentes e autorizadas, a morte de Jesus se deu no dia 7 de Abril.

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            Uma tradição aceita por muitos autores diz que a sentença dada por Pôncio Pilatos, mandando crucificar Jesus, foi a seguinte:

            «Ao décimo sétimo ano do Império de Tibério César, e vigésimo quinto dia do mês de Março, na cidade de Jerusalém, sendo Anás e Caifás Sacerdotes e Sacrificadores do Povo de Deus, Pôncio Pilatos, Governador da Baixa GaIileia, assentado na Sede Presidial do Pretório - Condena Jesus de Nazaré a morrer numa cruz entre dois ladrões. Visto que as grandes e notáveis testemunhas do Povo dizem: 1") Que Jesus é sedutor; 2Q) Que é sedicioso; 3Q) Que é inimigo da Lei; 4Q) Que se diz falsamente Rei de Israel; 5Q) Que se diz falsamente Filho de Deus; 6Q) Que entrou no Templo, seguido de uma multidão, trazendo palmas na mão. Ordena ao Primeiro Centurião Quinto Cornélio que o conduza ao lugar do suplício. Proíbe-se a todas as pessoas, pobres ou ricas, que impeçam a morte de Jesus. As testemunhas que assinaram essa sentença, contra Jesus, são: 1º) Daniele Robam (fariseu); 2º) Tomás Zorobatel; 3º) Capet (homem público). Jesus sairá da cidade de Jerusalém pela Porta «Struenea».

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            A Ave-Maria é uma oração católica, composta de três partes, as quais são: 1ª - as palavras do anjo Gabriel, na narrativa evangélica da Encarnação (Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo); 2º - a saudação pela qual Isabel, mãe de João Batista, acolheu a Virgem, sua prima (Bendita sejas tu, entre as mulheres, bendito o fruto do teu ventre); 3º - a invocação à Virgem (Santa Maria, Mãe de misericórdia, etc.). As duas primeiras partes, que foram tiradas do Evangelho, são de uso muito antigo na Igreja; figuram, textualmente ou por uma forma equivalente, na liturgia de S. Tiago Menor e no Antifonário de São Gregório Magno. As palavras da terceira parte são, no entender dos cardeais Baronio e Bona, uma adIção devida ao concílio de Éfeso, em 431. A Ave Maria encontra-se numa coleção de orações do bispo grego Severo, patriarca de Alexandria no século VII, com exceção das últimas palavras (agora e na hora da nossa morte), as quais são muito mais recentes e parece deverem a sua origem aos franciscanos. A Ave-Maria foi traduzida por Dante em versículos italianos e comentada por São Bernardo, São Tomás de Aquino, Savanarola, etc. Esta oração tem sido muitas vezes posta em música. Entre as composições mais conhecidas existem as de Fenaroli, de Carafa, de Verdi e de Gounod.

            Os espíritas, embora contrários às orações decoradas, têm por vezes proferido a Ave Maria, fazendo-lhe entretanto algumas óbvias alterações. Onde está «Mãe de Deus» passa a ser «Mãe de misericórdia»; onde está «na hora da nossa morte» passa a «do nosso desenlace»; onde está «Amém» passa a «Assim seja».

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            Passagens do Velho Testamento em que o Salvador é anunciado:

            Isaías, 7:14 - 8:8 - 9:6 - 16:5 - 40:3.
            Deuteronômio, 18 :15, 18.
            Zacarias, 6 :12.
            Miqueias, 5:2.
            Jeremias, 23:5.
            Malaquias, 3 :1.
            Salmos, 132 :11.
            II Samuel, 7:11.

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            Escreva assim, para escrever certo: HIPPOLYTE LÉON DENIZARD RIVAIL. Querendo maiores esclarecimentos, reporte-se ao nº de Abril de 1963 de “Reformador”, pág. 95.

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            Concepção de Léon Denis sobre Deus, em face da evolução eterna:

            Deus é a unidade; Deus é o 1. A criação é O, Esta caminha infinitamente na direção d'Aquele, podendo-lhe serem acrescentados quantos algarismos se queira, após a vírgula. Aproximar-se-á eterna e progressivamente. Mas nunca chegará à unidade! (“O Grande Enigma”, cap. VIII) .

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            Chico Xavier falando a “Fatos e Fotos”, em Maio de 1962, a propósito da sua paulatina cegueira:

            - “O pior tipo de cegueira não é a dos olhos do corpo, mas a da alma. Quem sofre deste último mal, está impossibilitado de ver a luz radiante, ofuscante mesmo, que emana do Todo Poderoso. E, infelizmente, cada vez cresce mais o número desses que caminham às apalpadelas nessa tremenda escuridão”.

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            Art. lº do Estatuto da Federação Espírita Pernambucana: “A Federação Espírita Pernambucana ( ... ) tem por finalidade: ( ... ) § 2° - O estudo teórico e experimental do Espiritismo, bem como a observância e a propagação de sua doutrina, subordinado ao seguinte programa: a) Sessões doutrinárias, de caráter público, onde se estudarão as obras de Allan Kardec, J. B. Roustaing e outras subsidiárias e complementares da Terceira Revelação ... )” .

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            Por esta vez, é só. Numa nova consulta ao baú dos alfarrábios, alinharei outros tópicos interessantes.


Luciano dos Anjos

Trechos de artigo publicado (sob mesmo título) em Reformador (FEB) Maio 1970




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