Recusa
significativa
por Vianna de Carvalho Reformador (FEB) Fevereiro 1920
Os
termos daquele documento, a despeito da insinuação de polidez fingida que aparece
aqui e ali como disfarce à prepotência do pensamento geral da tese jesuítica,
acusam o espírito estreitíssimo da seita e sua absoluta divergência dos modelos
expostos no Evangelho.
A teologia continua adotando - ao menos na parte teórica - os
mesmos processos em voga nos ominosos (sinistros) séculos da idade medieval.
Anquilosou-se (cristalizou-se) na irredutibilidade do dogma.
E, enquanto tudo progride dentro da civilização ambiente, ela teima
no propósito esdrúxulo de permanecer intangível apesar dos erros que a ciência
positiva lhe vem descobrindo a cada passo.
É óbvio que, com semelhantes disposições, a igreja estará sempre
em campo oposto às iniciativas liberais.
Conscientemente
reage contra a lei de evolução e prega o imobilismo como preceito imposto
essencialmente à grei (rebanho) de seus fiéis.
Daí
o rol de proibições regulamentadas, de vez em quando, nos conciliábulos do Vaticano.
Ao católico não assiste o direito de se pertencer intelectualmente,
nem de dispor da própria individualidade no intercâmbio da vida social.
Não
pode examinar livros escapos (isentos) à rubrica da autoridade eclesiástica; não se lhe consente frequência
nos templos de outros credos, às sessões de Espiritismo nem às assembleias, fundamentalmente
amorosas, organizadas pelos teosofistas.
E porque esta disciplina rígida, absorvente e ridícula ao mesmo tempo?
Para
evitar confrontos prejudiciais às doutrinas do papado.
Ah!
Se os católicos raciocinassem sobre qualquer assunto da crença que receberam,
desde o berço, mecanicamente!
O
prestígio do clero dissolver-se-ia como por encanto e cessaria a avalanche de
dinheiro que corre para os palácios dos bispados e demais ramos da grande
empresa cujo giro de capitalismo egoísta assume proporções assustadoras.
Ora, um cardeal que se preza deve ser, antes de tudo, um homem de
negócio.
A
presença dos devotos da Santa Sé na reunião promovida por nossos irmãos teosofistas,
daria talvez ensejo a que alguns, menos carolas, viessem a inutilizar grilhetas
(argolas
presas as pernas de condenados) de
credulidade rendosa que os trazem manietados aos interesses da cúria romana.
Logo,
anátema seja lançado sobre os intuitos sãos dos discípulos de Blavatsky e se
imprima ordem categórica para conseguir o máximo de redução no coeficiente da assistência
ao prélio ferido harmoniosamente em prol da fraternidade universal.
É
assim que o catolicismo procede com relação às ideais nobres: repele-as sem análise
e sonega lhes conhecimento aos escravos de suas arbitrariedades inquisitoriais.
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