segunda-feira, 16 de julho de 2012

38. 'Doutrina e Prática do Espiritismo'





38   * * *


            Prossigamos sem descontinuidade na enumeração das outras experiências.  O caso que se segue, observado ainda em 1904, refere-se à senhorita Maria Mayo, moça de 18 anos - informa o Sr. de Rochas - perfeitamente sadia e que jamais ouvira falar de magnetismo nem de Espiritismo . A seguinte nota inicial esclarece os seus antecedentes:

            "A Srta. Mayo é filha de um engenheiro francês que passara a maior parte da vida a construir caminhos de ferro no Oriente e aí morreu. Sua mãe contraiu segundas núpcias com um outro engenheiro francês, que igualmente se ocupa em construir estradas de ferro no Oriente. A Srta. Mayo foi educada, até aos 8 anos, em Beirute, onde fora entregue aos cuidados de criados indígenas e aprendeu a ler e escrever em árabe . Foi depois trazida para a França e vive em companhia de uma tia que reside na Provença. Nasceu em Banjol (Var) a 22 de fevereiro de 1887."     

            As experiências, a que o Sr. de Rochas se pode entregar com todo o vagar e - conforme o declara – sem ideia preconcebida, aproveitando a circunstância de ter ficado, cerca de dois meses, residindo na mesma casa que essa moça, assim podendo deixar que as suas faculdades se desenvolvessem no sentido em que eram naturalmente orientadas, as experiências - dizemos - foram assistidas pelo Dr. Bertrand, maitre de Aix e médico da família, e pelo engenheiro Lacoste, (1) que se encarregaram de redigir os apontamentos, "tanto mais preciosos - é o Sr. de Rochas que o assinala - quanto, jamais tendo um e outro assistido a tais fenômenos, indicavam as suas diversas fases muito melhor que eu, porque, familiarizado
como estava, menos me despertavam a atenção."

            (1) Amigo do padrasto da Srta. Mayo.

            As dezesseis primeiras sessões, efetuadas de 2 a 20 de dezembro, consistindo principalmente em determinar os caracteres da faculdade sonambúlica da Srta. Mayo, a sua receptividade negativa a toda sugestão, as suas impressões relativamente à musica, ao operador, etc., conforme o grau de hipnose, nenhum interesse particular apresentam, no sentido da documentação que nos propomos, só começando esse interesse da, 17ª sessão em diante, que vamos resumir.

            “ Adormeço Mayo - descreve o Sr. de Rochas - ao começo pela pressão no ponto hipnógeno do pulso esquerdo; continuo a magnetização por meio de passes e a conduzo a formação do corpo astral, primeiro à esquerda e depois à direita. A memória, que ela havia progressivamente perdido, à medida que se aprofundavam o sono, reaparece completa, quando se acha exteriorizado o corpo astral.  Mayo, porém, só me vê a mim e os objetos com que a ponho em relação.

            "Determino por sugestão a regressão da memória até a idade de 12 anos e peço-lhe que assine o nome, a fim de me dar uma amostra de sua escrita. Ela escreve lentamente "Maria." Conduzo-a aos 8 anos e lhe faço igual pedido. Com grande surpresa para mim, ela escreve duas letras em árabe. Peço explicações ao Sr. Lacoste, que me informa ter Mayo nessa idade estado em Beirute , frequentando a escola das irmãs de caridade."

            Fazendo-a recuar mais longe, no passado, mesmo além de seu nascimento, obtém o Sr. de Rochas a revelação de uma nova personalidade, Lina, que morrera afogada e cujo corpo não fora encontrado. Prossegue a experiência, ora com retorno ao, presente, ora para o futuro, em seguida para o passado, além desta vida, aparecendo então novamente a personalidade Lina, que repete as indicações dadas pouco antes "morrera afogada; subira ao espaço e aí vira seres luminosos, com os quais, porém, não lhe fora permitido falar ; nesse estado não sofrera, nem se tinha aborrecido, sabendo então que se pode voltar à terra. "

            Novo rumo ao presente e logo ao futuro, até os 21 anos, quando, circunstância curiosa - Mayo se vê num país cujos habitantes são negros e andam nus, Mas logo, sem nenhuma sugestão, a que é habitualmente refratária, retrocede bruscamente aos 18 anos, sua idade atual.

