sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

01/02 A Verdadeira Religião


01/02   A verdadeira religião

Rodolfo  Calligaris

1.         Estudando-se o Evangelho, sem espírito de sectarismo, chega-se à conclusão incontestável de que Jesus jamais pregou ou defendeu nominalmente qualquer religião, nem deixou margem para que esta ou aquela Igreja se arrogasse privilégios especiais, ou se intitulasse a única que salva.

            O que ele ensinou sempre, invariavelmente, em todos os momentos de sua vida pública, foi a Religião do Amor, do Bem, da Caridade!

            Senão vejamos.

            Dando início à sua doutrinação, a quem promete ele as bem-aventuranças do reino dos céus? Aos bons, isto é: aos humildes de espírito, aos mansos, aos que procedem conforme a justiça, aos misericordiosos, aos puros de coração, aos pacificadores... (Mat., Cap. 5)

            Não quer, porém, simples aparências do bom caráter, nem manifestações de falsa piedade, tão ao sabor de certos religiosos, e daí o afirmar, peremptoriamente: “Se a vossa justiça não for maior e mais perfeita que a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos céus.” (Idem)

            Qual a razão dessa advertência? Muito simples. É' que os tais escribas e fariseus, conquanto fossem servis cumpridores das práticas exteriores do culto e das cerimônias estatuídas pelos rabinos do moisaísmo, de virtudes mesmo nada possuíam.

            Em seguida, passa a ensinar assim: “Se alguém vos bater na face direita, apresentai-lhe a outra; àquele que quiser demandar convosco em juízo, para vos tomar a túnica, cedei-lhe também a capa; se alguém vos forçar a caminhar mil passos, carregado, vai com ele dois mil; dai a quem vos pedir e não volteis as costas a quem vos queira solicitar um empréstimo; ao que tirar o que é vosso, não lho reclameis; amai os vossos inimigos; fazei bem aos que vos odeiam; bendizei os que vos amaldiçoam; orai pelos que vos perseguem e caluniam; sede misericordiosos, como vosso Pai é misericordioso; fazei o bem sem ostentação; não julgueis; tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o assim também a eles, pois é nisto que consistem a Lei e os Profetas.”
(Mt, Caps. 5-7)

            Positivamente, ninguém saberia nem poderia usar linguagem mais clara, nem mais precisa do que esta, para dar-nos a entender como devemos pautar nossos atos, a fim de satisfazermos à Lei de Deus.

            Quem há que não almeje para si apenas o que é bom? que não deseje ser tratado com afabilidade? que não queira ser socorrido em suas aflições? que não aprecie ver desculpados os seus erros? que não espere benevolência para as suas fraquezas e imperfeições? que não aspire ao perdão para os seus deslizes? Pois bem, esse mesmo tratamento, amorável e fraterno, que gostamos de receber, é o que devemos dispensar ao nosso próximo, se é que pretendemos ganhar a “salvação”, ou, melhor dito, a felicidade eterna.

            Não haveria de faltar, porém, falsos profetas, que lançassem a confusão em torno de verdades tão simples, que disseminassem doutrinas esdrúxulas, segundo as quais, para salvar-se. ninguém precisa ser bom, nem realizar boas obras... mas tão somente crer em tais ou quais dogmas teológicos ...

            Prevendo isso, avisa o Mestre, alto e bom som: “Toda árvore que não dá bom fruto, é cortada e lançada ao fogo .” – “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos cêus .”

            Acrescenta ainda, para que não subsistam quaisquer dúvidas: “Aquele que ouve minhas palavras e as observa é comparável ao homem prudente que construiu sua casa sobre a rocha. Veio a chuva, transbordaram os rios, os vendavais sopraram e se arremessaram contra essa casa, e ela não caiu, pois estava edificada sobre a rocha. Aquele, porém, que ouve minhas palavras e não as observa, assemelha-se ao insensato que construiu sua casa sobre a areia. Veio a chuva, os rios transbordaram, sopraram os ventos, precipitaram-se sobre essa casa e ela desabou; e grande foi a sua ruína .” (Idem, Capo 7)

            Aí está, com que frisante nitidez o Cristo põe em destaque a importância de praticar os seus ensinamentos. Ora, ele é a revelação viva de Deus, a personificação de Sua lei, e, portanto, o único fundamento sobre que podemos edificar um caráter reto.

            Mas, edificar sobre o Cristo não é apenas decorar as Escrituras Sagradas, exaltar-Ihes os sublimes conceitos, fazer uma tocante profissão de fé, cantar belos hinos sacros, ..

            Não! Edificar sobre o Cristo é cumprir a sua palavra, é obedecer-lhe às instruções, é fazer a vontade d'Aquele que o enviou, é enfim possuir uma fé que se manifesta em obras de bondade!

            Prosseguiremos.

Reformador (FEB) Junho 1970




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