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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Os erros das Igrejas



                    “Vamos citar um só exemplo da diferença entre "igreja" e "religião", para demonstrar que as igrejas erram, mas a Religião não erra, é divina e eterna. 

            Estava anunciada a vinda do Messias pelos profetas de Israel. Todos o esperavam. Ele veio e o povo o reconheceu e aceitou de todo o coração. Mas a igreja (os principais sacerdotes) teve medo de sua popularidade, que punha em risco seus velhos privilégios políticos e econômicos e tratou de prendê-la e matá-la à traição (Mateus, 26: 3-5) .

            A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mat. 21:1 a 11) mostra que o povo judeu aceitou a Jesus como o Messias que tinha de vir. Foram exatamente as aclamações do povo que exasperaram os sacerdotes (Mat. 21:15-16) contra Jesus. A igreja temia o povo (Mat. 21:45-46), porque o povo compreendeu que Jesus de Nazaré era o Messias prometido e lho havia demonstrado cabalmente pelas suas palavras e atos.

            Fato curioso: a igreja judaica uniu-se aos materialistas (saduceus) no combate a Jesus, justamente como hoje faz a Igreja Católica, unindo-se aos materialistas modernos, para combater o Espiritismo. É a mesma história: todas as armas parecem boas, desde que destruam, sem perceberem que destroem igualmente a si mesmos.

            A minoria insignificante do povo israelita formava sua igreja, tinha o seu tribunal, o Sinédrio, e cometeu o grande erro da história religiosa: condenou a Jesus e desencadeou contra ele e seus continuadores uma propaganda universal, conquistando para o Judaísmo um ódio igualmente universal que chegou aos nossos dias.

            Quando o Cristianismo se constituiu em igreja romana, tomou represálias contra os judeus, que foram as grandes vítimas da Inquisição e sofreram as maiores injustiças através dos séculos, bastando recordar os pogroms russos e a matança em massa de judeus pelo hitlerismo nos anos de 1933 a 1945. Mas cumpre reparar essa injustiça: o povo judeu e muito menos seus descendentes não são culpados pelos erros dos sacerdotes das duas igrejas. Cumpre hoje aos judeus reconhecerem que seu povo aceitou a Jesus de Nazaré como o Messias prometido e que devem colocá-lo como o maior de seus profetas, pois que o erro de condená-lo foi igual ao que condenou a Isaías e a outros profetas, mais tarde incluídos nos livros sagrados do Judaísmo. É dever dos cristãos reconhecer que o povo judeu não foi nem é responsável pelo crime praticado por aquela minoria sacerdotal que formava a igreja judaica ao tempo de Jesus de Nazaré. Os judeus e os cristãos devem unir-se fraternalmente no mesmo bloco religioso, esquecendo para sempre os erros de seus infelizes líderes religiosos.

Ismael Gomes Braga
Trecho de artigo sob título
‘Religião, Igrejas e Comunismo’
publicado in Reformador (FEB) Julho 1961

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