            Na 18ª sessão o Sr. de Rochas procura obter de Mayo a indicação de algumas particularidades, assim relativamente ao futuro (1), como ao passado, vindo a saber que Lina era filha de um pescador bretão; casou-se aos 20 anos com um outro pescador, chamado Yvon, de cujo nome de família se não lembra. Teve um filho, morto aos 2 anos de idade; seu marido pereceu em um naufrágio; desesperada então ela se atira ao mar, do alto de um rochedo. Seu corpo foi comido pelos peixes, e nesse momento ela nada sofreu, como ao demais nunca sofreu no espaço, depois dessa encarnação.

            (1) Aos 18 anos e pouco ela se vê, com sua mãe, viajando no mar e fixando residência num país em que os habitantes andam nus. Em nota, observa o Sr. de Rochas que no ano seguinte (1906), quando tinha, portanto, mais de 19 anos, a Srta. Mayo se retirou subitamente de Aix e não deu mais notícias suas aos amigos , "É provável - acrescenta- que sua visão do futuro, por imperfeita que fosse, a assustasse, pelo que se recusava a deixa-la produzir-se," De fato recuava sempre bruscamente dessa direção.

            A 19ª sessão (24 de dezembro) oferece uma reprodução exata da história de Lina, com particularidades mais acentuadas de sua vida, de sua permanência, depois da morte, na erraticidade, do impulso que sentira para se reencarnar no corpo atual e dessa encarnação, efetuada pouco a pouco.

            Impelida mais longe, no passado, além da existência de Lina, ela se encontra na erraticidade, mas em estado de grande sofrimento, por ter sido antes um homem "nada bom" .

            Dois dias depois, em uma nova sessão (20ª), o Sr. de Rochas, provocando idêntica marcha retrospectiva, obtém a reprodução das mesmas fases, até a existência desse novo personagem, cujas indicações abrangem os seguintes dados: chamava-se Carlos Mauville, tendo entrado na vida prática como empregado num escritório, em Paris; travavam-se constantemente combates nas ruas, a esse tempo; ele mesmo matara muita gente, achando nisso um grande prazer, porque era mau. Cortavam-se cabeças na praça pública. Aos 50 anos sente-se doente; deixara o escritório e não tarda a morrer. Acompanha o seu próprio enterro e ouve dizerem que ele fora um grande maroto. Fica preso muito tempo ao corpo; sofre e é infeliz, até vir, a se encarnar no corpo de Lina.

            Na 21ª experiência, depois das fases habituais de exteriorização, com os característicos precedentemente verificados, o Sr. de Rochas provoca mais uma vez o fenômenos de regressão da memoria e conduz o sensitivo ao período anterior à sua atual encarnação.

            "Mayo - diz ele - confirma que o seu corpo astral não penetra no corpo físico senão um pouco antes do nascimento e parcialmente, até aí tendo ela permanecido em torno de sua mãe e experimentando, nas proximidades daquele fato, algumas sensações tanto do corpo como da que lhe dava o ser. Quando vem ao mundo tem uma sensação bem nítida: a de respirar.

            "Antes de ser atraída para sua mãe atual estava na obscuridade (le gris) e não sofria.

            "Faço-a recuar rapidamente para o passado e, ao interroga-la, é novamente uma Lina; tem 15 anos, ainda se não casara, vive com sua mãe, nunca tendo visto seu pai, e ignora o nome da família.  

            "Mais longe ainda no passado: está no "escuro", sofre e não pode explicar a natureza do sofrimento; não é um padecimento físico, é como um remorso. Lembra-se muito bem de ter sido Carlos Mauville, e não hesita na indicação dos nomes de batismo e de família. Mauville faleceu aos 50 anos, em consequência de um resfriamento.

