domingo, 28 de fevereiro de 2021

Espiritismo e Loucura

 

Espiritismo e loucura

por Antonio Wantuil de Freitas   Reformador (FEB) Março 1952

             De quando em vez, um que outro médico, voltando à vaca fria, se arvora em novo profeta e proclama em tons apocalípticos a nocividade do Espiritismo, destacando-o, já enfadonhamente, como verdadeira “fábrica de loucos”, cuja destruição se faz imprescindível para o bem público.

             As estatísticas fabulosas dos Leonidios e Xavieres já o foram e continuam a ser desmentidas por inúmeras autoridades ligadas à ciência das doenças mentais.

            Ainda agora, numa entrevista concedida a “0 Globo” de 19 de Fevereiro do corrente, no que se refere à liberação das bebidas alcoólicas durante os festejos de Momo, o Dr. Humberto Matias Costa, diretor do Hospital de Neuro-Sífilis, externou-se contrário a essa liberação, afirmando mais adiante:

             “'Trabalhando, como trabalho, em clínica de doenças mentais, posso constatar - e isso é coisa sabida - que a grande maioria dos doentes internados em hospitais de doenças mentais se compõe dos alcoólatras ou de filhos do alcoólatra. Os epilépticos, por exemplo, são, geralmente, descendentes de viciados do álcool.”

             Assim, mais uma vez nos certificamos de que a “grande maioria” nenhuma relação tem com os espíritas.


sábado, 27 de fevereiro de 2021

Prece


 Prece

por Camille Flammarion

Reformador (FEB) 16 Setembro 1918

             Ó misterioso Incógnito! Ser grandioso! Ser imenso! O que somos nós, pois? Supremo autor da harmonia! Que és tu, se tão grande é tua obra? Pobres insetos humanos que te julgam conhecer! Ó Deus! Ó Deus! Átomos, nadas! Quão pequenos somos! Quão pequenos somos!

            Como tu és grande! Quem pois ousou nomear-te pela primeira vez? Qual é o orgulhoso insensato que pela primeira vez pretendeu definir-te? '! Deus! Ó meu Deus! Todo poderoso eterno! Imensidade sublime e impossível de conhecer!

            E que nome dar àqueles que te tem negado, àqueles que em ti não creem, àqueles que vivem fora do teu pensamento, àqueles que nunca sentiram a tua presença, ó Pai da Natureza!

 

Domingos e Dias Santos



 Domingos e Dias Santos

por Vinícius (Pedro de Camargo) 

Reformador (FEB) Maio 1951

           O título desta crônica traz-me uma série de saudosas recordações.

            Conheci, em minha mocidade, um rapaz de temperamento jovial, sempre bem humorado, que viajava para uma grande casa comercial, com sede em Santos.

            Achando-se em certa cidade do interior, indicaram-lhe que ali se organizara uma firma para explorar o gênero de comércio que ele representava. Dirigiu-se, então, o aludido moço, aos componentes da nova organização, a fim de oferecer-lhes as mercadorias próprias do ramo a que se iam dedicar. Entrando em conhecimento direto com eles, perguntou-lhes qual era a sua firma. Responderam-lhe: Domingos & Dias Santos. Retruca de pronto o viajante: Nada feito. Sinto muito, mas não podemos encetar transações. Sua firma não inspira confiança porque não conta com os dias úteis! 

            Nos países latinos vigora o espírito daquela firma comercial com quem o “cometa” faceto (brincalhão) não quis entrar em entendimento. Os feriados e dias santos, impostos por força de decretos, quebram, a cada passo, o ritmo do trabalho, reduzindo a produção, e, consequentemente, acoroçoando (incentivando) a malandrice e a majoração do custo da vida.

            O farisaísmo (hipocrisia) de antanho (do passado) censurou o Educador Excelso - porque não impunha aos seus discípulos a guarda dos sábados. Revidando essa crítica, disse o Mestre: O sábado foi criado para o homem, e não o homem para o sábado. Meu Pai age sempre, nunca cessa de agir, e eu também. 

            Nós, os cristãos novos, fazemos outro conceito a propósito da santificação de tempo. De modo geral achamos que todos os dias, em si mesmos, são santos, restando, por isso, serem santificados pelas nossas obras. O dia mais santo, segundo o nosso credo, é aquele em que praticamos espontaneamente um grande bem; em que conseguimos amparar um irmão que sofre, mitigando, ou, se possível, afastando a causa da sua dor. Consideramos também, como santo, aquele dia em que vencemos uma das nossas muitas imperfeições, mantendo à distância os tentadores da Terra e do Espaço... Finalmente, é um dia festivo e solene para o espiritista aquele em que lhe seja concedida a graça de levar a alegria a um coração desesperado, a um lar que se encontre em dificuldades.

            A santificação deve partir de nós, seres conscientes e responsáveis, e não de almanaques. Nossa fé não conta dias especiais em que seja cultuada de modo particular. Não é uma espécie de vestido novo para atos solenes e para festividades. Ela nos inspira os pensamentos e as preocupações de todos os instantes, revelando-se em nosso comportamento cotidiano, tanto no seio da família como no da sociedade. Não se restringe a datas, estas ou aquelas: domina completamente as nossas almas.

