segunda-feira, 3 de maio de 2021

Origem dos Espíritos

 


Origem dos espíritos

por Arthur da Silva Araújo  ‘Brasil-Espírita’ Outubro 1971

             - Dissestes que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?

                - Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade. (Questão n. 607 de “O Livro dos Espíritos”)

                Os Espíritos Reveladores haviam dito a Kardec, na questão nº 190, que o estado da alma, na primeira encarnação, era semelhante ao da infância na vida corporal, o que levou o Codificador, então, a formular a pergunta que está merecendo o nosso estudo.

                Antes, contudo, de considerarmos essa manifestação do Mundo Espiritual, convém nos detenhamos no exame dos termos utilizados para a indagação, sobretudo neste precioso conceito: “Onde passa o Espírito a primeira fase do seu desenvolvimento?”

                É que Kardec desejava saber em que condições ou estado o Espírito se encontrava antes de receber, pela primeira vez, a vestimenta física humana.

            Que era ele? Simples fluido?

                Os Reveladores, sempre atentos, responderam de maneira a não deixar dúvidas: “Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”

                O ensino é claro, mas o Mundo Espiritual procura torná-lo mais compreensível, assegurando que tudo na natureza se encadeia e caminha para a unidade e ainda que os seres inferiores da criação, cuja titularidade estamos longe de conhecer, significam o princípio inteligente que se elabora e individualiza, a pouco e pouco, ensaiando-se para a vida consciente. Anunciam os Reveladores que, depois de longo trabalho preparatório, em outros estágios, o Espírito entra em período de humanização, começando a ter consciência do seu futuro, a possuir capacidade para distinguir o bem do mal e a conquistar responsabilidade para os seus atos ou melhor dizendo, as condições indispensáveis para manipular o livre arbítrio.

            Assim, - voltamos a indagar -, que existências são essas, anteriores à fase hominal?

                Serão, certamente, aquelas mencionadas pelos Evangelistas e ditadas, entre os anos de 1861 a 1865, ao advogado J. B. Roustaing, por intermédio da médium mecânica Mme. Collignon.

            Examinemos mais detidamente o assunto.

                Deus cria espíritos incessantemente, segundo afirmação do Mundo Espiritual na questão nº 81; mas ninguém sabe por que os cria e em que momento o faz, como acrescenta na questão nº 78.

            Ora, sabendo-se que Deus cria permanentemente, será que Ele plasma o Espírito já como homem, na condição de “simples e ignorante”, como está consignado na questão nº 115? Não, evidentemente que não, uma vez que os próprios Reveladores, na questão nº 607, afirmam que ele passou por uma série de existências anteriores.

                É nessa hora que somos levados a consultar “Os Quatro Evangelhos”, para neles recolher as explicações complementares, todas simples, lógicas e convincentes, que os Evangelistas ofereceram a Roustaing.

                Vejamos, em síntese, como eles se expressaram:

                O Espírito inicia sua trajetória no reino mineral, como simples essência espiritual, sem individualidade. Depois através de fase realmente curta, mas sempre progressiva, atinge o reino vegetal, conhecendo as sensações, participando de atos exteriores, com ideia de sofrimento mas sem ter a consciência de suas causas.

                Posteriormente, ingressa no reino animal, ocasião em que inicia as relações ostensivas com o exterior. Permanece no campo dos instintos e da conservação. Tudo muito limitado, evidentemente e obedecendo à marcha evolutiva anunciada na letra “a” da questão nº 597 de “O Livro dos Espíritos”: “É também uma alma, (dos animais), se quiserdes, dependendo isto do sentido que se der a esta palavra. É, porém, inferior à do homem. Há entre a alma dos animais e a do homem distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e Deus.”

            Finalmente, após estágio em mundo “ad-hoc(para esta finalidade), no qual recebe a responsabilidade integral do livre arbítrio e é alertado sobre os deveres e os riscos da caminhada evolutiva, o Espírito inicia sua marcha em demanda da Eternidade e da Luz Imortal, agora com a sublime missão de abandonar os instintos que conserva do reino animal, para incorporar os sentimentos e as virtudes que o conduzam ao Reino de Deus.

                O certo é que todos nascemos iguais, atravessando os mesmos reinos até chegarmos ao período de humanização, onde damos os primeiros passos na condição de “simples e ignorantes”, como falaram os Reveladores a Kardec.

            Aí começa o grande trabalho, a grande opção. Escolhemos os caminhos que mais nos agradam e selecionamos os grupos com os quais nos afinamos, sempre com a assistência e as bênçãos divinas.

                Muitos caem e alguns vencem.

                Para ritmar nossos passos nas sendas do mundo, sempre contamos com a ajuda generosa de Jesus, que não esconde sua condição de Salvador do Mundo. É claro que Ele não se propõe a nos carregar ao colo, enquanto permaneçamos deslumbrados com as fascinações do caminho, mas nos oferece o seu Evangelho de Luz, transbordante de moral e de bondade, para servir como roteiro de redenção para o nosso Espírito.


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