quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

09 Estudar e ... Estudar



09  Estudar e... Estuda
por J D Innocêncio

“Reformador” (FEB)  -   Novembro de 1981

"Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão,
em todas as épocas da Humanidade."
Allan Kardec



 Em "O Livro dos Espíritos", Parte Segunda, encontramos, nos capítulos IX - "Da intervenção dos Espíritos no mundo corporal" e X - "Das ocupações e missões dos Espíritos", os esclarecimentos indispensáveis à compreensão do entrelaçamento de encarnados e desencarnados, no cumprimento de missões importantes.

Esse entrelaçamento está bem nítido no preparo da Codificação do Espiritismo, por Allan Kardec, e na consolidação da fé, por Roustaing. E mais, há grande semelhança na evolução dos acontecimentos.

Respeitando o espaço que nos é permitido ocupar, sintetizaremos algumas dessas semelhanças, indicando as fontes onde os estudiosos poderão completar suas pesquisas .

I - INICIAÇÃO

Allan Kardec, na página intitulada "A minha primeira iniciação no Espiritismo" ("Obras Póstumas", Segunda Parte, p.p. 265/271), narra que a primeira vez que ouviu falar nas mesas girantes foi em 1854, através do magnetizador Sr. Fortier. Que tempos depois encontrou a mesma pessoa, que voltou a lhe falar do assunto, acrescentando que as mesas não só giravam e andavam, mas, também, "falavam". Nessa oportunidade disse o Codificador aquela frase muito conhecida no meio espírita: "Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula."

No ano seguinte, 1855, acontecem-lhe vários fatos significativos. Logo no início encontra um amigo antigo, o Sr. Carlotti, que lhe fala dos mesmos fenômenos. Em maio, acompanhado do Sr. Fortier, comparece à casa da sonâmbula Sra. Roger e lá encontra o Sr. Pâtier e a Sra. Plainemaison, que lhes falam igualmente dos fenômenos das mesas girantes. A seguir, aceita o convite que lhe fora feito e passa a tomar parte nas experiências realizadas na casa da Sra. Plainemaison. Aí assiste, pela primeira vez, à realização do fenômeno. Posteriormente, conhece a família Baudin e passa a frequentar as reuniões que a mesma realizava, com o concurso da mediunidade das duas Srtas. Baudin, que escreviam numa ardósia com o auxílio de uma cesta.

Em 1856 acompanha, também, as reuniões na casa do Sr. Roustan, que tinha como medianeira a Srta. Japhet. Nessa época, já colhera o material que viria a constituir "O Livro dos Espíritos".

Roustaíng, no Prefácio de "Os Quatro Evangelhos", relata que, em janeiro de 1861, um distinto clínico lhe falara da possibilidade das comunicações entre os dois planos de vida e, também, do surgimento do Espiritismo, como consequência desse intercâmbio. Não acreditou. Foi estudar. Começou pelo "O Livro dos Espíritos" e "O Livro dos Médiuns" e aí tudo se modificou. Passa à filosofia profana e religiosa, antiga e moderna. Relê o "Antigo Testamento" e o "Novo Testamento". A seguir, entra na fase da experimentação e da observação através de diversos médiuns.

Em 23 de junho de 1861 roga e obtém manifestações de diversos Espíritos: João Batista, seu pai e seu guia espiritual (na época, era usual dar um patrono ao recém-nascido, no caso, João Batista). O médium ignorava tal rogativa. A 30 do mesmo mês, recebe orientação de Pedro, o Apótolo, através de manifestação espontânea.

Em dezembro conhece a Sra. Collignon, a quem visitara para ver um quadro mediúnico por ela desenhado. Dias depois volta à casa da médium para agradecer-lhe a gentileza anterior e, quando já se retirava, uma entidade deu sinal de que desejava comunicar-se. A médium, atendendo ao pedido, passa a escrever mecanicamente. A mensagem os convoca para o trabalho na Seara do Cristo, a começar pela elaboração de uma grande obra mediúnica ("Os Quatro Evangelhos").

II - ORIENTAÇÕES MEDIúNICAS

Allan Kardec, em 11 de dezembro de 1855, perguntou se poderia concorrer para a propagação dos ensinos dos Espíritos e, diante da resposta afirmativa, inquiriu por que meios poderia fazê-lo, obtendo a seguinte orientação: "Sabê-lo-ás mais tarde; enquanto esperas, trabalha." (Ob. cit., página 273.)

Em 25 de março de 1856, o seu protetor se identifica, a seu pedido, dizendo que o chamasse de "A Verdade"; acrescentando que todos os meses estaria à sua disposição, por um quarto de hora, aduzindo uma série de observações quanto ao que ele escrevia, na época, e que era preciso refazer determinado trecho. (Ob. cit., p. 274;)

Roustaing, da mesma forma, é concitado a trabalhar e é avisado de que quando chegasse a hora de ser publicada a obra ele seria notificado,

III - ORIENTAÇÕES QUANTO A PUBLICAÇÕES

Allan Kardec, a 15 de novembro de 1857, consulta a respeito de sua intenção de iniciar uma publicação espírita ("Revista Espírita") e é orientado. "Consegui-lo-ás, com perseverança. A ideia é boa; preciso se faz, porém, deixá-Ia amadurecer mais." Quanto ao receio de que outros se antecipassem, a resposta foi: "Importa andar depressa." No que se referia a admitir um possível colaborador na tarefa nova, eis a orientação: -"Age com ou sem o seu concurso; não te consumas por sua causa. Podes prescindir dele." (Ob. cit., p. 293.)

Em sessão íntima, médium Sr. D ... , realizada em 9 de setembro de 1867, é focalizada a obra em que Allan Kardec então trabalhava. Dessa mensagem transcrevemos: "Primeiro, duas palavras com relação à obra em preparo. Como já o temos dito muitas vezes, urge pô-Ia em execução sem demora e apressar-lhe quanto possível a publicação. É preciso que a primeira impressão já se tenha produzido nos espíritos, quando estalar o conflito europeu." À pergunta: "Se nenhum contratempo sobrevier, a obra poderá aparecer em dezembro. Prevês obstáculos?" veio a resposta: "Não prevejo dificuldades intransponíveis. A tua saúde seria a principal; por isso é que te aconselhamos incessantemente que não te descuides dela. Quanto a obstáculos exteriores, nenhum pressinto de natureza séria." (Ob, cit., p. 332.)

Da comunicação de 4 de julho de 1868, transcrevemos o primeiro parágrafo: "Vão em bom andamento os teus trabalhos particulares; prossegue na reimpressão da tua última obra; faze a tua tábua geral para o fim do ano; é coisa de utilidade e, quanto ao mais, descansa em nós." (Ob. cit., p.p. 334/335.)

Roustaing registra: "Em maio de 1865 todos os materiais estavam preparados, tanto a respeito dos Evangelhos, como dos Mandamentos. O aviso de dar a conhecer aos homens, de publicar a obra da revelação, me foi espontânea e mediunicamente transmitido em termos precisos."

Muito mais poderia ser focalizado. As obras aí estão. O estudioso combinará o exame das obras de Allan Kardec, inclusive "Obras Póstumas", com o da obra "Os Quatro Evangelhos", de Roustaing, e poderá encontrar a chave que facilita a compreensão da Verdade relativa ao alcance da Humanidade. Verdade progressiva e não absoluta. Verdade que liberta a mente humana!

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