            Quando o Mestre inseriu, na oração que nos legou, esta frase: santificado seja o teu nome - referindo-se ao nosso Pai celestial - quis dizer, com isso, que a cada um de nós cumpre o dever de santificar, em si próprio, o nome de Deus. Ele não pode ser mais santo do que é, visto como é a perfeição única, infinita, porém, nós, seus filhos, temos obrigação de santifica-lo, tornando-nos os reflexos, embora pálidos, da sua santidade, de vez que fomos criados à sua imagem e semelhança.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Kardecistas e Roustenistas


 Kardecistas e Roustainistas

por Valdo de Abreu  Reformador (FEB) Janeiro 1934

             Uma das objecções que indefectivelmente apresentam os nossos contraditores, em seus ataques injustos e superficiais à filosofia espírita, é a de que esta não tem unidade de concepção.

            Estribados nessa inverosimilhança e tendo em mira que um corpo de princípios, para construir uma “ciência” perfeita, deve satisfazer aos quesitos de “sucessão” e “relação”, concluem que o Espiritismo não pode ser encarado senão como uma hipótese admissível.

            Para documentar a sua luminosa “descoberta”, lançam J. B. Roustaing contra Allan Kardec, tentando provar que os dois notáveis corifeus (pessoa de maior destaque ou influência em um grupo especialmente em movimentos políticos, religiosos etc.), do Espiritismo se contradizem em toda a extensão de suas obras e que, entre eles, não há homogeneidade de vistas, não obstante cuidarem do mesmo assunto.

            Daí, indubitavelmente - juram eles por todos os santos - o valor nulo da Doutrina Espírita, como filosofia e, mais ainda, como religião ou ciência.

            Lastimável é esse estado de miopia mental em que se encontram alguns homens, nesta época de heresia científica e pusilanimidade religiosa, dentro da qual se faz questão de permanecer no erro e de olhos vendados para a luz.

            Mais, ainda não é tudo, porque esses homens, esgrimindo em liça puramente teórica, nunca se disseram prosélitos da Escola Espírita, nem jamais se deram ao trabalho de, ao menos assistir a uma sessão doutrinária ou experimental, que os convencesse, aposterioristicamente, da realidade dos fenômenos.

            Que nos guerreiem com artigos, discursos e livros, conferências e apodos (comparação ultrajante), exegeses de fogo-fátuo (comentários sem brilho), que - energúmenos - sobre nós atirem chalaças (pilhéria grosseira) e lancem todas as cobras e lagartos de que dispõem - entende-se perfeitamente pois, são uns vaidosos que, de eras pristinas, julgam saber de facto e por completo toda a filosofia da natureza.

            No seio, porém, do Espiritismo, nesse manancial divino da verdade, onde a concepção de Deus transparece - qual fênix celestial - liberta das cinzas ainda não extintas das religiões do passado, haver pessoas que sofram sede espiritual e naufraguem em utopias - é o que nunca pudemos compreender.

            Mas, a culpa não é da Doutrina, ou de falta de precisão nas obras dos Mestres. Longe disso. Os culpados, os responsáveis exclusivos são os próprios espíritas, que não tratam de estudá-las e que, por serem médiuns, ou por que alguém lhes fomentou o orgulho, desandam a fundar centros e a promover sessões estapafúrdias, a receitar panaceias, contanto que no fim da semana o mealheiro (pequeno cofre) não esteja vazio.

            Esse o maior obstáculo com que os grandes idealistas e os homens dignos da nova Revelação hão topado em toda parte. Eis aí a ganga do erro, como já dissemos algures, a circundar o diamante puríssimo da Verdade Espírita.

            Pois é essa a gente que, enfunada (envaidecido) de soberba estrábica, num exclusivismo caótico e injustificável, anda por aqui e por ali, deste Centro para aquele, cobrindo de louros o nome de Kardec em detrimento de Roustaing e vice-versa! Irmãos que, sem maiores escrúpulos e tomados de uma paixão doentia, inexorável, nascida do individualismo exaltado de uns tantos insufladores de rebeldias, não trepidam em renegar o qualificativo de espírita, para tomar, grave e altivamente, os de kardecista ou roustainistas.

            O que não pode o amor-próprio!

            Entretanto, como já foi sobejamente demonstrado, não há motivos para dissídios: as duas obras completam-se uma à outra e o que, a princípio, pareceu incoerente, resolveu-se na mais bela das conformidades.

            Com efeito, Roustaing disse o que Allan Kardec - homem não quis admitir, mas, que era consequência natural dos ensinos do mesmo Kardec - Espirito rutilante, “eterno enamorado da vida”, na frase de Khrishnamurti, jovem profeta indu.

            De modo que, para terminarmos, o argumento tido como um dos seus cavalos de batalha pelos nossos ilustres impugnadores cai pela base. Não existe nem Kardecismo, nem Roustainismo; mas, apenas isto: O Espiritismo que, à guisa de sol apoteótico, arrasta as suas “sombras” no esplendor de sua luz!


