Divina Advertência
A Redação
Reformador (FEB) 16 Outubro 1925
Estas
palavras de Jesus podem ser entendidas, por extensão, como advertência aos seus
discípulos de todas as épocas; devem tocar vivamente os espíritas, porque estes
são os depositários da revelação do Espírito da Verdade e os incumbidos de
apostolizarem o Cristianismo Espírita.
Se,
em verdade, o Espírito tem a liberdade de escolher as suas provas e missões,
que muits vezes lhe ultrapassm as possibilidades, vindo a falir no desempenho
delas porque não foi submisso aos conselhos dos guias amorosos e somente
atendeu à sua desmedida ambição de progredir rapidamente, certo é também que
atraiçoaremos a doutrina do Divino Mestre, se não tivermos forças e coragem
para fundi-la nos nossos atos.
Em
todos os tempos sempre houve discípulos fiéis, almas sinceras e valorosas, mas,
do mesmo passo, existiram osfalsos apóstolos. Estes crucificavam o Evangelho,
escabujando (debatendo-se em desespero) no lodo das paixões
grosseiras; trocavam o direito da progenitura pelo fatal prato de lentilhas,
que lhes envenenavam a alma; deixavam enfim de ser o bom levedo, para se
transformarem em fermento de pecado.
Outrora,
aquele que negociara a venda do seu Mestre, antes de consumado o nefando crime,
profundo arrependimento tivera de tamanho delito. Depois de ter sido ingrato,
fora rebelde. A fraqueza humana, porém, dos que vendem e crucificam a Jesus a
toda hora, negando-o pelos atos, e pior, porque contumaz.
De tantas
mostras de fragilidade os novos seguidores da obra apostólica deverão
lembrar-se de contínuo, buscando compreender o sentido profundo dessa opima (rica)
esmola de Jesus, jamais esquecidos de que muitos são os chamados e bem poucos
os escolhidos.
O
homem não pode fiar-se em suas forças, porque o Espírito que há nele ainda está
cheio de muitas fraquezas. Quando menos espera, vê-se de rastro, caído e
vencido. Porque ser arrogante e confiar nas convicções que julga ter, se ao
menor descuido, a um choque mais violento, tudo se esbarronda (desmorona) e vai
ter ao lamaçal? A firmeza do discípulo não está senão no escudo que o Mestre
nas mãos lhes pôs; oração e vigilância. Seu valor não está nas palavras que
profere, mas no sentimento que voa aos pés do Senhor.
Não sofra o
servo a paixão do temor de não poder alvejar de súbito a túnica que arrasta;
basta-lhe a dor do publicano que, ao lado do fariseu orgulhoso e hipócrita,
gemia plangente (triste) súplica, ao Deus de
misericórdia, que não quer a morte do ímpio, mas a salvação do pecador. Seja humilde
o servo e, quando houver de erguer a fronte para fitar o céu, inundado esteja o
seu rosto do pranto de seus olhos, a tranluzir arrependimento, gratidão e fé.
Saiba o
discípulo que o homem só fala do que o coração possui. Quando este guarda avaramente
o amor de Jesus, de sua boca se aparta o pão molhado, símbolo da negra
ingratidão. Então, quem quer que receba, recebe aquele que o enviou, porque,
como disse Jesus a Filipe, quem vê a mim, ao Pai vê. Assim
ver-se-á no servo a sacrossanta imagem do Senhor.
Oxalá que a humanidade veja nos cristãos, através dos seus atos, a doce imagem do Filho de Maria. Ter-se-á nesse instante a parábola da figueira: quando seus ramos estão tenros e as folhas brotam, sabeis que vem próximo o estio (o verão). Assim também quando virdes todas essas coisas (os sinais do advento espiritual de Jesus), sabeis que o Filho do Homem está próximo, está à porta. (2)
Ver-se-á no servo a sacrossanta imagem do Senhor."
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