Subsídios para um mundo novo
Túlio
Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador
(FEB) Março 1964
Temos hábito de fazer periódicas incursões nos
livros editados há alguns anos, para renovarmos a sensação de beleza moral que
promana dessas obras magníficas, a maior parte delas de procedência mediúnica,
outras, porém, de autoria de espíritas esclarecidos e bastante familiarizados
com a Doutrina codificada por Allan Kardec.
Não há nada mais confortador do que
essa espécie de “volta a Meca”. Tornamos a visitar “Os Quatro Evangelhos”, “Renúncia”,
“No Invisível”, “Missionários da Luz”, “Libertação”, “O Espírito Consolador”, “O
Evangelho segundo o Espiritismo”, “O Livro dos Médiuns”, “O Livro dos Espíritos”
e assim por diante. Sempre que se torna a ler um livro espírita muita coisa nova
ressurge e se aprende. São fontes de ensinamentos prodigiosos, essas obras.
Há dias, abrimos “Crônicas Espíritas” de Fred.
Fígner. Apreciamos, não apenas a serenidade da linguagem usada por esse
eminente vulto do Espiritismo brasileiro, mas também a sua argumentação de
irresistível lógica, esmagando e ao mesmo tempo esclarecendo, ensinando e
educando um certo padre Dubois, que, à maneira dos Boaventuras de todos os
tempos, pretendeu confundir os espíritas com sofismas e silogismos de legítima
feitura jesuítica. Eis um livro que merece as atenções daqueles que ainda não o
conhecem.
Há nele muita coisa interessante e
instrutiva. No capítulo em que fala do dogma católico da “Transubstanciação”,
Figner ensinou ao padre Florêncio Dubois que esse dogma foi “produzido” (eis o
termo adequado) pelo concílio do Trento (1545-1563), por determinação do papa
Paulo III. E para evidenciar o perfil desse pontífice que o convocou, cita um
trecho da página 7, volume 4, da “História dos Papas”, de Maurice Lachatre, que
é de estarrecer. Vai, em seguida, ao “dogma da Imaculada Conceição da Virgem
Maria”, detém-se no dogma da “Divindade de Jesus”, trata da “Divindade da
Igreja Católica”, enfim, reduz tudo às suas reduzidas e insignificantes
proporções.
É bom reler bons livros. É bom
também conhecer o que de novo vem surgindo no Espiritismo nacional. Temos, por
exemplo, “Devassando o Invisível”, da médium Yvonne A. Pereira, que já nos deu “Memórias
de um suicida”, “Nas voragens do pecado” e “Nas teias do Infinito”. É valioso “Estudo
sobre fenômenos e fatos transcendentes devassados pela mediunidade, sob a orientação
dos Espíritos-Guias da médium”. Vejam só o título de alguns capítulos: “Como se
trajam os Espíritos”, “Frederico Chopin na Espiritualidade”, “Mistificadores –
Obsessões”, “Sutilezas da Mediunidade”, “As virtudes do Consolador”, “Os
grandes segredos do Além”.
Quase ao mesmo tempo apareceu um novo livro
da dupla magnífica de médiuns – “Francisco Cândido Xavier – Waldo Vieira, nomes
já mundialmente consagrados. A obra foi ditada por André Luiz, cujos trabalhos
anteriores dispensam adjetivos, tão importantes e mesmo revolucionários foram
na literatura espírita. Desta vez ele nos deu “Sexo e Destino”. Tema difícil,
perigoso, mas de palpitante atualidade, num mundo que parece obcecado pelo
sexo, a tal ponto que a concupiscência se amplia, causando estragos
incomensuráveis.
A obra em si é de enorme valor.
Bastaria o nome de André Luiz para recomendá-la. Acresce, porém, outro pormenor
valioso: Emmanuel, Espírito cintilante por sua grande elevação moral e
desmedida cultura, ditou, à guisa de prefácio, o “Prece no Limiar”, que assim
começa: “Pai de Infinita bondade! Este é um livro que permitiste ao nosso
André Luiz traçar, em lances palpitantes da existência, alguns conceitos da
Espiritualidade Superior, em torno de sexo e destino – fotografia verbal de
nossas realidades margas que entremeaste de esperanças eternas.”
Vale a pena conhece-la por inteiro.
O assunto é grave e interessa a homens e mulheres, sendo altamente recomendável
à juventude, logicamente mais sujeita aos percalços da vida sexual.
São obras, estas duas últimas, que se nivelam
a outras de igual profundidade moral, que já contribuem, há muitos anos, para a
orientação superior da criatura humana. Nenhuma felicidade coletiva será
possível sem que primeiramente se alcance a reforma e o aperfeiçoamento de cada
indivíduo. As obras espíritas têm também essa missão.
São subsídios de imenso valor par a
construção de um mundo novo e melhor.
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