Evolução Religiosa

 

Evolução religiosa

por Odilon Nunes  Reformador (FEB) Novembro 1923

             O alvorecer de uma nova era na história dos povos já se divisa num porvir não muito longínquo.

            O desenrolar dos fatos, ultimamente observados no plano religioso, eloquentemente prenuncia um grande fenômeno moral que certamente convulsionará todos os sistemas filosóficos.

            Será irrefragável a revolução que pouco a pouco se prepara, se acentua cada vez mais no espírito do povo, como uma predestinação de tão alto valor, quanto a que se operou com a queda do mosaismo.

             J. De Maistre, com uma vidência de profeta, preconizou-a:

             Estou tão persuadido das verdades que defendo que, quando considero o elemento geral dos princípios morais, a divergência das opiniões, o abalo das soberanias baldas (isentas) de base, a imensidade das nossas necessidades e a inanidade (vazio) de nossos meios, parece-me que deve todo verdadeiro filósofo optar entre estas duas hipóteses: ou que se vai formar uma nova religião, ou que o cristianismo será rejuvenescido por algum meio extraordinário.”

             Agora, decorrido mais de um século em que assim falou o filósofo francês, depois de serenados os ânimos do povo apaixonado daquela época de intolerância e exaltação, sentimo-nos envolvidos pelos primeiros clarões desta nova aurora, iluminando-nos o âmbito estreito e torvo (assustador) em que nos debatíamos, descortinando-nos novos horizontes que se desenrolam pela amplitude intérmina dos tempos, apontando-nos as cumiadas (tarefas) em que todos nós, bons ou mãos, ateístas ou deístas, nos uniremos, mediante a luta redentora pela conquista da perfeição.

             O campo está aplanado” e “os tempos são chegados”.

             O indiferentismo religioso é o augúrio (indicador) mais expressivo deste acontecimento inevitável. O homem sem religião não é de todo um céptico, um descrente na vida futura. Não! pelo contrário, ninguém mais do que ele acalenta a esperança de outra vida, nem aspira com mais ardor a uma religião que seja toda caridade, amor e pureza e que lhe encha a alma de crença, de fé e resignação.

            É por isso que as sessões espíritas, os centros teosóficos e os círculos ocultistas são avolumados em seus elementos pelos sequiosos de conhecimentos.

            Entre os genuínos representantes das religiões já se observa a tendência para o alto desígnio de conchego e união nas ideias dominantes, como se comedida (moderada) por uma inteligência estranha, exercendo sábia influência na diretriz de nossos destinos. 

            Já não são intolerantes como outrora. Não arrastam à fogueira os João Huss e os Servetos (Miguel Servet: teólogo cristão não trinitário, espanhol, queimado numa fogueira como herege, em 1553) deste século; não se martirizam, nem se guerreiam, nem tão pouco se odeiam com aquele ódio de outrora.

            E até se entendem entre si.

            Organizam mesmo os congressos das religiões, em que se fazem representar, testemunhando assim a solidariedade que pouco a pouco se estreita, irmanando-os pelos mesmos sentimentos e pelas mesmas aspirações.

            E, ainda mais, nos congressos que cada religião convoca para tratar de assuntos concernentes à sua coletividade, às vezes, num lance de altruísmo, se preocupam das outras de modo sensato e desapaixonado.

            É assim que em Southent, Inglaterra, na última Conferência Eclesiástica, os bispos anglicanos se interessaram pelo Espiritismo, chamando para esclarecimento da matéria o professor Sir William Barrett. E é preciso notar que foram acolhidas com aplausos as opiniões do valoroso paladino neo espiritualista.

            E além, muito além destes congressos, embora representando o verdadeiro sentimento de suas doutrinas, o prognóstico de que falo é sentido e mesmo desejado pelo Vaticano.

            Em 1894, Leão XIII, na sua Encíclica sobre a Unidade católica, assim falou:

             Enquanto o nosso espírito se dedica a estes pensamentos - de reconciliação das Igrejas protestantes e das Igrejas orientais com a Igreja latina - e o nosso coração deseja com todos os seus votos a sua realização, vemos lá ao longe, num remoto futuro, desenrolar-se uma nova ordem de coisas e não conhecemos nada de mais doce que a contemplação dos imensos benefícios que seriam o resultado natural desta nova ordem.”

             Já por outro lado os neo espiritualistas se conchegam cada vez mais pelos laços doutrinários.

            Como sabemos, Teosofia e Espiritismo são doutrinas que poucos pontos de discórdia separam, a não ser quase exclusivamente a técnica das suas linguagens.

            O principal ponto de divergência é a comunicação entre o mundo corporal e o espiritual. Blavatsky dava como causa dos fenômenos espíritas trucs (truques), fraudes e julgava os, portanto, duvidosos.

