10 (e final)
Estudar e... Estudar
por J D Innocêncio
“Reformador” (FEB) - Dezembro de 1981
"Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão,
em todas as épocas da Humanidade."
Allan Kardec
André Luiz na obra mediúnica "Evolução em dois Mundos", psicografada por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, 5ª ed. FEB, 1979, páginas 90/91, no capítulo "Monoideísmo e Reencarnação", nos apresenta extraordinários esclarecimentos quanto aos Espíritos que perdem o próprio corpo espiritual ou perispírito, o que nos leva a transcrevê-lo:
"Ressurgir na própria taba e renascer na carne, cujas exalações lhe magnetizam a alma, constituem aspiração incessante do selvagem desencarnado.
Estabelece-se nele o monoideísmo pelo qual os outros desejos se lhe esmaecem no íntimo. Pela oclusão de estímulos outros, os órgãos do corpo espiritual se retraem ou se atrofiam, por ausência de função, e se voltam, instintivamente, para a sede do governo mental, onde se localizam, ocultos e definhados, no fulcro dos pensamentos em circuito fechado sobre si mesmos, quais implementos potenciais do germe vivo entre as paredes do ovo.
Em tais circunstâncias, se o monoideísmo é somente reversível através da reencarnação, a criatura humana desencarnada, mantida a justa distância, lembra as bactérias que se transformam em esporos quando as condições de meio se Ihes apresentam inadequadas, tornando-se imóveis e resistindo admiravelmente ao frio e ao calor, durante anos, para regressarem ao ciclo de evolução que lhes é peculiar, tão logo se identifiquem, de novo, em ambiente propício.
Sentindo-se em clima adverso ao seu modo de ser, o homem primitivo, desenfaixado do envoltório físico, recusa-se ao movimento na esfera extrafísica, submergindo-se lentamente, na atrofia das células que lhe tecem o corpo espiritual, por monoídeísmo auto-hipnotizante, provocado pelo pensamento fixo-depressivo que lhe define o anseio de retorno ao abrigo fisiológico.
Nesse período, afirmamos habitualmente que o desencarnado perdeu o seu corpo espiritual, transubstanciando-se num corpo ovóíde o que ocorre, aliás, a inúmeros desencarnados outros, em situação de desequilíbrio, cabendo-nos notar que essa forma, segundo a nossa maneira atual de percepção, expressa o corpo mental da individualidade, a encerrar consigo, conforme os princípios ontogenéticos da Criação Divina, todos os órgãos virtuais de exteriorização da alma, nos círculos terrestres e espirituais, assim como o ovo, aparentemente simples, guarda hoje a ave poderosa de amanhã, ou como a semente minúscula, que conserva nos tecidos embrionários a árvore vigorosa em que se transformará no porvir."
É, ainda, em André Luiz, que vamos colher novos subsídios quanto à perda do perispírito. Do livro "Libertação", psicografado por Francisco Cândido Xavier, 8ª ed. FEB, 1980, transcrevemos alguns tópicos, sugerindo a leitura completa dos capítulos "Observações e novidades" (págs. 79/89) e "Quadro doloroso" (págs. 90/100).
"Ante o intervalo espontâneo, reparei, não longe de nós, como que ligadas às personalidades sob nosso exame, certas formas indecisas, obscuras. Semelhavam-se a pequenas esferas ovoides, cada uma das quais pouco maior que um crânio humano. Variavam profusamente nas particularidades. Algumas denunciavam movimento próprio, ao jeito de grandes amebas, respirando naquele clima espiritual; outras, contudo, pareciam em repouso, aparentemente inertes, ligadas ao halo vital das personalidades em movimento.
Fixei, demoradamente, o quadro, com a perquirição do laboratorista diante de formas desconhecidas.
Grande número de entidades, em desfile nas vizinhanças da grade, transportavam essas esferas vivas, como que imantadas às irradiações que lhes eram próprias." (Ob. cit.) pág. 84.)
- "E se consultarmos esses esferóides vivos? ouvir-nos-ão? possuem capacidade de sintonia?
Gúbio atendeu, solicito:
- Perfeitamente, compreendendo-se, porém, que a maioria das criaturas, em semelhante posição nos sítios inferiores quanto este, dormitam em estranhos pesadelos. Registram-nos os apelos, mas respondem-nos, de modo vago, dentro da nova forma em que se segregam, incapazes que são, provisoriamente, de se exteriorizarem de maneira completa, sem os veículos mais densos que perderam, com agravo de responsabilidade, na inércia ou na prática do mal. Em verdade, agora se categorizam em conta de fetos ou amebas mentais, mobilizáveis, contudo, por entidades perversas ou rebeladas. O caminho de semelhantes companheiros é a reencarnação na Crosta da Terra ou em setores outros de vida conqênere, qual ocorre à semente destinada à cova escura para trabalhos de produção, seleção e aprimoramento." (Ob. cit., págs. 88/89.)
