A
Incógnita do Além
Emmanuel por Chico Xavier Reformador (FEB) Janeiro 1943
Meus amigos, Deus vos conceda muita paz espiritual no caminho diário.
Conheço a ansiedade com que muitos de
vós outros batem às portas da revelação. Sei de vossas aspirações e já
experimentei vosso desejo muito.
O homem defrontará sempre a incógnita
do além túmulo, tomado de incertezas augústias, quando se distancia do alimento
espiritual, matéria prima da vida eterna, o que ocorre no cenário de vosso século,
repleto de acontecimentos de profunda significação científica e filosófica, cercados
de realizações, da máquina e empolgados que de ideologias políticas; permaneceis
à beira de abismos que solapam os séculos laboriosos de realizações.
O homem moderno cresceu em suas
realizações puramente intelectualísticas, avançando no domínio das organizações
materiais; entretanto, por trás de muralhas de livros, ao longo de códigos
pacientemente elaborados, a inteligência da criatura se esconde para preferir a
morte. A ciência que devassou desde o subsolo até a estratosfera, manifesta a
sua impossibilidade de dominar o vulcão mortífero. Vinte séculos de pensamento
cristão não bastaram: Milhares de mensagens da Providência Divina, convertidas
em utilidades para a civilização de nossos tempos sopitaram os novos surtos de
devastações e misérias. Não lamentamos porém. Apenas nos referimos à semelhante
derrocada para exaltar a grandeza da experiência espiritual.
O homem econômico de nossas
filosofias atuais não pode subsistir no quadro da evolução divina. Um homem é espírito
antes de tudo. A Terra é a nossa escola milenária, aguardando resignadamente a
nossa madureza de sentimentos.
É por isto que acorrestes à presente
reunião, em vossa maioria tangidos pelo desejo de auscultar o desconhecido. E, por
isto que esperáveis expressões fenomênicas que vos modificassem inteiramente.
No fundo, meus amigos, desejais a Fé, quereis tocar a certeza. Entretanto, a
curiosidade não pode substituir o trabalho perseverante e metódico, nenhuma técnica
profissional por mais singela pode-se eximir de cultores da experiência sentida
e vivida.
Alguns dentre vós formulais
indagações mentais enquanto outros aguardam manifestações que firam as
percepções externas. Todavia, apesar do desejo de vos atender particularmente,
não seria possível quebrar a lei universal da iniciativa de cada um no campo do
livre arbítrio relativo que nos rege os destinos. Vossa ansiedade palpita em
todo mundo. A humanidade suplica expressões novas que lhe definam as diretrizes
para o mais alto e vossos corações permanecem cansados do atrito dispensivo.
Sois, de modo geral, os viajores que, extenuados do caminho árido começam a
indagar as profundezas do céu, tendo sempre uma resposta para quantos o
contemplam, convictos de que a vida é testemunhos de trabalho, de realizações e
de confiança. Nenhuma elevação se verificará sem o esforço próprio.
É por este motivo que as ideias
religiosas antigas, embora respeitáveis pelas mais sublimes tradições, não mais
satisfazem. Os templos de pedra deixam exalar ainda o incenso da poesia, mas as
vossas esperanças pedem esclarecimentos concretos e roteiros precisos.
Sim, vossa sede é justa.
A fonte, porém, ainda é aquela que o
Mestre nos trouxe há dois mil anos.
Procurai esta água da vida eterna.
Não vos deixeis dominar tão somente
pela ânsia que, às vezes, é doentia.
Procurai de fato conhecer.
Não vos restrinjais ao campo
limitado da curiosidade. Toda curiosidade é boa quando conduz ao trabalho.
Recebei, portanto, os serviços de
Deus, em vós mesmos. Vosso coração e vossa inteligência constituem a grande
oficina. Aí dentro operareis maravilhas desde que não condeneis vossas melhores
ferramentas de observação e possibilidades de serviço à ferrugem do
esquecimento.
Que a vossa curiosidade seja um
marco útil na estrada da sabedoria.
Continuai no vosso esforço lembrando
que se viestes hoje bater à porta do mais além, o mais além respondendo vem
bater igualmente às vossas portas.
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