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Esse caso da Srta. Maria Mayo, um
dos mais característicos que se encontram no livro do coronel de Rochas, poderá
não constituir, para espíritos demasiado exigentes, uma prova, por assim dizer,
objetiva da pluralidade de existências, se atendermos a que faltou, para o
completar, uma pesquisa relativamente às personalidades anteriormente
revestidas e que foram gradualmente surgindo no campo da consciência sonambúlica,
à medida que, aprofundando a hipnose, as foi evocando o magnetizador. Como
subsídios documentais desse grande princípio, ninguém de boa fé, entretanto,
poderá contestar o valor e o interesse que tais experiências apresentam, quer
pela espontaneidade com que se foram manifestando as personalidades, cada uma com seus caracteres
próprios, sempre idênticos na repetição na observações como idênticas
apresentavam as fases relativas a cada uma delas, o que exclui a hipnose de
simulação, que reclamaria um talento imitativo - e com que fim? - em desacordo
com a mocidade e inexperiência do sensitivo, quer pela imparcialidade do observador
que, na sua qualidade de cientista, precavido e emancipado de todo preconceito,
nenhuma sugestão relativa à nossa tese procurou exercer, sendo ao demais, como
se viu, a Srta. Mayo refrataria à sugestão.
Mesmo, porém, que se não queiram
considerar mais que a titulo de depoimentos subsidiários em favor das vidas múltiplas
as observações neste sentido registradas pelo Sr.
de Rochas, sobretudo com dezesseis diferentes sensitivos, dentre os dezenove
que ele menciona em seu livro, e num espaço de tempo que vai de 1904 a 1910,
isto é, isto é, durante sete anos consecutivos, a concordância e uniformidade
de tais depoimentos constitui pelo menos um elemento de probabilidade em favor
da sua veracidade.
É certo que nalguns casos,
procurando informações a cerca de personalidades acusadas por mais de um sensitivo,
foi negativo o resultado (1), o que apenas poderá significar que mesmo nesse domínio
da psicologia experimental, como em tudo o que se refere às faculdades e manifestações da alma humana,
ainda é cedo para se dissiparem de todo as obscuridades; razão de mais para não esmorecerem nesse rumo
os pesquisadores independentes e estudiosos.
(1) Veja-se, por exemplo, o caso de Victorian (págs.
213-214), o de Henriqueta (págs. 235 a 257), particularmente no que se refere a
Monsenhor de Belzunce, e poucos mais
Por nossa parte, pondo à margem tais
casos, que se podem classificar entre duvidosos e insignificantes, prosseguiremos
na selecionada exposição dos mais interessantes por seus caracteres de verossimilhança
ou de originalidade.
Assim, por exemplo, o caso da Sra.
Roger (nº 7) apresenta o seu
desdobramento em duas sucessivas personalidades anteriores, de cunho bem
acentuado: em primeiro lugar, no sentido retrospectivo da atual encarnação e depois
de uma longa estancia na erraticidade, em que via “companheiras risonhas e que
pareciam mais felizes do que ela," é Magdalena Beaulieu, nascida em 1708 e
falecida aos 19 anos . Conduzida gradualmente às suas diversas idades, até ao
nascimento, assinala impressões e mostras de caráter peculiares a cada uma
delas. Em seguida, recuando mais longe, a nova erraticidade, encontra-se no
escuro e sofre horrivelmente, depois de ter padecido morte violenta, na forca,
por ter assassinado um companheiro, ao que parece, o mestre da oficina de ferreiro
em que trabalhava, com o fim de lhe
tomar a mulher, por quem se apaixonara.
Chamava-se Philibert e vivia no
tempo de Luiz XIV. As impressões recusadas pelo sensitivo, relativamente aos sucessos
dessa vida, bem como à permanência na erraticidade, sobressaltado de angústias,
vendo tudo negro, e aterrorizado com a aproximação de sua vítima, são de um
surpreendente realismo.
Mais interessante contudo, que esse
é o caso imediato (nº 8), relativo à Sra. J., observado pelo Sr. Bouvier, de Lyon,
e que abrange uma série de onze sucessivas encarnações, nesse número compreendida
a atual, cada uma delas apresentando as mais características particularidades
que, todavia, a necessidade de abreviar nos impede, bem a pesar nosso, de
reproduzir.
Limitar-nos-emos, por isso, a
indicar as mais salientes, mas não nos podemos esquivar de reproduzir, a título
elucidativo, as considerações preliminares do experimentador.
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