Novos horizontes
por Amadeu
Santos
Reformador
(FEB) Agosto 1942
Desde o tempo em que, no pleno vigor da adolescência, depois de estudar a História da nossa pátria de origem, repelimos, por mendazes (enganadores) e contraditórios, os princípios básicos do catolicismo, os quais nos foram ministrados carinhosamente desde o berço e nos arrastaram às portas do dissolvente materialismo, aceitamos os postulados da Doutrina dos Espíritos como verdadeiros, fazendo-nos adepto sincero do Neo Espiritualismo.
Mas, ainda passamos, dos 15 aos 22 anos, uma fase de quase indiferentismo pelas coisas relacionadas com a alma, multo embora já sentíssemos a chama sagrada da crença na imortalidade do Espírito, na lei das provações e no princípio maravilhoso das reencarnações, em que a Doutrina dos Espíritos baseia, a inflamar o nosso espírito, algo voluntarioso, chama que acabou por nos despertar dessa espécie de letargia que domina os seres naquela idade, fazendo nos interessássemos sobremodo pelos assuntos que falam diretamente ao cérebro e ao coração. Assim foi que, inesperadamente, nos vimos entregue ao proveitoso trabalho de estudar e proclamar sem rebuços, por todos os meios ao nosso alcance, as excelências inigualáveis da Terceira Revelação Divina.
Várias vezes fomos chamados a dar
testemunho da nossa fé raciocinada, respondendo, com argumentos convincentes e
lógicos, a ataques impiedosos de detratores, nem sempre leais, do Espiritismo.
E o fizemos, mercê de Deus, sempre
com bom êxito, terminando por confundir os antagonistas exclusivamente porque
defendíamos verdades inconcussas, que não por supostos méritos pessoais.
Temo-nos por espiritista convicto,
certo de que também o são quantos aceitam o Espiritismo, a doutrina cristã por
excelência, compreendida no seu tríplice aspecto, filosófico, cientifico e
religioso, em que pese a muitos confrades que sustentam só poderem ser espíritas
os seres evoluídos, puros e perfeitos, como se a Terra seja lugar habitado por Espíritos
dessa natureza! No nosso míope modo de ver, somente não são verdadeiros espiritistas
os que, embora detentores do conhecimento de salvadoras verdades, não procuram
corrigir-se, permanecendo escravos do erro e do vício.
Entretanto, se bem sejamos espíritas
de longos anos, não conseguimos ainda desvencilhar-nos de ideias preconcebidas,
não raro de funestos efeitos.
É que, possivelmente por ignorância,
ou por influência do meio ambiente em que vivemos durante multo tempo, não nos
dávamos ao trabalho de estudar a belíssima obra de J. B. Roustaing, intitulada “Os
quatro Evangelhos”, chegando mesmo a nutrir prevenção contra ela.
Só agora, passado largo período de
aprendizado evangélico em fonte relativamente deficiente, é que conseguimos quebrar
as algemas que maniataram o nosso raciocínio por tanto tempo, privando-nos do
conhecimento e assimilação dos incomparáveis ensinos que se contém na
portentosa obra mediúnica em apreço. E constatamos, cheio de admiração, quanta infantilidade
e pequice
(teima) havia na nossa
rebelde teimosia, com o privar-nos, voluntária e displicentemente, de inestimáveis
ensinamentos doutrinários.
Novos horizontes se nos abrem agora à
percepção espiritual, inundando de aurifulgente luz o nosso frágil espírito com
o estudo paciente e criterioso de “Os quatro Evangelhos”.
Roustaing nos ensinou a compreender
um Cristo mais divino e mais humano! Um Cristo soberano - um Cristo vivo!.
Lamentamos haver perdido tanto tempo sem o identificarmos,
como acabamos de fazê-lo, graças à obra de Roustaing. Penitenciamo-nos de não nos
termos interessado a mais tempo pela leitura de obra tão grandiosa. quão
edificante. Deixando à margem seus valiosíssimos ensinamentos, hemos (havemos) desprezado o auxílio o
valioso de recursos incalculáveis, que nos teriam sido proveitosos, no mister dignificante
da disseminação da Doutrina que nos é tudo na vida - o Espiritismo - a que nos
temos entregado desde muitos anos. A lição, todavia, há de ser-nos utilíssima.
Que o saibam os confrades desavisados,
como nós o fomos a fim de que não tenham de lamentar-se mais tarde. Como medida
acauteladora e prudente devem afastar do íntimo as ideias preconcebidas e
personalistas. É o que lhes lembramos fraternalmente...
"Devemos afastar do íntimo as ideias preconcebidas..."
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