            Já Leadbeater, (Charles Webster Leadbeater (nasceu em 1847 em Perth, Austrália, desencarnou em 1º de março de 1934), foi sacerdote da Igreja Anglicana e Bispo da Igreja Católica Liberal, escritor, orador, maçom e uma das mais influentes personalidades da Sociedade Teosófica), seu sucessor, vem deslindando este embaraço e expressa-se mais ponderadamente:

             “Minha experiência pessoal é mais favorável às comunicações mediúnicas do que a opinião de Blavatsky, pois durante alguns anos estudei praticamente o Espiritismo e não existem fenômenos dos de que se fala nos seus livros que eu não haja presenciado repetidamente. Tropecei com muitas imposturas ou simulações, mas a maioria das aparições foram autênticas e posso portanto atestá-las.”  

             E diz mais referindo-se ao Espiritismo:

             Não esqueçamos que os espíritas concordam conosco, os teosofistas, em vários pontos de capital importância. Todos admitem:

            1º) a vida depois da morte como vívida realidade sempre presente;

            2º) o incessante progresso da alma, mediante os renascimentos e mortes e a felicidade de todos os homens, bons ou mãos, pois todos neste globo que habitamos, ou em outros, durante esta manifestação cósmica, ou em outra, acabarão por ser bons.”

             E agora diante destes fatos que se prevê?

            A unidade religiosa, estreitando-se, solidificando-se para em breve desfraldar ao mundo o estandarte de uma só fé, de uma só crença e de uma só doutrina.

            E os idealistas de então verão realizados os seus sonhos de confraternização universal.

            Pouco a pouco nos encaminhamos para este porvir que, com uma silhueta de luz encravada neste século, guia os nossos passos para a nova era de renascimento, em que todos os credos religiosos se unificarão sobre a base indestrutível do verdadeiro Cristianismo do Cristo, rejuvenescido numa religião e Amor e Caridade, toda de sentimentos puros.

 *

         As religiões são como os diferentes estados da matéria: só aparentemente ostentam desconexidades entre si.

            A matéria se nos apresenta sob múltiplas formas, atravessando diferentes estados na sua manifestação como veículo da vida, ora na simplicidade da mônada ora na complexidade do cérebro humano, porém, depois, vemo-la no grande laboratório do Cosmos como o simples elemento primordial.

            A religião também, da mesma maneira, se nos apresenta sob vários aspectos, ora sob o plano material da idolatria, ora sob o plano espiritual do Espiritismo, porém contendo, no fundo, embora envoltos nos véus da metáfora e da alegoria, os mesmos princípios, partidos de uma mesma base, os mesmos fins, oriundos de um mesmo ideal.

            Certamente, quando estes véus se rasgarem aos nossos olhos e a sua verdadeira essência for apalpada pela nossa inteligência, veremos, com espanto e alegria, que todas as suas diversas modalidades eram apenas a influência do meio em que germinou e em que se amoldou à imaginação e à cultura das épocas, ao caráter e aos costumes dos povos.

            O passado da religião é como a aurora de uma manhã nublosa (nublada); o sol, ao enviar os seus primeiros raios, matiza palidamente as nuvens do horizonte.

            Mas, dissipado o nevoeiro e desfeitas as brumas - assim como o sol, a religião brilhará, iluminando unicolormente (homogeneamente) todas as partes com a plenitude invariável do seu fulgor profuso.


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Santo Agostinho e a Cremação


Santo Agostinho e a Cremação

por Osório Borba   Reformador (FEB) Setembro 1952

             O título está entre aspas porque não é meu. É o de um trabalho com que o ministro Ivan Lins me dá hoje a honra de preencher o espaço destes artigos. Enviou-me o ilustre ensaísta seu comentário, inédito, creio que por não ter conseguido publicá-lo em outra parte.

             É o seguinte:

             “Diversos filiados ao catolicismo vem se insurgindo contra os fornos crematórios previstos numa lei que acaba de ser votada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal. Tratando-se de recurso meramente facultativo, a ser utilizado apenas por aqueles que prefiram esse modo de proceder com os seus próprios cadáveres, não se compreende o motivo da oposição dos católicos, porquanto a inumação continuará à disposição dos adeptos de sua crença. O que não se admite é que, num regime como o nosso, de plena separação entre a Igreja e o Estado, queiram os católicos impor, aos que o não são, o seu modo de tratar os seus próprios defuntos.

            O motivo da oposição provém - dizem - do Evangelho de São Mateus, onde se descreve minuciosamente a ressurreição dos corpos no vale de Josafá, por ocasião do Juízo Final. Mas, a ser verdadeiro e sincero esse motivo, somente põe a descoberto o ceticismo dos próprios católicos quanto a esse dogma de sua religião.

            E, de fato, se a onipotência divina é capaz de fazer com que sejam reincorporadas as partículas cadavéricas devoradas pelos vermes, peixes e animais ferozes, como não há de poder recompô-las das cinzas resultantes da cremação? E, qual será, então, a situação daqueles que involuntariamente, em consequência de incêndios e acidentes, forem carbonizados? Ou daqueles sepultados em terrenos que dissolvem até os ossos? Ou ainda, daqueles que a própria Igreja queimou nas fogueiras da Inquisição, como, entre outros, Joana D'Arc?

