Ficção? Simbolismo? Realidade?
Michaelus (Miguel Timponi)
Reformador
(FEB) Janeiro 1945
As perguntas que constituem a epígrafe destas singelas observações têm já ocorrido a muitos dos leitores de Nosso Lar e de Os Mensageiros, as interessantes obras ditadas pelo Espírito de André Luiz ao médium Francisco Cândido Xavier.
Na verdade, ao mesmo tempo que essas
produções nos trazem sublimes ensinamentos, lições admiráveis de amor, fraternidade,
resignação, renúncia e trabalho, advertem-nos da existência de um verdadeiro
mundo espiritual, onde se processa e se exercita a atividade no incessante
labor da purificação e da espiritualização dos seres encarnados e
desencarnados.
Aparece, então, às nossas vistas,
como se fora um país encantado, toda uma organização com os seus mais curiosos
e precisos detalhes, com os serviços regulares de vigilância, assistência,
postos de socorro, hospitais, aprendizados, sistemas de comunicações, etc. Um
verdadeiro laboratório em que se examinam, atentamente, as condições das almas
enfermas na escala graduada e infinita da ascensão espiritual. Dir se ia uma
universidade com os seus diversos cursos, onde se adquirem os conhecimentos
para as novas etapas da vida.
Surge, igualmente, numa impressionante revelação, a existência de um mundo físico no plano espiritual com a sua vegetação própria, com os seus rios, com os seus campos, com os seus amplos edifícios, casas de habitação, etc., onde a vida prossegue em busca dos altos cimos da perfeição.
E através dessa leitura suave, em que tudo é descrito com singeleza e simplicidade, vêm à mente aquelas perguntas: ficção, simbolismo ou realidade?
Temos aprendido que a verdade nos é
dada progressivamente. A observação atenta da história da humanidade comprova esse
asserto, quer nos domínios puramente científicos, quer nos domínios
espirituais. Nada, pois, que surja na tela dos fatos ou dos fenômenos
desconhecidos deve ser posto à margem como que desautorizado pelas verdades
anteriormente reveladas. Devemos, então, seguir cautelosamente os conselhos doutrinários,
que nos ordenam o exame minucioso e a análise rigorosa das coisas, fazendo-as passar
pelo crivo da razão e da lógica.
A
primeira indagação do analista deverá ser no sentido da entidade comunicante.
Quem é André Luiz? Um espírito. O
seu nome terreno, o nome convencional que se perde e se esquece na memória dos
tempos sem fim e de que tanta questão fazemos - não sabemos. Isso nada importa.
Que necessidade temos nós, para julgar da substancialidade de uma mensagem, de
saber há quantos anos ou séculos desencarnou o comunicante, quais os seus
títulos e subtítulos, quais os seus méritos e as suas virtudes.
Deveremos encarar a mensagem em si
mesma, na sua essência, nos seus conceitos, nos seus pormenores.
Ora, André Luiz é aquele mesmo comunicante
que nos deu a lição magistral de como se opera nos domínios da fisiologia o
fenômeno da comunicação, através da glândula pineal, cuja função especifica não
foi claramente elucidada até aqui pela nossa ciência.
O Dr. Luiz Guillon Ribeiro Filho, livre
docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, na memorável
conferência realizada perante um auditório seleto, demonstrou brilhante e
convincentemente, nos mínimos detalhes, a precisão da mensagem sob o seu
aspecto rigorosamente cientifico, não ocultando a sua grande admiração pelas
verdades reveladas.
Assim, nada se nos oferece que nos
leve a suspeitar com fundamento da fonte donde emanam essas mensagens.
O raciocínio lógico nos leva, por conseguinte,
a confiar na entidade comunicante, máxime quando a comunicação se opera através
de um médium, como Francisco Xavier, cujas conquistas espirituais formam uma
sólida argamassa de resistência às liliputianas investidas dos obsessores encarnados
e desencarnados.
Mas, indagar-se-á: existem, de algum
modo, revelações de outras fontes, que possam comprovar no todo ou em parte esses
ditados de André Luiz?
Em seus pormenores ou detalhes como vêm descritos
em “Nosso Lar” e em “Os Mensageiros” ainda não conhecemos. Mas, na comprovação geral
da existência de um mundo dos espíritos, onde se vive e se trabalha como num
mundo de matéria, tal como nos narra André Luiz, já existem revelações.
Desde logo, é necessário não olvidar, como nos
ensinam os investigadores espíritas, que nós os encarnados não conhecemos todas
as formas da matéria. A própria Ciência, após as experiências de Crookes,
chegou a resultados surpreendentes quanto à divisão da matéria. Não se deve,
observa Delanne, tomar a palavra imaterial no sentido absoluto, porque a
verdadeira imaterialidade seria o nada.