            "Faço retroceder Mayo até esse momento, e ela tosse. Em seguida ,a atraio de novo para o presente, mediante rápidos passes transversais; ela entra no corpo de Lina e percorre com rapidez as diversas fases de sua vida. Torno mais lentos os passes, quando chego à época de sua morte; a respiração se lhe torna então entrecortada; o corpo oscila como levado pelas ondas e ela acusa sufocações que me apresso a fazer desaparecer, despertando-a completamente."

            A 22ª experiência, em que se reproduzem aproximadamente as mesmas fases da anterior e cujos apontamentos foram redigidos pelo Dr. Bertrand, não oferece de particularmente interessante senão a seguinte reprodução do episódio da existência de Lina, quando esta morre de asfixia por submersão:

            "O Sr. de Rochas ordena então: "Tora a ser Lina, no momento em que se afogou."

            "Imediatamente Mayo faz um brusco movimento na cadeira: volta-se para a direita com as mãos no rosto e assim permanece alguns segundos. Dir-se-ia uma primeira fase do ato que se realiza voluntariamente: porque, se Lima morre afogada, é por submersão voluntária, um suicídio, o que imprime à cena um aspecto inteiramente particular, bem diferente de uma submersão involuntária.           

            "Em seguida Mayo volta-se bruscamente para a esquerda. Os movimentos respiratórios se precipitam e tornam-se difíceis; o peito se ergue com esforço e irregularmente ; o semblante exprime a angústia, a ansiedade: os olhos estão esgazeados. Ela faz verdadeiros movimentos de deglutição, como se engolisse água, mas contra a vontade, porque se vê que ela resiste. Solta nesse momento gritos inarticulados; antes se estorce que se debate, e sua fisionomia exprime um sofrimento ele tal modo real que o Sr. de Rochas lhe ordena que envelheça algumas horas. Em seguida  interroga: - Debateu-se muito tempo? - "Sim." - É uma morte desagradável? - "Sim." - Onde está agora? - "Na obscuridade (dans le gris):"

            Alguns passes mais, novas informações de Lina sobre as impressões da erraticidade, concordantes com as anteriores, e Mayo reentra na vida atual, passando pelas sucessivas fases da infância até os 18 anos, logo despertando.

            O interesse das experiências se acentua na 23ª sessão, cuja resenha é feita pelo comandante Rémise, presidente da Sociedade Teosófica de Marselha, e aumenta da 24ª em diante, não somente pela repetição, cada vez mais circunstanciada, das personalidades retrospectivas acusadas pelo sensitivo, como pelo seu desdobramento em uma nova personalidade, anterior a Carlos Mauville.

            Registremos por ordem, mas sempre resumidas, as particularidades em tais sessões verificadas.

            O comandante Rémise, começando por assinalar os caracteres pessoais da Srta. Mayo, "intelligente, instruída, perfeitamente sadia moral e fisicamente ", bem como a circunstância de não ser absolutamente sugestionável nem se fatigar com as experiências, registra em seguida minuciosamente os diversos fenômenos que ela apresenta, consoante as fases de exteriorização, e observa relativamente ao assunto que nos interessa, isto é, à evocação das personalidades múltiplas :

            "Operando simplesmente pela palavra, o coronel lhe faz imprimir ao corpo astral as formas que tinha nas diferentes idades, recuando progressivamente para o passado, com o que readquire ela simultaneamente o estado de espírito correspondente a cada uma dessas idades. Assim, aos 10 anos, quando estava em Beirute, ainda não sabe francês e está aprendendo a escrever em árabe.

            "Quando retrocede à ocasião de seu nascimento, o corpo astral desaparece, mas vê então envolvendo o corpo de sua mãe como uma névoa formada de substância fluídica, que antes não existia. Além da época da concepção, ela se vê flutuando na obscuridade. Não sofre e nada percebe em torno a si, mas sente a presença de outros seres, cuja natureza não distingue. Atravessa rapidamente esse estado para, em seguida a um momento crítico (morte por submersão), se encontrar de novo na Bretanha, no corpo de uma mulher de pescador chamada Lina.     

            "Retrocedendo sempre, encontra-se no "escuro," aí sofrendo, e ainda mais longe se vê no corpo de um indivíduo mau, Carlos Mauvible, que morre aos 50 anos. Não pode recuar além do nascimento deste, e o coronel, não julgando prudente levar mais longe a experiência, a conduz progressivamente até sua atual existência, convidando-a a descrever com algumas particularidades as fases principais de suas vidas sucessivas."