            Refutando, na Cidade de Deus, os pagãos de seu tempo, trata Santo Agostinho longamente da matéria e ventila semelhantes hipóteses. Se, Da, nas Sagrada Escrituras, o Eterno afirma que todos os nossos cabelos são contados e que nem um só desaparecerá – Capilli capitis vestri numerati sunt ommes; Capillus capitis vestri non peribit, como admitir que a dissolução dos cadáveres, qualquer que seja o seu processo, possa impedir à onipotência divina recompô-los em sua inteireza primitiva, ela que tudo tirou do nada?

            Os católicos de hoje devem ler, urgentemente, para rebustecerem a sua fé, o livro vinte e dois da “Cidade de Deus” e também o capítulo das “Confissões” de Santo Agostinho, onde este narra a morte de Santa Mônica. A princípio desejava ela ser sepultada na África ao lado de Patrício, seu esposo. Mas, ao falecer em Ostia, na Itália, de tal modo se aperfeiçoara na fé que nenhuma importância deu mais ao seu cadáver, porquanto - dizia. - qualquer que fosse o seu destino, o Eterno o ressuscitaria no Dia do Juízo.

            Sirva a lição aos nossos católicos de hoje e não procurem oprimir as convicções alheias manifestando a pouca solidez das suas próprias.”lvan Lins  

            (Ext. do “Diário de Notícias” 31-07-1952)

Do Blog: Hoje, mais do que outras correntes religiosas, são os católicos que mais buscam a cremação de seus mortos. Nada como o tempo para observarmos as mudanças de opinião...


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Das estradas terrestres...


            “Todas as estradas terrestres estão cheias dos que vão e vêm, atormentados pelos interesses imediatistas, sem encontrarem tempo para a recepção de alimento espiritual. Inúmeras pessoas atravessam a senda, famintas de ouro e voltam carregadas de desilusões. Outras muitas correm às aventuras sedentas de novidade emocional e regressam com o tédio destruidor.”

 trecho de mensagem de

Emmanuel por Chico Xavier

Reformador (FEB) Fevereiro 1946


Bilhetes

 

Bilhetes

por G. MIRIM (Antonio Wantuil)    Reformador (FEB) Janeiro 1944

             O Catolicismo, na época em que realmente era orientado evangélica e cristãmente, de acordo com as interpretações e usos dos que privaram com o Senhor, quando não se havia constantinizado através da mediunidade doentia do imperador romano, aliando-se aos césares e alimentando as fogueiras humanas, o Catolicismo, dizíamos, era o puro Cristianismo, ou, seja, o Espiritismo dos nossos dias, na sua mais alta expressão de amor, de caridade, de sublimação.

            As reuniões daquela época eram perfeitamente iguais às do Espiritismo moderno, quer pela simplicidade, quer pela humildade dos seus membros e quer, principalmente, pela completa abnegação dos que dirigiam o movimento, cheios de entusiasmo, de fé e de absoluto desapego pelos bens materiais que lhes pudessem oferecer o exercício dos seus cargos nos templos.

            A Igreja era então iluminada pelos Espíritos santos, através de médiuns (profetas) inspirados, qual acontece hoje com o Espiritismo; e os seus adeptos, cheios de sinceridade, eram consolados e protegidos pelas mensagens e conselhos que lhes transmitiam os Espíritos familiares.

            Há mil e novecentos anos, já existia a obra - Livro do Pastor - escrita por Hermas, discípulo dos Apóstolos, a quem S. Paulo mandou saudar em sua Epístola aos Romanos (XVI, 14). Essa tão notável obra, publicada no ano 220, por ordem de Caio, era lida nas igrejas até o século V e respeitosamente foi citada por S. Clemente de Alexandria e por Orígenes, tendo mesmo figurado no antigo catálogo dos livros canônicos; era o livro de orientação para os primeiros cristãos, recomendado aos crentes que se reuniam para receber as comunicações dos chamados mortos. Assim escreveu Hermas:

             “O Espírito que vem da parte de Deus é pacífico e humilde; afasta-se de toda malicia e de todo desejo deste mundo e paira acima de todos os homens. Não responde a todos os que o interrogam, nem às pessoas em particular, porque o Espírito que vem de Deus não fala ao homem quando o homem quer, mas quando Deus o permite. Quando, pois, um homem que tem um Espirito de Deus vem à assembleia dos fiéis, desde que se fez a prece, o Espirito toma lugar nesse homem, que fala na assembleia como Deus o quer."

            “Reconhece-se, ao contrário, o Espírito terrestre, frívolo, sem sabedoria e sem força, no que se agita, se levanta e toma o primeiro lugar. É importuno, tagarela e não profetiza sem remuneração. Um profeta de Deus não procede assim.”

             Mais tarde, no começo do século V, Santo Agostinho, bispo de Hipona, o mais célebre dos padres da Igreja latina, autor de Cidade de Deus, Confissões e de outras obras religiosas, prevendo, por intuição, que os seus sucessores proibiriam mais tarde as comunicações com os mortos e que propalariam serem os demônios os comunicantes, deixou registadas, em seu tratado De cura pro mortuis, edição beneditina, tomo VI, col . 527, as seguintes palavras:

             “Os Espíritos dos mortos podem ser enviados aos vivos; podem desvendar-lhes o futuro, cujo conhecimento adquiriram, quer por outros Espíritos, quer pelos anjos, quer por uma revelação divina.”

