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segunda-feira, 1 de julho de 2013

07. Mediunidade é...



07) Mediunidade é
ensejo de aprimoramento espiritual

por Indalício Mendes
Reformador (FEB) Agosto 1958

            Sem profundo espírito evangélico não será possível viver o Espiritismo Cristão. Nem os médiuns que se dedicam ao nobre e difícil trabalho de caridade espírita podem prescindir da orientação evangélica. Preciso se torna, contudo, seguir de perto, sem desânimo, antes com crescente interesse e não pequena tenacidade, o roteiro doutrinário que naturalmente conduz a criatura à compreensão da vida humana, porque confina com o Evangelho. Para que possa usufruir os benefícios espirituais de uma semeadura bem feita, o homem necessita, principalmente se lhe cumpre executar tarefas mediúnicas, ter em mente que a vida na Terra está subordinada a uma Lei de Solidariedade, que o traz ligado ao passado e ao futuro. Ninguém pode, no presente, permanecer liberto dos compromissos adquiridos ontem e dos que vai assumindo agora, em cada instante. Esses compromissos se refletem fatalmente no porvir e são eles que estabelecem a diretriz que o Espírito encarnado terá de seguir amanhã. A essa Lei de Solidariedade acha-se unida uma outra lei, de ação positiva e inexorável: a Lei de Causa e Efeito. Estejamos agindo bem, ou estejamos procedendo mal, jamais podemos fugir à ação dessa importante lei. Eis porque se torna muito valioso para cada um de nós seguir, com a maior fidelidade possível, a Doutrina Espírita, identificando-a com os luminosos princípios evangélicos.

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            Torna-se aconselhável que todos os centros e núcleos espíritas do País procurem uniformizar seus trabalhos, tomando por norma a Doutrina codificada por Allan Kardec. Nos esforços realizados para consolidar cada vez mais o Pacto Áureo, muita coisa pode ser feita por qualquer espírita, de per si, buscando familiarizar-se com as determinações doutrinárias, ao mesmo tempo que abandonando quando não se encontrar compatível com esses ensinamentos. Fortalecer o Espiritismo é o dever de todos, mas só há um caminho certo para isso: estudar e propagar a Doutrina através da exemplificação quotidiana. Nenhuma propaganda é mais positiva do que o exemplo. É isto o que os Espíritos de grande envergadura moral esperam de todos os que se dizem espíritas. Espiritismo não é passatempo nem diletantismo: é compromisso sério de cada um com todos, com a Humanidade, sem restrições de ordem ideológica, partidária ou de que natureza for. Trazemos no espírito a marca do passado e o futuro nos apontará os estigmas do presente. Dizer-se que Deus castiga é uma expressão vinda de religiões mal cristianizadas, e não corresponde à verdade. Deus não castiga. Sabemos o que nos cabe fazer para nos elevarmos moral e espiritualmente. Acontece que estamos subordinados a Leis e sofremos quando as infringimos, assim como somos felizes quando vivemos de acordo com elas. Atribuir a Deus atitudes coléricas como as do Jeová bíblico, será negar a própria substância do espírito cristão. Essa ideia herética é fruto de uma desmoralizada técnica dogmática, destinada a indivíduos sem liberdade de discernir ou que, por fanatismo ou ignorância, abdicam o direito de raciocinar com lógica, transferindo a outrem o exercício da reflexão e do pensamento. Um Deus infinitamente bom não pode castigar nem matar, nem fazer sofrer. Temos leis a cumprir e essas leis vigoram para o rico e para o pobre, para o forte e para o fraco, para o poderoso e para o desamparado, para todas as raças humanas, sem distinção.

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            Somos responsáveis por nossos atos e sofremos as consequências deles, ainda que muitas vezes nos suponhamos atingidos por punições imerecidas, porque não nós recordamos de ocorrências de vidas anteriores à presente. Portanto, somos nós mesmos que nos castigamos e premiamos. Temos a nosso alcance a possibilidade de melhorar a nossa posição em face do presente e do futuro, harmonizando a vida com as Leis acima referidas. E essas Leis se encontram sabiamente expostas na Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec. A mediunidade, em nossa opinião, pode ser, na maioria dos casos, uma evidência de dívidas a amortizar. Por isto é que os médiuns muitas vezes têm de arrostar sacrifícios e de enfrentar dificuldades não pequenas, que lhes parecem injustas. Pensando bem, no entanto, tais sacrifícios e dificuldades constituem provas que eles precisam superar e devem fazê-lo galhardamente, com uma compreensão muito clara das obrigações espirituais assumidas. Não há médium sem tarefas. Aqueles que, portadores do dom mediúnico, fogem ao trabalho, cometem erro grave contra o futuro de seu Espírito. Os que mercantilizam a mediunidade, felizmente poucos, pagam juros pesadíssimos, cuja cobrança pode começar na presente peregrinação terrena. Esta é uma verdade, inelutável.

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            O médium que não estuda “O Livro dos Espíritos" e “O Livro dos Médiuns", fortalecendo-se em “O Evangelho segundo o Espiritismo", age sem orientação doutrinária, que é essencial à segurança e eficiência de seu trabalho. Pelo menos esses três livros são imprescindíveis a uma boa diretriz. Todavia, o ideal será conhecer todos os livros de Kardec, como, ainda, “O Céu e o Inferno", “A Gênese" e “Obras Póstumas". Acrescente-se a extraordinária obra que Roustaing legou ao Espiritismo e que contém amplos e notáveis esclarecimentos sobre o Evangelho: "Os Quatro Evangelhos", obra esta que Antônio Luiz Sayão sintetizou em "Elucidações Evangélicas". Compreendemos que nem todos os médiuns em atividade possam ler muitas obras. Neste caso, façam de “O Livro dos Espíritos", “O Livro dos Médiuns" e “O Evangelho segundo o Espiritismo" seus companheiros frequentes nas sessões de estudos, sempre úteis a encarnados e desencarnados.

            O exercício adequada da mediunidade enseja a quem a ele se entrega o aprimoramento espiritual, porque ajuda a criatura humana a quebrar os grilhões de erros e faltas passadas. Deste modo, a mediunidade deve ser abençoada e protegida.


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