            Segue-se um curioso interrogatório de Carlos Mauville, com esta circunstância, anotada pelo narrador e que convém assinalar:

             "Carlos Mauville tem 50 anos. A Srta. Mayo nos descreve uma das fases da moléstia que o aflige. parece experimentar todos os característicos das doenças de peito: opressão, acessos de tosse desagradáveis."

            E depois de um pormenor:

            "Em seguida está m o "escuro". O coronel a faz atravessar rapidamente esse estado e ela se reencarna em a Bretanha, vendo-se criança e depois moça; tem 16 anos e não conhece ainda seu futuro marido; tem 18 anos, encontra-o, com ele se casa pouco depois e se torna mãe. Aíi assistimos a uma cena de parto de um realismo impressionador. O sensitivo se estira na cadeira, os membros se lhe retesam, a fisionomia se contraí e tão intensos parecem os seus sofrimentos que o coronel lhe ordena que passe rapidamente..

            "Tem 22 anos, perdeu o marido em um naufrágio e o filhinho lhe morrera. Desesperada, afoga-se. Esse episódio, que já numa outra sessão reproduzira, é tão doloroso que o coronel lhe recomenda de passar adiante, o que ela faz, não sem experimentar contudo tudo um violento abalo . Na obscuridade, em que logo se encontra, não sofre, no passo que, como o dissemos, sofreu no “ escuro”, depois da morte de Carlos Mauville. Reencarnaria em sua família atual e é conduzida à idade que tem presentemente. A progressão se efetua mediante passes magnéticos transversais."

            "Na 24ª sessão - diz o Sr. de Rochas - proponho-me obter algumas novas particularidades sobre a personalidade de Carlos Mauville e impelir Mayo a uma vida precedente. Aprofundo para isso, rapidamente, o sono por meio de passes longitudinais até a infância de Mauville.

            "No momento em que a interrogo, tem 5 anos; seu pai é contramestre de uma manufatura, sua mãe está vestida de preto e traz à cabeça uma touca.

            "Continuo a aprofundar o sono.

            "Antes fora ela uma senhora, cujo marido era um fidalgo ligado à corte; chamava-se Magdalena de Saint-Marc. Quando pela primeira vez a interrogo, tem 25 anos, é bonita, mas não tem amante. Ofereço-me para preencher essa lacuna: responde-me com um ligeiro tapa atirado com graça; não insisti e ponho-me a lhe falar dos preciosos tecidos que trouxe de minha viagem às Índias.  Mando, pelo meu criado "Champagne," buscar uma mantilha de rendas pretas (verdadeiras) e lh'a mostro. Abre-a e lhe admira a delicadeza do tecido.  Peço-lhe que a aceite; agradece-me sorrindo, - "Sabe que isso é um compromisso ... " _ Atira-a com vivacidade e levanta-se agastada.

            "Dirijo-lhe a- palavra novamente: responde-me como se não tivesse a menor lembrança do que se passara.  Como está de pé, pergunto-lhe se vai sair , - "- Sim, vou às Vesperas." - Permite que a acompanhe? - "De certo." Põe-se a caminhar, lentamente, com a fronte altiva e desdenhosa. Coloco-me ao seu lado, sem lhe oferecer o braço, que ela, porém, toma. Depois de alguns passos, se detém . Coloco-lhe atrás uma cadeira, pensando que se vai sentar; ela, porém, cai de joelhos, faz suas devoções e senta-se em seguida, conservando a atitude desdenhosa. Ao fim de alguns instantes se levanta, repele com o pé a cauda do vestido e pede-me que novamente a acompanhe.

            "Quando suponho chegada à casa, faço um pequeno inquérito de sua vida. Conheceu a Srta. de Lavalière que lhe era muito simpática (1); não conhece a Sra. de Montespan, de quem não gosta."
           
            (1) No estado ele vigília Mayo nunca ouviu falar da Srta. de Lavallière .

