O Grande
Cadinho
por Vinícius (Pedro de Camargo) Reformador (FEB) Janeiro 1934
O que haverá de amor naquele amor?
O que haverá de amor nesse outro
amor?
O que haverá, em suma, de amor nos
amores deste mundo?
O que haverá de ouro verdadeiro
nesses metais reluzentes que os homens ostentam com tanta jactância e tanta
veleidade? Quer parecer-nos que não existe nenhuma parcela do nobre minério em
todas as joias e galas do século; afigura-se aos nossos olhos que todas são
falsas, que todas simulam o que realmente não são.
E não será por isso mesmo que a dor
impera no seio da humanidade, como fatal contingência?
Certamente, pois o orbe que
habitamos não passa de um imenso cadinho, onde se derrete o metal humano, para
purificá-lo das escórias que o desmerecem e aviltam.
Graças a tal processo, a percentagem mínima de amor que
existe nos amores terrenos aumentará progressivamente até que haja muito amor
nos amores dos homens.
As escórias se evolarão (elevar-se voando), ao calor do sofrimento e das
amarguras, ficando no fundo do cadinho, cintilante e bela, a gema pura, sem
jaça e sem liga.
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