"Sim, entendia, por experiência própria, o valor da vida corporal na Crosta Planetária; contudo, ali, diante dos esferóides vivos, tristes mentes humanas sem apetrechos de manifestação, meu respeito ao veículo de carne cresceu de modo espantoso. Alcancei, então, com mais propriedade, o sublime conteúdo das palavras do Cristo: "andai, enquanto tendes luz." (Ob. cit., pág. 89.)
"Percebi que a infeliz se cercava de três formas ovoides, diferençadas entre si nas disposições e nas cores, que me seriam, porém, imperceptíveis aos olhos, caso não desenvolvesse, ali, todo o meu potencial de atenção.
Reparo, sim – expliquei, curioso - a existência de três figuras vivas, que se lhe justapoem ao períspirito, apesar de se expressarem por intermédio de matéria que me parece leve gelatina, fluida e amorfa.
Elucidou Gúbio, sem detença:
- São entidades infortunadas entregues aos propósitos de vingança e que perderam grandes patrimônios de tempo, em virtude da revolta que lhes atormenta o ser. Gastaram o perispírito, sob inenarráveis tormentas de desesperação, e imantam-se naturalmente à mulher que odeiam, irmã esta que, por sua vez, ainda não descobriu que a ciência de amar é a ciência de libertar, iluminar e redimir." (Ob, cit., pág. 95.)
"( ... ) Os impiedosos adversários prosseguiram na obra deplorável e, ainda mesmo depois de perderem a organização perispirítica aderiram a ela, com os princípios de matéria mental em que se revestem. (Ob. cit., pág. 98.)
"Libertação" apareceu em 1949 (hoje em 8ª edição, atingindo a tiragem de 90.000) e "Evolução em dois Mundos", em 1959 (atualmente na 5ª edição, alcançando a tiragem de 65.000). Nelas apareceu, segundo pensamos, e pela primeira vez, a palavra "ovóide" para designar Espírito temporariamente sem corpo espiritual.
Aproximadamente um século antes (1865) aparecia na França a obra mediúnica "Os Quatro Evangelhos", psicografada pela Sra. Collignon e à questão n" 58, formulada por Roustaing:
"Haveis dito que os Espíritos destinados a ser humanizados, por terem errado muito gravemente, são lançados nas terras primitivas, virgens ainda do aparecimento do homem, do reino humano, mas preparadas e prontas para essas encarnações e que aí encarnam em substâncias humanas, às quais não se pode dar propriamente o nome de corpos, nas condições de macho e fêmea, aptos para a procriação e para a reprodução. Quais as condições dessas substâncias humanas?"
Esclareceu a Espiritualidade Superior:
"São corpos rudimentares. O homem aporta a essas terras no estado de esboço, como tudo que se forma nas terras primitivas. O macho e a fêmea não são nem desenvolvidos, nem fortes, nem inteligentes.
Mal se arrastando nos seus grosseiros invólucros, vivem, como os animais, do que encontram no solo e lhes convenha. As árvores e o terreno produzem abundantemente para a nutrição de cada espécie. Os animais carnívoros não os caçam. A previdência do Senhor vela pela conservação de todos. Seus únicos instintos são os da alimentação e os da reprodução. As gerações se sucedem desenvolvendo-se. As formas se vão alongando e tornando aptas a prover às necessidades que se multiplicam. Mas, não é nossa tarefa traçar aqui a história da Criação.
O Espírito vai habitar corpos formados de substâncias contidas nas matérias constitutivas do planeta. Esses corpos não são aparelhados como os vossos, porém os elementos que os compõem se acham dispostos por maneira que o Espírito os possa usar e aperfeiçoar.
Não poderiamos compará-los melhor do que a criptógamos carnudos. Podeis formar ideia da criação humana, estudando essas larvas informes que vegetam em certas plantas particularmente nos lírios. São massa quase inerte, de matérias moles e pouco agregadas que rasteja, ou antes desliza, tendo os membros, por assim dizer, em estado latente." (Tomo Primeiro, págs. 312/313, 5ª ed. FEB, 1971.)
Criptógamos carnudos.
Ovóides.
Quedas espirituais.
Encarnações.
Reencarnações.
Libertações espirituais.
Estudar e ... estudar é a solução.