             Mais recentemente, no século XVII, o cardeal Bona, sábio prelado cognominado - o Fenelon da Itália, autor de inúmeras obras, entre as quais - De principiis vitae christianae e Da distinção dos Espíritos, assim se declarou francamente, nesta última, quando o clero já iniciava o seu plano de combate às comunicações com os mortos:

             “Motivo de estranheza é que se pudessem encontrar homens de bom senso que tenham ousado negar em absoluto as aparições e comunicações das almas com os vivos, ou atribuí-las a extravio da imaginação, ou, ainda, a artifícios dos demônios.”

             Inúmeros seriam os autores e vultos que poderiam ser citados como documentação não só da possibilidade, senão também do uso entre os primeiros cristãos de se comunicarem com os chamados mortos, classificados de anjos, quando superiores, e simplesmente de Espíritos, quando de criaturas ainda apegadas à Terra.

            O plano concebido pelos padres, para acabarem com esse intercâmbio, nasceu do receio do que lhes poderia advir, diante da preferência dos bons Espíritos pelas reuniões frequentadas por pessoas de coração simples e completo afastamento daquelas que se realizavam nas suntuosas sacristias das catedrais, onde certamente se apresentavam os Espíritos das vítimas da santíssima Inquisição.

            Como não lhes seria possível, porém, negar a possibilidade das comunicações, porque elas sempre se deram e até originaram canonizações; como não as podem negar atualmente, porquanto elas se repetem hoje e cada vez em maior número e em todos os países e meios sociais, lembraram-se do estratagema infantil, ridículo, contraproducente e ilógico, de só aceitar as que se dão nos conventos, condenando todas as demais como demoníacas e excomungando a quantos a elas se dediquem.

            Felizmente, porém, os tempos são chegados. No Brasil, país que eles apresentam ao mundo como sendo inteiramente católico, setenta por cento da população já admite e recorre a essas comunicações, utilizando-se dos milhares de centros espíritas existentes na Terra de Santa-Cruz. Católicos e até padres recebem os nossos passes. Em nossos hospitais para tratamento de obsessões, temos internado até clérigos completamente loucos, atacados dessa loucura que os médicos materialistas não conseguem debelar.

            Alguns anos mais e o Brasil será recristianizado (1), voltará a compreender o Cristo como o faziam seus primeiros seguidores.

            Esperemos.

 

(1) Do blog: A afirmação do Dr. Wantuil teria sido otimista? Ou referia-se ele a diferentes contagens do tempo?


Bilhetes


                                         Bilhetes

por G. MIRIM (Antonio Wantuil)   Reformador (FEB) Maio 1944

             Os velhos gostam de lembrar de fatos da sua infância, razão por que, de vez em quando, lá me vem à ideia antigas passagens daqueles bons tempos.

            O meu leitor, certamente, não conhece o caso do “carneiro preto”, e, assim, ignora que constitui ofensa, em minha terra, dizer que alguém é tal e qual carneiro preto.

            Vamos ao caso:

            Um cidadão da minha aldeia possuía um belíssimo carneiro. Animal muito dócil, extremamente manso, era estimado por todos os meus conterrâneos e conhecido pelo nome que lhe deu o seu pelo escuro.

            Manso e dócil para todos nós, tornava-se furioso ao ouvir o apito da locomotiva que, então, atingiu o meu pacato arraial. Era necessário prendê-lo até que passasse o “bicho corredor” da Leopoldina Railway.

            Um dia, em que se esqueceram de amarrá-lo, o nosso carneiro preto postou-se entre os trilhos da estrada, e lá ficou à espera da locomotiva que apitava ao longe. Corajoso e valente, o carneiro tomou posição, e... ao sair a máquina da curva, não pode o maquinista travar o comboio. Era tarde demais, o valente carneiro, resolutamente, atirara-se contra o “bicho corredor”, numa decidida cabeçada, lá ficando em frangalhos espalhado pelo leito da estrada.       

            Foi-se o carneiro preto, mas ainda vive até hoje, em minha povoação, como símbolo de teimosia e de falta de raciocínio.

            - Aqui, em Antropópolis, nesta cidade maravilhosa, eu me recordo, também, do carneiro preto que eu tantas vezes acariciava na minha meninice. Esses, que aqui se me deparam, não são dóceis e mansos, todavia, em tudo mais, são perfeitamente iguais àquele que ficou esmigalhado pela sua teimosia e pela falta de compreensão do que iria combater.

            Eu me refiro a esses pseudocientistas, que, nada entendendo da própria medicina que estudaram, querem, de qualquer maneira, combater o fenômeno espírita e acabar com a existência dos habitantes do Além.

