segunda-feira, 26 de julho de 2021

Corrupção da Juventude

 

Corrupção da Juventude

Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)

Reformador (FEB) Outubro 1962

            Nenhuma religião, que o seja efetivamente, deve estimular qualquer forma de violência ou dificultar o encontro da paz e da fraternidade. Por isto, surpreendemo-nos quando, há tempos, um sacerdote católico veio à televisão defender a pena de morte. Do mesmo modo, estranhamos que, nos Estados Unidos, se não nos falta a memória, uma freira dava instrução militar (!) a meninos. A fotografia saiu publicada aqui na Guanabara, num dos jornais de maior circulação.

            A Religião, segundo o próprio nome o indica, é o esforço para unir, conjugar, reunir, ligar. Se faz o contrário, não é rigorosamente uma religião, embora a tradição que a aponte como tal.

            Agora, lendo um jornal de Março último, encontramos este telegrama datado de 17 e procedente de Dijon, França:

             “A Polícia prendeu um sacerdote acusado de inculcar em seis jovens as ideias da proscrita organização do Exército secreto. A Polícia informo que o sacerdote Georges Nantes pregava, em seus sermões, contra a independência da Argélia. Acrescentou que admitiu que fazia que seis jovens o ajudassem a preparar material em favor da Organização do Exército Secreto e que, em seguida, enviavam a Prefeitos preeminentes da região. (UPI).”

             Não podemos deixar de lamentar o fato, de que o telegrama, publicado a 18 de Março pelo “Diário de Notícias” do Rio, nos deu ciência. Em vez de o sacerdote encaminhar os jovens pela senda de o sacerdote encaminhar os jovens pela senda do respeito à paz, do amor à fraternidade, da consideração aos fracos que desejam libertar-se, fazia justamente o contrário, tornando-se cúmplice de uma organização terrorista, que se opõe violentamente à independência da Argélia.

             A nós somente interessa o fato moral. Expusemo-lo com simplicidade e com parcos comentários, porque não desejamos faze maiores referências ao acaso. Tirem os leitores, com serenidade, partindo de um ponto de vista simplesmente humano – já não diremos evangélico – as conclusões que julgarem mais sensatas e lógicas.

             Não é a primeira vez que tal sucede: não será a última. Infelizmente, infelizmente. Ver-se um sacerdote empenhado em corromper jovens, insuflando em sua mente ideias de violência, de morte e até mesmo de traição à sua Pátria, que está desejosa de conceder a liberdade desejada pela Argélia, aspiração justa de um povo que almeja caminhar com seus próprios pés. A França, que laçou ao mundo a divisa – “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” quer dar à Argélia essa liberdade, mas um grupo sedicioso, que se denominou “Organização do Exército Secreto”, se opõe a tão justo propósito, recorrendo ao terrorismo, matando franceses e argelinos, na ânsia de impedir tão compreensível conquista.

 

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