Quaresma em plena Páscoa JUL 17
No
mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia de nome Emaús, distante de Jerusalém
sessenta estádios. Vinham conversando um com o outro sobre tudo o que acabava
de suceder. Enquanto assim falavam e conferenciavam entre si, aproximou-se
deles o próprio Jesus e foi com eles. Eles, porém, estavam com os olhos
tolhidos, de maneira que não o reconheceram. Perguntou-lhes ele: “Que conversas
são estas que entretendes um com o outro pelo caminho?”
Calaram-se eles, tristes. Um deles,
de nome Cléofas, respondeu: “és Tu o único forasteiro em Jerusalém e ignoras o
que aí se passou nestes dias?”
“Que foi?” – inquiriu ele.
“Aquilo que Jesus, o Nazareno –
responderam-lhe. – Era um profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus
e de todo o povo. Mas os sumos sacerdotes e os nossos magistrados entregaram-no
à pena de morte e crucificaram-no. Nós, porém, esperávamos que fosse ele o
salvador de Israel. De mais a mais, já é agora o terceiro dia que se deu tudo
aquilo. Verdade é que algumas das nossas mulheres nos aterraram; tinham ido ao
sepulcro, mui de madrugada; mas não acharam o corpo. E voltaram com a notícia
de lhes terem aparecido anjos que declararam que ele estava vivo. Ao que alguns
dos nossos foram ao sepulcro, e encontraram confirmado o que as mulheres tinham
dito; a ele mesmo, porém, não o viram.” Lucas 24, 13ss
Que dissestes, solitários
viandantes?... Esperáveis que fosse o Nazareno o Redentor?... E agora vos
desiludistes?... por que?... por que sofreu e morreu?
Que é da vossa
filosofia, insensatos pessimistas?...
Redentor seria o
Nazareno se a si mesmo se redimisse do sofrimento e da morte?
Redentor, se
expulsasse para além das fronteiras o invasor estrangeiro?
Redentor, se
reestabelecesse a independência política de Israel e o esplendor do reino
davídico?
Quando compreendereis o absurdo
desta vossa filosofia?
Huberto
Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
Edição da Revista
dos Tribunais, SP – 1941
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