            E o Sr. de Rochas reproduz o curiosíssimo diálogo, que suprimimos, por inútil, e acrescenta:

            "Proponho-lhe faze-la envelhecer, para que veja o que mais tarde lhe sucederá . Recusa-se absolutamente. Em vão lh'o ordeno com autoridade e só consigo vencer a sua resistência a poder de
enérgicos passes transversais, a que se procura por todos os meios esquivar.

            "Quando me detenho, tem ela 40 anos; deixara a corte; tosse e sente-se doente do peito. Faço-a se externar sobre o seu caráter: confessa que é egoísta e ciumenta, sobretudo das mulhreres bonitas.

            "Continuando os passes transversais, levo-a aos 45 anos; ela morre tísica  Assisto a uma rápida agonia e ela entra no escuro.

            "Segue-se o despertar imediato com a acelerada continuação dos passes transversais.

            A 25ª sessão é exclusivamente  consagrada às expressões que a música determina em Mayo, ligeiramente adormecida. Na 26ª, cujos apontamentos são tomados pelo Dr. Bertrand e em que o Sr. de Rochas faz uma recapitulação dos mesmos fenômenos anteriores e se detém num demorado interrogatório às personalidades Lina, Carlos Mauville e Magdalena de Saint-Marc, à medida que se apresentam, obtendo indicações positivamente características, há o seguinte trecho a assinalar:

            "Tendo-se prolongado muito a sessão - refere o Dr.  Bertrand - o Sr. de Rochas desperta Mayo, que percorre todas as fases de suas vidas múltiplas.

            “Ao fim de algum tempo, ela tosse - um verdadeiro acesso - depois morre e, por seus movimentos e atitude, compreende-se que sofre. Depois torna a ser Carlos Mauville. Um instante depois tosse de novo (O Sr. de Rochas observa que Carlos Mauville morrera tísico aos 50 anos, como acontecera a Magdalena.  Carl os Mauville morre ...

            Momentos depois, sob a influência dos passes transversais, é novamente Lina, depois chora, se estorce, agarra-se à sobrecasaca do Sr. de Rochas; os seios estão verdadeiramente mais volumosos que de ordinário (todos nós o verificamos ) , Lina tem verdadeiras dores: de repente se acalma. " Acabou-se: nasceu a criança, Lina deu a luz ... Depois chora; é seu marido que morre ... ; chora ainda e de repente, mas muito rapidamente, se debate, suspira, e se afoga e entra na obscuridade.

            "Passa finalmente para a corpo de Mayo e chega progressivamente aos 18 anos."

            Nova reprodução dos mesmos fenômenos e incidentes, com algumas variantes, se verifica na 27ª e 28ª sessões, que por isso omitimos, para nos deter na 29ª.

            "Essa sessão - diz o Sr. de Rochas - tem por escopo fazer o sensitivo retroceder além de Magdalena. Chego efetivamente a conduzir Mayo ao estado de uma criança morta em tenra idade; parecendo-me, porém, a tensão demasiado forte, não insisto e a reconduzo docemente ao estado de vigília, com as seguintes particularidades:

            "Quando ela é Magdalena de Saint-Marc, não quer absolutamente envelhecer e eu determino uma crise assaz violenta, querendo a isso constrange-la por meio de sugestões e passes.

            "Quando volta a ser Carlos Mauville,  na idade de 30 anos, faço-a assinar o nome, que conserva os mesmos caracteres do que firmara na 27ª sessão (1).

            (1) O fac-símile de todas as assinaturas e de algumas palavras mandadas escrever pelo Sr. de Rochas figura no seu livro.

            "Faço-a ainda escrever, quando é reconduzida à personalidade de Lina, aos 12 anos; vai então à escola e faz traços. Aos 16 anos ainda frequenta a escola e escreve muito bem; 'sua caligrafia é então muito mais correta do que quando contava 24 anos e já não tinha ocasião de escrever."

            A 30ª e última sessão, finalmente, descrita em meia dúzia de linhas, é consagrada pelo Sr. de Rochas ao estudo das localizações cerebrais e a determinar, de modo positivo, o êxtase religioso. 


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