ANTOLOGIA UBALDIANA
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A GRANDE SÍNTESE
CAPÍTULO 8 - A LEI
A Lei. Eis a ideia central do
Universo, o sopro divino que o anima, governa e movimenta, tal como vossa alma,
pequena centelha dessa grande luz, governa vosso corpo. O universo de matéria
estelar que vedes, é como a casca, a manifestação externa, o corpo daquele
princípio que reside no âmago, no centro.
Vossa ciência, que observa e
experimenta, permanece na superfície e procura encontrar esse princípio através
de suas manifestações. As poucas verdades particulares que aprendeu, são apenas
farrapos mal remendados da grande Lei. A ciência observa, supõe um princípio
secundário, deduz uma hipótese, trabalha sobre ela, esperando uma confirmação
da experiência, e daí conclui uma teoria. Mas vislumbrou somente pequena
ramificação derradeira do conceito central, porque este defenderá com o
mistério até que o homem seja menos malvado, menos propenso a fazer mau uso do
saber e mais digno de olhar na face as coisas santas. Falo-vos de coisas eternas
e não vos choque esta linguagem, para vós anticientífica; ela se mantém fora da
psicologia que vosso atual momento histórico vos proporciona. Minha ciência não
é como a vossa, ciência agnóstica, impotente para concluir; nem é ciência de um
dia. Lembrai-vos de que a verdadeira ciência toca e mergulha nos braços do
mistério: sagrado, santo e divino. A verdadeira ciência é religião e prece, só
pode ser verdadeira se também for fé de apóstolo e heroísmo de mártir.
A Lei é Deus. Ele é a grande alma
que está no centro do universo. Não centro espacial, mas centro de irradiação e
de atração. Desse centro, Ele irradia e atrai, pois Ele é tudo: o princípio e
suas manifestações. Eis como Ele pode — coisa inconcebível para vós — ser
realmente onipresente.
É necessário esclarecer este
conceito. Chegou o momento de retomar a ideia de que partimos, dos três
aspectos do universo, para aprofundá-la.
A esses três aspectos correspondem
três modos de ser do universo.
A estrutura ou forma, o movimento
ou vir-a-ser, o princípio ou lei, podem também denominar-se:
Matéria
Energia Espírito
ou
também, movendo-se no sentido inverso:
Pensamento Vontade Ação.
Do
primeiro modo de ser, que é:
Espírito Pensamento Princípio ou Lei
deriva
o segundo, que é:
Energia Vontade Movimento ou vir-a-ser
e
do segundo, o terceiro que é:
Matéria Ação Estrutura ou forma.
Esses três modos de ser estão
coligados por relações de derivação recíproca. Para tornar mais simples a
exposição, reduziremos esses conceitos a símbolos. A ideia pura, o primeiro
modo de ser do universo, a que chamaremos espírito, pensamento, Lei, que
representaremos com a letra α (alfa); condensa-se e se materializa,
revestindo-se com a forma de vontade, concentrando-se em energia,
exteriorizando-se no movimento, segundo modo de ser que representaremos com a
letra β (beta); num terceiro tempo, passamos (em virtude de mais
profunda materialização ou condensação, ou exteriorização), ao modo de ser que
denominamos matéria, ação, forma, isto é, o mundo de vossa realidade exterior,
representaremos com a letra γ (gama).
O universo resulta constituído por
uma grande onda que, de α, o espírito, (puro pensamento, a Lei que é
Deus) caminha para um devenir contínuo, movimento feito de energia e
vontade (β) para atingir seu último termo, γ, a matéria, a forma.
Dando ao sinal → o sentido de “vai para”, poderemos dizer: α→β→γ.
O espírito, α, é o princípio,
o ponto de partida dessa onda; γ, a matéria, é o ponto de chegada. Mas
compreendereis, qualquer movimento, se ampliado constantemente numa só direção,
deslocaria todo o universo (em sentido lato, não apenas espacial), com acúmulos
de um lado e vazios de outro, proporcionais e definitivos. Então é necessário,
para manter o equilíbrio, que a grande onda de ida seja compensada por outra
onda equivalente de volta. Isso é também lógico e se realiza em virtude de uma
lei de complementaridade, pela qual cada unidade é metade de outra unidade mais
completa. O movimento que existe no universo não é jamais um deslocamento
unilateral, efetivo e definitivo, mas é a metade de um ciclo que retorna ao
ponto de partida, após haver cumprido determinado devenir uma vibração de
ida e volta, completa em sua contraparte inversa e complementar.
A esse movimento descêntrico que
vimos, a expansão e a exteriorização, α→β→γ, segue-se então um
movimento concêntrico inverso: γ→β→α. Há, pois, o movimento inverso,
pelo qual a matéria se desmaterializa, desagrega-se e expande-se em forma de
energia, vontade, movimento; é um tornar-se, que por meio das experiências de
infinitas vidas, reconstrói a consciência ou espírito. Aqui, o ponto de partida
é γ, a matéria, e o ponto de chegada é α, o espírito. Assim, a
espiral, que antes era aberta, agora se fecha; a pulsação de regresso completa
o ciclo iniciado pelo de ida.
Este é o conceito central do
funcionamento orgânico do universo. A primeira onda refere-se à criação, à
origem da matéria, à condensação das nebulosas, à formação dos sistemas
planetários, do vosso sol, do vosso planeta, até à condensação máxima. A
segunda onda, de regresso, é a que vos interessa e viveis agora, refere-se à
evolução da matéria até às formas orgânicas, à origem da vida; com a vida,
tem-se a conquista de uma consciência cada vez mais ampla, até a visão do
Absoluto. É a fase de regresso da matéria que, por meio da ação, da luta, da
dor, reencontra o espírito e volta à ideia pura, despojando-se, pouco a pouco,
de todas as cascas da forma.
Estas simples indicações já esboçam
a solução de muitos problemas científicos, como o da constituição da matéria,
ou como o da possibilidade de, por desagregação, extrair dela, como de imenso
reservatório, a energia, que não seria senão a passagem de γ→β. A
energia atômica que procurais, existe, e a encontrareis.
Estes apontamentos projetam a
solução de muitos complexos problemas morais. Diante da grande caminhada que
seguis está escrita a palavra evolução e a ciência não pôde deixar de
vê-la, mas apenas a vislumbrou nas formas orgânicas e não em toda sua imensa
vastidão. Vosso ciclo poderia definir-se como um físio-dínamo-psiquismo. A
fórmula é γ→β→α.
Nota: A seleção dos textos de Pietro Ubaldi são uma colaboração do espírita amigo Júlio Damasceno.
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