Origem dos
espíritos
por Arthur
da Silva Araújo ‘Brasil-Espírita’
Outubro 1971
- Numa série de
existências que precedem o período a que chamais Humanidade. (Questão n. 607 de
“O Livro dos Espíritos”)
Os Espíritos
Reveladores haviam dito a Kardec, na questão nº 190, que o estado da alma, na
primeira encarnação, era semelhante ao da infância na vida corporal, o que
levou o Codificador, então, a formular a pergunta que está merecendo o nosso
estudo.
Antes, contudo,
de considerarmos essa manifestação do Mundo Espiritual, convém nos detenhamos
no exame dos termos utilizados para a indagação, sobretudo neste precioso
conceito: “Onde passa o Espírito a primeira fase do seu desenvolvimento?”
É que Kardec
desejava saber em que condições ou estado o Espírito se encontrava antes de
receber, pela primeira vez, a vestimenta física humana.
Que era
ele? Simples fluido?
Os Reveladores,
sempre atentos, responderam de maneira a não deixar dúvidas: “Numa série de
existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”
O ensino é claro,
mas o Mundo Espiritual procura torná-lo mais compreensível, assegurando que
tudo na natureza se encadeia e caminha para a unidade e ainda que os seres
inferiores da criação, cuja titularidade estamos longe de conhecer, significam
o princípio inteligente que se elabora e individualiza, a pouco e pouco,
ensaiando-se para a vida consciente. Anunciam os Reveladores que, depois de
longo trabalho preparatório, em outros estágios, o Espírito entra em período de
humanização, começando a ter consciência do seu futuro, a possuir capacidade
para distinguir o bem do mal e a conquistar responsabilidade para os seus atos
ou melhor dizendo, as condições indispensáveis para manipular o livre arbítrio.
Assim, - voltamos
a indagar -, que existências são essas, anteriores à fase hominal?
Serão,
certamente, aquelas mencionadas pelos Evangelistas e ditadas, entre os anos de
1861 a 1865, ao advogado J. B. Roustaing, por intermédio da médium mecânica
Mme. Collignon.
Examinemos
mais detidamente o assunto.
Deus cria
espíritos incessantemente, segundo afirmação do Mundo Espiritual na questão nº
81; mas ninguém sabe por que os cria e em que momento o faz, como acrescenta na
questão nº 78.
Ora,
sabendo-se que Deus cria permanentemente, será que Ele plasma o Espírito já
como homem, na condição de “simples e ignorante”, como está consignado na
questão nº 115? Não, evidentemente que não, uma vez que os próprios
Reveladores, na questão nº 607, afirmam que ele passou por uma série de
existências anteriores.
É nessa hora que
somos levados a consultar “Os Quatro Evangelhos”, para neles recolher as
explicações complementares, todas simples, lógicas e convincentes, que os
Evangelistas ofereceram a Roustaing.
Vejamos, em síntese,
como eles se expressaram:
O Espírito inicia
sua trajetória no reino mineral, como simples essência espiritual, sem
individualidade. Depois através de fase realmente curta, mas sempre
progressiva, atinge o reino vegetal, conhecendo as sensações, participando de
atos exteriores, com ideia de sofrimento mas sem ter a consciência de suas
causas.
Posteriormente,
ingressa no reino animal, ocasião em que inicia as relações ostensivas com o
exterior. Permanece no campo dos instintos e da conservação. Tudo muito
limitado, evidentemente e obedecendo à marcha evolutiva anunciada na letra “a”
da questão nº 597 de “O Livro dos Espíritos”: “É também uma alma, (dos
animais), se quiserdes, dependendo isto do sentido que se der a esta palavra.
É, porém, inferior à do homem. Há entre a alma dos animais e a do homem
distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e Deus.”
Finalmente,
após estágio em mundo “ad-hoc” (para esta finalidade), no qual
recebe a responsabilidade integral do livre arbítrio e é alertado sobre os
deveres e os riscos da caminhada evolutiva, o Espírito inicia sua marcha em
demanda da Eternidade e da Luz Imortal, agora com a sublime missão de abandonar
os instintos que conserva do reino animal, para incorporar os sentimentos e as
virtudes que o conduzam ao Reino de Deus.
O certo é que
todos nascemos iguais, atravessando os mesmos reinos até chegarmos ao período
de humanização, onde damos os primeiros passos na condição de “simples e
ignorantes”, como falaram os Reveladores a Kardec.
Aí começa o
grande trabalho, a grande opção. Escolhemos os caminhos que mais nos agradam e
selecionamos os grupos com os quais nos afinamos, sempre com a assistência e as
bênçãos divinas.
Muitos caem e
alguns vencem.
Para ritmar
nossos passos nas sendas do mundo, sempre contamos com a ajuda generosa de
Jesus, que não esconde sua condição de Salvador do Mundo. É claro que Ele não
se propõe a nos carregar ao colo, enquanto permaneçamos deslumbrados com as
fascinações do caminho, mas nos oferece o seu Evangelho de Luz, transbordante
de moral e de bondade, para servir como roteiro de redenção para o nosso
Espírito.
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