            Se o luzidio lanígero se espatifou por se atirar contra o que desconhecia, os carneiros pretos daqui se esborracham cada vez que tentam combater aquilo que não conhecem, de cuja existência duvidam e cujo poder está para eles como a locomotiva para aquele. O ruminante era menos teimoso, porque combateu o que via, esses, porém, os nossos belos exemplares da cidade, leônicos, arroxeados e murídeos (semelhantes a rato), atiram-se contra os Espíritos produtores dos fenômenos, agentes que lhes são invisíveis e que se riem das suas cabeçadas inofensivas, ou melhor, produtivas, porque despertam nos leigos a vontade de conhecer o assunto.

            Pobres carneiros pretos!


terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Dados históricos

 


Dados históricos  

A Redação           Reformador (FEB) Abril 1946

             Os confrades que, em 1884, fundaram a Federação Espírita Brasileira, muito antes dessa época já se dedicavam ao estudo das obras de Kardec e de Roustaing, traduzindo os trechos destinados a cada sessão.

            Em 1884, ao ser fundada a Federação, reunindo num só grupo as principais sociedades espíritas do Rio, elegeram para presidente da novel associação exatamente o tradutor de Roustaing, o Sr. Marechal Ewerton Quadros, que foi reeleito por vários anos.

            A primeira tradução de - “0 Livro dos Espíritos” -  em língua portuguesa, foi feita por Fortúnio, pseudônimo de um dos confrades da época, e exposta à venda no ano de 1885, conforme se vê em REFORMADOR de 15 de janeiro daquele ano.

            - Em 15 de janeiro de 1898, sendo presidente da Federação o saudoso Dr. Bezerra de Menezes, o REFORMADOR iniciou a publicação da primeira tradução da obra de Roustaing, livro que só muito mais tarde foi publicado, diante do elevado custo por que ficaria a impressão.

            - Bezerra de Menezes, o Kardec brasileiro, fez a sua primeira conferência na Federação, em 6 de agosto de 1886, na qual contou fatos relativos à sua conversão ao Espiritismo. Em 1888, passou a exercer o cargo de redator-chefe do REFORMADOR, em 1890 foi eleito vice-presidente e, em 3 de agosto de 1895, presidente da Federação Espírita Brasileira. Bezerra desencarnou às 11 horas da manhã de 11 de abril de 1900, deixando viúva e filhos na maior pobreza, visto que, apesar de médico de enorme clínica, tudo o que conseguia com o seu trabalho profissional ele o distribuía com os necessitados. 


 Do blog: A estrema pobreza atribuída ao Dr. Bezerra foi, mais adiante no tempo, contestada por seus biógrafos. Se por um lado era indicativo de seu desprendimento material por outro lado poderia ser entendida como desatenção às necessidades materiais de sua família. Seus biógrafos corrigem o dado histórico demonstrando o equilíbrio das decisões do Dr. Bezerra.   

 


Saibamos ser cristãos

 

Saibamos ser cristãos

Emmanuel por Chico Xavier     Reformador (FEB) Maio 1946

“Porque sem mim nada podeis fazer.” -  Jesus em João 15:5

             O divino poder do Cristo permanece batente em todas as criaturas. Todos os homens receberam-lhe sagrados dons, ainda que muitos se mantenham afastados da mística religiosa.

            Referimo-nos aqui, porém, aos cultivadores da fé que iniciam o esforço laborioso e longo da descoberta dos valores sublimes que vibram em si mesmos.

            Grande parte suspira por espetaculares demonstrações de Jesus em seus caminhos e companheiros incontáveis acreditam que apenas cooperam com o Senhor os que se encontram no ministério da palavra, no altar ou na tribuna de variadas confissões religiosas.  

            Urge, entretanto, retificar esse erro interpretativo.

            O Senhor está conosco em todas as posições da vida. Nada poderíamos realizar sem o influxo de sua vontade soberana.

            Diz-nos o Mestre com segurança: “eu sou a videira, vós as varas”. Como produzir alguma coisa sem a seiva essencial?

            Efetivamente, os aprendizes arguciosos poderão objetar que, nesse critério, também encontraremos os que praticam o mal, alicerçados nas mesmas bases. Respondendo, consideraremos somente que semelhantes infelizes enxertam cactos infernais na Videira divina, por conta própria, pagando elevado preço, perante o Governo do Universo.

            Reportamo-nos aos companheiros tímidos e vacilantes, embora bem intencionados, para concluir que, em todas as tarefas humanas podemos sentir a presença do Senhor, santificando o trabalho que nos foi cometido. Por isso, não podemos olvidar a lição evangélica de que seria abençoado qualquer esforço no bem, ainda que fosse apenas o de administrar um copo de água em Seu Nome.

            O Mestre não se encontra tão somente no serviço daqueles que ensinam a Revelação Divina através da palavra acadêmica, instrutiva ou consoladora. Acompanha os que administram os bens do mundo e os que obedecem as ordenanças do caminho concorrendo na edificação do futuro melhor, nas organizações materiais e espirituais. Permanece ao lado dos que revolvem o chão do planeta, cooperando na estruturação da Terra Aperfeiçoada, como inspira aos missionários da inteligência na evolução dos direitos humanos.  

            Saibamos cooperar, desse modo, nos círculos de serviço a que fomos chamados no concurso cristão. 

            Faze tanto bem, quanto esteja em tuas possibilidades, à obra parcial confiada às tuas mãos.  