Por outro lado, sabemos que existe
um perispírito, invólucro fluídico da alma, que não deixa de ser matéria. Nada,
pois, nos deve causar admiração, porque nesse capítulo matéria só estaremos
aptos a dar a última palavra depois que rolarmos pelas vidas sucessivas como
rolam os astros nos Espaços infinitos e na eternidade dos tempos.
Afirmamos que já existem revelações semelhantes.
Temos em mãos um interessante livro editado pela Psychic Press,
de Londres (Teachings of Silver Birch), contendo as mensagens recebidas
de uma entidade, que se oculta sob o pseudônimo de Silver Birch:
No capítulo Life in the Beyond (A vida
no além), Silver Birch relata: “Não compreendeis ainda a beleza, como possa ela
ser. Ainda não vistes a nossa luz, as nossas cores, os nossos cenários, as nossas
árvores, os nossos pássaros, os nossos rios, os nossos regatos, as nossas montanhas,
as nossas flores e, entretanto, o vosso mundo teme a morte.”
E acrescenta: “Morrer não é trágico. Trágico
é viver em vosso mundo."
Depois de salientar o terror que temos pela morte,
Silver Birch declara que começamos a viver precisamente quando morremos.
Perguntado se o corpo que se usa no mundo espiritual
é tão real e sólido como o que se deixa na Terra, respondeu: “Muito mais real e
muito mais sólido, porque o vosso mundo não é absolutamente o mundo real. É
apenas a sombra projetada pelo mundo espiritual. O nosso é a realidade e essa
realidade somente será compreendida quando para aqui passardes.”
Dentre muitas outras perguntas e
respostas, cada qual mais curiosa e interessante, transcreveremos apenas as
três seguintes, para comprovar o nosso ponto de vista.
Existe apenas um mundo espiritual? - "Sim, mas com um número infinito de expressões, e a vida em outros planetas está compreendida como também a do vosso mundo, porque todos têm a sua expressão espiritual como em sua expressão física.”
Existem
divisas em sentido geográfico?
- “Não geográfico, mas no sentido da escala mental, a qual é condicionada pela sua expressão física.”
Significa isso que as divisas são
feitas do mesmo modo que as separações entre as esferas que conhecemos?
- “Sim. No mundo espiritual há
diferenças durante certo tempo, até que ocorra a evolução além da que é
condicionada por uma vida física."
Resulta, desse modo, que as
respostas de Silver Birch, coincidem com as revelações de André Luiz no tocante
à existência de um mundo espiritual com a sua expressão também física, que é
condicionada ao grau de evolução de cada um. Significa isso que no mundo
espiritual há escalas transitórias, desde a que é formada pela “materialidade
relativa” até a que é constituída pela espiritualidade absoluta.
Isso mesmo se infere do nº XXXVII de “Nosso Lar” (A Preleção da Ministra) quando afirma que “Nosso Lar”, como cidade de transição, é uma bênção a nós concedida por “acréscimo de misericórdia”, para que alguns poucos se preparem à ascensão, e para que a maioria volte à Terra em serviços redentores.
De resto, não se compreenderia que
André Luiz, caso se tratasse de uma obra de ficção ou de simples simbolismo,
não fizesse preliminarmente a necessária advertência, como tantas vezes sói
acontecer em comunicações dessa natureza.
Por último, Emmanuel, esse iluminado
que já conhecemos, no Prefácio de “Nosso Lar” advertiu: - “Certamente que
numerosos amigos sorrirão ao contato de determinadas passagens das narrativas.
O inabitual, entretanto, causa surpresa em todos os tempos. Quem não sorriria, na
Terra, anos atrás, quando se lhe falasse da aviação, da eletricidade, da
radiofonia? A surpresa, a perplexidade e a dúvida são de todos os aprendizes
que ainda não passaram pela lição. É mais que natural, é justíssima. Não comentaríamos,
desse modo, qualquer impressão alheia. Todo leitor precisa analisar o que lê.”
Estamos, portanto, diante de uma
realidade. E isso constitui mais um estímulo para os que buscam conhecer a obra
divina através das suas leis eternas e imutáveis. A sabedoria é tão infinita
como o infinito dos céus. Muito há que andar, muito há que meditar e observar
até alcançarmos os mais altos planos espirituais.
Muito há o q caminhar, muito o q meditar até alcançarmos os mais altos planos da espiritualidade.
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