sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

02/02 A Verdadeira Religião



 02/02   A verdadeira religião

Rodolfo  Calligaris


            Se a Humanidade devesse ser salva pela filiação a uma só e determinada Igreja, por suposta infalível, com exclusão de quantas mais existissem, bem triste seria a sua sorte!

            Como poderiam as gentes iletradas ou de poucas letras identificar “a tal”, se constantemente estão surgindo novas seitas, pretendendo cada uma possuir essa característica? Como, se os graus de entendimento são infinitos, e aquilo que satisfaz a uns não apraz a outros? Pois se nem mesmo os sábios, até hoje, conseguiram pôr-se de acordo a esse respeito?!

            Felizmente, porém, o plano de Deus é bem outro, como se há de ver pela explicação dada por Jesus a um doutor da lei.

            Este lhe perguntara: “Mestre, que devo fazer para entrar na posse da vida eterna?” Como se vê, pergunta direta, sem rodeios, exigindo resposta específica.

            Então Jesus lhe diz: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o máximo e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás a teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a Lei e os Profetas. Faze isso, e viverás.” (Mt. 22: 34-40; Mc. 12: 28-34; Lc. 10:25-28. )

            “AMA O TEU PRÓXIMO, E VIVERÁS” - eis, na palavra do Cristo, a que se reduz o problema da salvação das almas.

            Desgraçadamente, porém, apesar da simplicidade da fórmula, nem todos conseguem acertar de pronto a equação, porque... ignoram quem é o seu próximo.

            Valha a esses a parábola do bom samaritano .( Lc. 10: 29-37), com que Jesus, no colóquio mantido com aquele mesmo doutor da lei, elucida-lhe o que significa ser o próximo de alguém.

            ”O mandamento que vos dou é este: que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei”  (João, 15: 12), tornaria a dizer, mais tarde, o Divino Mestre, reafirmando, assim, ser “o amor ao próximo” a síntese do Evangelho do Reino.

            E, como que a rematar toda a sua doutrinação nesse sentido, eis em que termos instrui seus discípulos acerca das recompensas e penas futuras:

            “Quando o Filho do homem vier em sua majestade, acompanhado de todos os anjos, assentar-se-á sobre o trono de sua glória, e, estando todas as nações reunidas perante Ele, separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas das cabras, e colocará as ovelhas à sua direita, e as cabras à sua esquerda.

            “Então dirá o rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, e tomai posse do reino que vos foi preparado desde o começo do mundo; porque tive forme e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, fui hospede e me recolhestes, estive nu e me cobriste, estive em enermo e me visitastes, estive preso e me foste ver. “

            “Responder-lhe-ão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos hóspede e te recolhemos, ou nu, e te vestimos, enfermo ou preso e te fomos visitar?

            “O rei lhes responderá: Na verdade vos digo, todas as vezes que fizestes isso a um dos meus mais pequeninos irmãos, foi a mim que o fizestes.

            “Depois dirá aos que estiverem à sua esquerda: Retirai-vos de mim, malditos: ide para o fogo eterno, que foi preparado para o diabo e para os seus anjos; porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; fui hóspede e não me recolhestes; estive nu e não me cobristes, estive enfermo e preso, e não me visitastes.

            “E eles lhe responderão também: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, hóspede, nu, enfermo ou preso, e deixamos de te assistir?

            “Ele, porém, lhes responderá, dizendo: Na verdade vos digo, todas as vezes que deixastes de prestar essa assistência a qualquer desses pequenos, deixastes de a prestar a mim próprio. E então irão esses para o suplício eterno, e os justos para a vida eterna.” (Mateus 25: 31-46. )

            Ponhamos atenção no quadro que Jesus nos apresenta sobre o juízo final. Qual o objeto das inquirições e o fundamento da sentença? Versa matéria de fé? Estabelece alguma distinção entre o que crê de um modo e o que crê de outro? Absolutamente!

            O juiz indaga apenas uma coisa: se a caridade foi praticada ou não. E pronuncia-se, dizendo: “Vós que assististes os vossos irmãos, passai à direita, e vós outros que fostes duros ou indiferentes, passai à esquerda.” Portanto, é a prática do bem, ainda uma vez, apontada por Jesus como condição única e indispensável para a conquista do reino dos céus.

            Nem poderia ser de outra forma, pois, se “Deus é Amor”, só os que sabem amar poderão apreciar-Lhe a inefável companhia.


Reformador (FEB) Julho 1970


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