            Por hoje, talvez te enganes, supondo servir às autoridades terrestres; no entanto, chegará o minuto revelador no qual reconhecerás que permaneces a serviço do Senhor. Une-te, pois, ao Divino Artífice, em espírito e verdade, porque o problema fundamental da nossa paz é justamente o de saber se vivemos n'Ele tanto quanto Ele vive em nós.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Da obra espírita

 


    “Desde que a obra espírita é de sentimento, necessário se faz que os grupos se afinem com os seus maiores, não em curtos instantes, mas constantemente, por meio da oração e de uma perfeita vigilância, a fim de que os trabalhos sejam produtivos e úteis. Fora disto, é remar contra a maré, como dizeis aí no vosso mundo.”

Bittencourt Sampaio (Espírito)

Reformador (FEB) Novembro 1944


Bilhetes

 

Bilhetes

por G. Mirim (Antonio Wantuil)        Reformador (FEB) Novembro 1944

                 O advogado italiano, Dr. Pietro Ubaldi, médium que recebeu a obra 'A Grande Síntese', também nos apresentou o livro - As Noúras, que já está sendo traduzido para o português. (*)

                A palavra noúras foi formada de raízes gregas: “nous” - inteligência, espiritualidade, e "reô" ou "roos" - corrente de pensamentos, correntes espirituais emitidas por Forças invisíveis.

            Essas correntes inspirativas, quando emitidas pelos Enteles (do grego - seres perfeitos) e recebidas pelos ultrafânicos (médiuns super-sensitivos), transformam-se nas elevadas mensagens que do Alto nos são enviadas, para facilitar-nos o estudo dessa nova ciência, a que chamamos Biosofia (ciência da vida).

            O pensamento dos Enteles desce sob a forma ondulatória, qual ondas hertzianas, e se localiza no cérebro, atingindo o órgão específico da inspiração ultrafânica - a epífise, já apresentada por TRESPIOLI “como o órgão que, mecanicamente, capta as noúras”.

            A glândula pineal é, desse modo, o órgão central, o condensador variável da sintonização e amplificação das recepções noúricas, colaborando, com ela, todo o organismo humano. O olho vibra a luz; o ouvido, o som; e o cérebro, o pensamento. E isto é hoje facilmente compreensível, depois do aparecimento da telegrafia sem fios e das comunicações radiofônicas.

            Aí têm os meus prezados leitores o resumo das concepções transmitidas ao erudito confrade Pietro Ubaldi; agora, desejo chamar a atenção dos poucos amigos que me leem, para a comunicação do Espírito de André Luiz, a primeira remetida para a nossa Revista, mensagem esta recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, de Pedro Leopoldo; Minas, publicada neste mesmo número do Reformador, sob o título - O Psicógrafo, e isto porque, não conhecendo o nosso Chico a obra em questão, foi por seu intermédio que acabamos de receber, não só a confirmação das teorias expendidas por Pietro Ubaldi, senão, também, conhecimentos outros que ampliam, desenvolvem e explicam racionalmente, e em linguagem acessível, aquelas concepções transmitidas ao confrade de Perúgia.

            Que os meus amigos, pois, abandonem o meu Bilhete e passem a ler a primeira comunicação que o Espírito de André Luiz enviou para os leitores do Reformador, mensagem reveladora de que outras muitas teremos a felicidade de receber.

 (*)  Do blog: Talvez ainda disponível nos sites de venda de livros usados.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

"Nosso Lar" – extratos do prefácio do livro

 

"Nosso Lar" 

 Extratos do prefácio do livro ditado por Emmanuel

A Redação      Reformador (FEB) Abril 1944

             O Espiritismo ganha dilatada expressão numérica. Milhares de criaturas interessam-se pelos seus trabalhos, modalidades, experiências. Nesse campo imenso de novidades, todavia, não deve o homem descurar de si mesmo.

             “Não basta investigar fenômenos, aderir verbalmente, melhorar a estatística, doutrinar consciências alheias, fazer proselitismo e conquistar favores da opinião, por mais respeitável que seja, no plano físico. É indispensável cogitar do conhecimento de nossos infinitos potenciais, aplicando-os, por nossa vez, nos serviços do bem...

             “André Luiz vem contar a você, leitor amigo, que a maior surpresa da morte carnal é a de nos colocar face a face com a própria consciência, onde edificamos o céu, estacionamos no purgatório ou nos precipitamos no abismo infernal...

             “Guarde a experiência dele no livro d'alma. Ela diz bem alto que não basta à criatura apegar-se à existência humana, mas precisa saber aproveitá-la dignamente; que os passos do cristão, em qualquer escola religiosa, deve dirigir-se verdadeiramente ao Cristo, e que, em nosso campo doutrinário precisamos, em verdade, do Espiritismo e do Espiritualismo,  mas, muito mais, de ESPIRITUALIDADE”.

             Talvez fosse nosso dever guardar silêncio, dar essas palavras de Emmanuel como chave de ouro; porém elas estão no prefácio e o livro todo segue depois com seus episódios emocionantes e instrutivos...