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sábado, 18 de outubro de 2014

Novas Revelações


Novas Revelações
Leopoldo Cirne
por W. Vieira
Reformador (FEB) Novembro 1962

            Clamas por revelações transcendentes através dos canais medianímicos.

            Com razão almejas o bem de todos no esclarecimento comum; entretanto, a revelação há de ser gradativa para ser produtiva.

            A Humanidade atravessa hoje a puberdade espiritual, fase crítica de progresso, período de transição, caminho de novo ajuste.

            Efetivamente, existem no Plano Superior inventos e descobertas que o homem está longe de conceber; no entanto, como apressar-lhes o surgimento no plano físico sem a necessária certeza de que se farão recursos do bem?

            A locomotiva não corre sem trilhos. O avião pede base. A própria profecia há de, acomodar-se nas hipóteses e nos símbolos para não arruinar o presente no circulo vicioso de inúteis indagações.

            Em toda a parte, exprime-se a luz por graus, preservando a visão, tanto quanto o alimento requisita dosagem no sustento à saúde.

            Adotemos atitude construtiva e serena no levantamento da evolução que, no fundo, é semelhante ao edifício que se alteia, tijolo a tijolo.

            Pressa é dissipação.

            Habitualmente, quando encarnados, abeiramo-nos dos missionários das grandes renovações para confundir-lhes a obra, ao invés de ajudá-la.

            Desprezando as forças da luz que nos convidam paro a vanguarda, mancomunamo-nos espontaneamente com aqueles mesmos irmãos do passado menos feliz, na retaguarda sombria a que ainda nos filiamos.

            E aderimos, sem perceber, à perturbação instintiva.

            Se a luz nos visita, procuramos as trevas.

            No foguete pirotécnico da alegria, buscamos inspirações para o balístico intercontinental da morte rápida...

            Das máquinas de solidariedade entre os povos, criamos bombardeiros destruidores...

            Do conhecimento do átomo para a paz, forjamos a bomba dos megatons que se pluralizam...

            O próprio Espiritismo não escapou de nossas intromissões indébitas.

            Da tiptologia digna e séria, muito gente passou aos espetáculos frívolos das mesas girantes...

            Companheiros invigilantes transfiguraram a clarividência em salão da buena-dicha...

            Da psicofonia edificante, outros muitos fizeram arena de ociosa conversação...

            E apareceram oportunistas à margem da sementeira.

            Se um pai desencarna, surgem filhos que lhe desejam a voz pelo filtro mediúnico, não para haurirem consolações, mas para resolverem processos de herança nos tribunais.

            Se um amigo parte para o Além, é invocado por muitos à conta de oráculo em problema de que só a polícia pode ser fiadora.

            À vista disso, de que serviriam a materialização incondicional das inteligências desenfaixadas da carne, o desdobramento da personalidade a qualquer hora, a comunicação ostensiva e indiscriminada da multidão com a Esfera Espiritual ou o intercâmbio imediato e positivo com os habitantes desencarnados de outros planetas?

            Não podemos entregar uma tocha acesa à criança, sem a pena de vê-la calcinar a si própria.

            Saibamos, assim, crescer para o Infinito, a que somos destinados na Criação, através do trabalho que devemos ao nosso aperfeiçoamento...

            Não vale fazer lume, queimando o embrião da vida.

            Cinzas não formam luz.

            Entesouremos responsabilidades e o Senhor nos considerará responsáveis.

            Não há verdadeira conquista sem justo merecimento.

            Em matéria de novas revelações, por agora, é preciso aprender a amar para conhecer, assim como quem se dispõe a sangrar os pés na escabrosa subida para alcançar os cimos e descortinar mais amplos trechos da paisagem na grandeza da luz.


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