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segunda-feira, 8 de abril de 2019

A mediunidade e suas relações com a moral



A Mediunidade e as suas relações com a moral
por Carlos Imbassahy (pai)
Reformador (FEB) Outubro 1925

(A propósito de um artigo do Dr. Eugène Osty)

            Quem lida com médiuns e pode estuda-los em vida íntima, verifica que a sua mediunidade sofre a influência dos seus atos.

            Alguns sentem, mesmo, os rebates da consciência e emendam a mão; outros, menos vigilantes, fazem ouvidos moucos a essa voz íntima e não raro vemos perder-se, por isso, o precioso dom com que nascem muitas criaturas.

            Vejamos um exemplo.
           
            Contou-nos o Sr. Araújo Franco, nome muito conhecido na sociedade carioca o seguinte fato, sendo nós obrigado a conservar em sigilo os nomes dos protagonistas.
           
            ‘F’ tinha uma mediunidade notável.

            Não lhe faltava a assistência constante do seu guia. Ouvia vozes que o dirigiam, que o guiavam, que o aconselhavam; elas, não raro, lhe davam avisos premonitórios; os casos preanunciados se realizavam com absoluta certeza.

            Entre os fatos da sua mediunidade, conta-se o seguinte, bem interessante:

            Certa vez, sentara-se ao pé de si um cavalheiro.

            ‘F’, que não o conhecia, que nunca o vira, volta-se para o vizinho e entra a dar-lhe conselhos. E, à proporção que falava, o outro empalidecia.

            Os conselhos vinham a propósito, e de tal força foram, que o vizinho de ‘F’ ficou seriamente impressionado.

            Este tinha uma apaixonada e os pais da moça negaram-lhe a mão da filha.
Para vingar-se, ele conseguira que um cúmplice envenenasse a caixa d’água da casa em que residiam os progenitores da jovem que ele desejava por esposa.

            Com os conselhos de ‘F’, o envenenador, arrependido, tornou à casa ameaçada. Já o seu cúmplice tinha colocado o veneno na caixa; já uma quantidade da água envenenada tinha sido recolhida. Mas ainda ninguém se tinha servido daquela água.

            Ainda havia tempo, portanto. O tresloucado rapaz, para salvar as pessoas da casa teve que confirmar o delito. Esvaziaram a caixa, limparam-na, puseram fora a quartinha (moringa) e ficou indene a família alvejada.

            E, como tout est bien qui finit bien, pode-se a dizer que tudo foi bem.

            Arrependimento, perdão, reconciliação e a felicidade estendeu as suas asas sobre todos.

            Sobre todos, menos sobre o médium que não soube medir a extensão de sua responsabilidade.

            A nosso ver, quando Foi a graça recebida - a de poder salvar do crime um infeliz e da morte uma família inteira.

            Pelas vicissitudes da vida foi ele, o médium, obrigado a ir para o interior. Aí, em certa ocasião, meteu-se num conflito, puxou de uma faca e a enfiou no ventre de um agressor.

            Pois foi-lhe a mediunidade. Ela morreu com o ofendido, com a vítima do seu punhal.  Nem mais as vozes, nem mais os avisos, nem mais os prenúncios, nem mais o guia, nem mais nada!

            Nada, absolutamente nada!

            Em torno do assassino fez-se o silêncio do espaço!

            Silêncio profundo, muito mais apavorante que o silêncio da Terra. Terrível silêncio, esse, com efeito, o da consciência, pelos temores que nos dará ao despertar!

            Não se poderá, nesse caso, dizer que a extinção da mediunidade derivasse de uma causa orgânica; que houvesse uma relação entre ela e o corpo físico do médium.

            Ele conserva a perfeita integridade dos seus órgãos e o uso das suas funções.

            O dom mediúnico é que se extinguiu com todas as suas consoladoras consequências.

*

            Se algum dia o Criador o permitir, faremos o estudo da mediunidade de uma senhorita que, por espaço de três meses frequentou as nossas sessões. Podemos, num espaço de cinco anos de estudos, obter, pela primeira vez, a identidade perfeita de Espíritos (perfeita, veja-se bem), sem que para ela pudéssemos invocar nenhuma, absolutamente nenhuma, das teorias apresentadas pelos meios científicos. Essa senhorita, porém, até onde nos foi possível indagar, tinha ou tem ainda, uma vida de sacrifícios, votada ao trabalho, ao sofrimento.

            De outras médiuns temos também obtido, embora em menor escala, efeitos surpreendentes, e nada vimos, afora os pecadilhos comuns à humanidade, nesses, em que tais efeitos se produzem, fatos que lhes pudessem comprometer seriamente a moral, sendo, muito antes, de notar, a sua conformação com os preceitos cristãos.

            Faz parte da moral cristã e é ponto capital dentro da doutrina espírita, que se deve dar de graça o que de graça recebermos.

            Pois bem, os médiuns que não cumprem esse mandamento, sofrem grandes contratempos e, em grande número de vezes, às perturbações de que são vítimas se junta a perda da mediunidade.

            Certo, se há de ver, este ou aquele médium, de quem se sabe que recebe remuneração mais ou menos disfarçadamente pelos serviços de sua mediunidade, e que, no entanto, ainda a possui em grau mais ou menos notável.   

            Mas, muitas vezes, também, o que entra por uma das mãos sai pela outra a serviço da caridade.

            E daí o segredo. Daí a razão de se poderem verificar ainda os frutos de uma mediunidade mal exercida. 

            Certos pesquisadores completamente estranhos ao Espiritismo, tem notado o fato que aí deixamos exposto – que os melhores médiuns são os que não exploram a dádiva que lhes concedeu o Criador.

            Harry Price, psiquista americano, se tem preocupado com a doutrina espírita; é um simples observador e nada mais. Ele nos diz, no número de Maio de 1924, do The Journal of the American Society for Psychical Research:

            “Não tenho inclinação a formular teorias. A hipótese espírita é igual a qualquer outra.”
           
            Por aí se vê a sua nenhuma inclinação pela nossa doutrina.

            No entanto, o mesmo pesquisador que tem mantido grandes desconfianças pelos trabalhos dos médiuns, a que tem assistido, acaba de apresentar-nos resultados admiráveis com os fenômenos verificados por Sletta C..

            Esse médium foi, talvez, o único médium não remunerado, que ele conheceu.

            Em Novembro de 1924, escrevia na revista “Light”, mis C. Walker: Os mais interessantes fenômenos que eu tenho visto foram produzidos por dois médiuns não profissionais: Willy Schneider E Fran Silbert, de Gratz.

            Tais os ensinamentos dos fatos. Eles nos estão a abrir os olhos a todos os momentos. Com a terceira revelação veio a prova dos grandes ensinamentos que os profetas tem trazido à Terra e que culminaram nos Evangelhos do Cristo.

            Felizes os que tiverem olhos de ver e ouvidos de ouvir!

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