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domingo, 16 de janeiro de 2011

1ª Mensagem do Espírito de Bezerra de Menezes




Mensagem do Espírito de         Bezerra de Menezes



Fonte:  Editorial do  Reformador (FEB)  em 16.04.1926
           
            Foi aos 11.04.1900, há 26 anos, quase às 11:30 horas de outonal manhã, serena, suave, luminosamente rodeado da família que eram todos seus discípulos, deixava o alquebrado corpo material o espírita hoje considerado sem favor e com justiça - Missionário da Doutrina no Brasil.
            O seu trespasse, dizem os que a ele assistiram emocionados, revestiu-se das características dos que o vulgo define e simplifica nesta frase: “Morreu como um Justo!”... 
            ...Recordar-lhe o exemplo, evocar-lhe a memória em momento de acerbas lutas e lamentáveis desvios, qual o que vamos amargurando todos os que lhe tomamos o pesado legado, é dever tão grato como necessário.
            Presidente da Federação desde 1889  e a ela chamado justamente quando profundas divergências cendiam o rebanho espírita em torno de idéias personistas e secundárias, o ilustre mestre - que de fato o era - traçou logo o seu programa na orientação evangélica, que temos procurado manter dentro do lema: Deus, Cristo e Caridade.
            Dizer da projeção desse espírito de escol, desse servo de Jesus, na evolução da Doutrina em nosso país, fora tarefa superior às nossas forças, enquadrável aos demais nos moldes de um simples registro de noticiário e também inútil, porque a sua obra não foi esquecida e muito menos interrompida, mas aí está abrolhante de vida em cérebros e corações.
            Ela está no culto de respeitoso afeto que lhe tributam quantos o reconheceram pelo exemplo na vida de relação e quantos dele recebem o influxo do mundo espiritual, através de comunicados que são verdadeiras esmolas divinas, pela solidez da Fé e pelo espírito de Caridade - os traços inconfundíveis da sua personalidade humana.
            Médico ilustre, político prestigioso, ele que teve do mundo e no mundo todos os elementos de triunfo - talento, saber, fortuna, renome - tudo, tudo deu em nome d’Aquele que o chamava à colaboração do restabelecimento do seu reinado na Terra, realizando em toda a inteireza grandiosa o grandioso preceito: “Aquele que quiser seguir-me renuncie a si mesmo!”
            Era fatal, era lógico: o médico ilustre, o político eminente, o parlamentar brilhante, o diretor da Companhia S. Cristóvão, morreu pobre, paupérrimo...!
            Não teve necrológios brilhantes de colunas inteiras nas gazetas da época; não teve funerais pomposos com serpentinas de carruagens luxuosas; não teve exéquias realçadas com o registro de nomes feitos, mas teve um exército de pobres, de obscuras e humildes criaturas que ele amou e protegeu, serviu e consolou das quais muitas, ainda hoje entre nós, trocaram as lágrimas da saudade de então, pelos amavios de uma prece, nessa comunhão permanente que as tonaliza para lhe seguirem a esteira, apesar de todos os percalços e fraquezas.
            Para dar aos nossos caros irmãos e leitores uma idéia da lucidez com que desencarnou o prógono do Espiritismo Evangélico, que foi de todos nesta casa o mestre insubstituível, damos abaixo a comunicação dele recebida no Grupo Ismael, de que fora Diretor, no dia imediato ao do seu passamento quando esse Grupo, fiel ao seu programa, comemorava a ‘Ceia do Senhor’.

            “Paz. Quanta ventura gozas, Oh! minha alma! Quanto sonhei, alma pecadora, filho que eu era dos vícios e do crime, aqui vir em espírito, no dia em que os discípulos, comemorando as endoenças, lêem e gravam nas suas almas o testamento de Jesus, assistir a essa comemoração!
            Mãe Santíssima, puro abrigo de todos os infortúnios, manancial celeste que dessedenta todas as almas, foste tu de certo, celeste Esposa, quem, orando ao Senhor, dirigindo-lhe uma oração, qual só a Virgem Imaculada pode fazer, despiu a minha alma das fezes do mundo que acabo de deixar e me restituiu ao Teu amado Filho, como se eu houvera sido lá na Terra um verdadeiro discípulo Seu; como se tivesse direito de sentar-me à mesa do banquete divino, de comer o sagrado pão e de beber o generoso vinho!
            Mãe Santíssima! Abrigaste-me no teu mundo celestial, aqueceste meu Espírito no teu puríssimo e santo seio. Sê bendita, Senhora sempre boa. Baixa os teus olhos sobre os meus amigos, oh! Virgem Gloriosa!
            São também teus filhinhos, como eu, que aflito, gemi e padeci na Terra, sempre de olhos cravados em Ti. Dá que eles possam compreender, oh! Virgem Imaculada, esse ensinamento que nos mostra o teu amado Filho, rei absoluto deste planeta, curvado como humilde servo, diante dos humildes pecadores, a lhes limpar os pés do pó da estrada que, peregrinos, trilhavam! Que eles possam compreender esse - AMAI-VOS UNS AOS OUTROS - certos, convencidos de que o amor que irradiarem de suas almas pelos seus irmãos evola-se, livra-se aos páramos, donde reina sobre a terra o teu bendito Filho, porque é  amor elevadíssimo que de Jesus lhes vem.
            Meus companheiros, meus amigos, é demais a recompensa!
            Saudades! Ouvi de mais de um essa palavra. Mas saudades, por que?
            Vê tu, meu velho amigo (dirige-se a Sayão), vejam todos vocês, como é fraco o Espírito do homem.
            Vocês, espíritas, meus companheiros, que falam a todo momento comigo, têm saudades e choram! Eu também choro a minha fraqueza.
            Oh! Deus! Oh! Jesus Cristo! Quando, pelos verdadeiros elos da amizade, pela verdadeira compreensão de teus ensinos, se estancarão as nossas lágrimas e essa palavra deixará de ter sentido na linguagem das criaturas, vivendo todos sempre unidos e ligados pelo coração?
            Estou junto de vocês, meus caros companheiros. Peço-lhes que não quebrem nunca essa cadeia sagrada.
            Como isto é belo, como isto nos eleva as almas!
            Obrigado a todos vocês, a todos vocês, obrigado. O Bezerra estará sempre unido aos vossos corações. O Bezerra pede a Deus e Deus há de permitir que ele continue a trabalhar e a produzir na seara bendita.

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