"Do Além”
por M. Quintão
Reformador (FEB)
Dezembro 1922
Em regra, exigente para quanto nos
chega por via mediúnica, infenso mesmo, por índole e por sistema, à publicidade
de mensagens das que por ali pululam tão isocromáticas na forma quão vazias de
fundo, não temos agora constrangimento no aconselhar a leitura deste trabalho,
tanto o reputamos escrupuloso e útil.
Certo, os nossos confrades
estudiosos não vão aí encontrar coisas novas e estupefacientes, exegeses
profundas e revelações sensacionais, conceitos arrojados e conclusões
temerárias.
Nada disso: os espíritos que aí se
revelam, procuram, de preferência timbrar a nota evangélica e o fazem em linguagem
simples, por vezes suave, ao alcance de todas as inteligências.
Sente-se e compreende-se, em bloco,
que o seu objetivo predominante é, antes de tudo, tocar os corações para a
exemplificação do amor de Deus e do próximo - supremo alvo de todas as religiões,
ou, no dizer de Jesus – toda a lei e os
profetas.
A muita gente se antolhará insulsa essa
literatura do Além, desataviada de imaginosos coloridos, em que a descritiva comumente
falha, para dar lugar ao conceito filosófico, emocional.
Essa lacuna admissível do ponto de vista da crítica
leiga, já fora notada a propósito da obra mediúnica de Fernando Lacerda, increpando-se
ao consagrado e original estilista de “Os Maias” a astenia (perda ou diminuição
das forças ou da resistência do sistema nervoso (neurastenia) ou do psiquismo
(psicastenia);
da sua “verve”
admirável, através do filtro mediúnico.
Tal julgamento, aparentemente justo,
perde, entretanto, todo o valor desde que consideremos a origem, a natureza, o
mecanismo e, sobretudo, a finalidade das comunicações espíritas.
Quanto a origem, importa considerar que o desencarnado
não tem, como nós, a impressão atual das perspectivas e sensações terrenas: ao
contrário, a maior acuidade dos sentidos psíquicos lhe dará sensações inéditas,
ne novas combinações fluídicas, em vibrações outras que mal pudéramos imaginar
e menos compreender.
Quanto a natureza, sendo as comunicações
de ascendente moral, educativo, essencialmente idealista, é claro que não podem
requintar em detalhes materiais, desses que formam a técnica humana.
Quanto ao mecanismo, no modus operandi, esse é um ponto sutil e
delicado, sobre o qual os espíritos pouco tem aduzido.
Qualquer que seja, porém, a
faculdade mediúnica (exceto a psicográfica mecânica) (1), o que parece inconteste é que o espírito
comunicante não pode anular inteiramente a influência reflexa do médium.
São esses os casos de médiuns poliglotas,
do que dão diagnósticos médicos perfeitos, dos
que dão diagnósticos médicos perfeitos, dos que, em suma, revelam aptidões técnicas
irrepreensíveis.
Desta conjectura temos uma prova direta em nosso círculo
de estudos - O ”Grupo Ismael”. Esse Grupo, no qual, pelo médium Frederico
Junior, foram ditadas três obras primas (2)
de Bittencourt Sampaio, o fino lapidário da ‘Divina Epopeia’, tem ainda
prometida uma quarta obra, por ele denominada “o seu canto do cisne” e a
intitular-se – Regina.
Pois bem: desencarnado o médium Frederico e substituído por outro, de uma feita, relembrando a promessa, Bittencourt teve esta frase: estou preparando o médium que, sabem, não tem a maleabilidade precisa para transmitir o meu vocabulário.
As obras precedentes, seja dito, são
obras de estilo e estesia
(sensibilidade) literária, jogando com dados históricos
e conhecimentos outros, que o médium estava longe de possuir no seu estado
normal.
Delas, disse o saudoso Arthur
Azevedo, que eram primorosos no gênero e até indicavam que o autor requintara
na morte as suas consagradas qualidades de prosador e poeta.
Quanto aos fins das comunicações, é
sabido que os espíritos elevados colimam (apreciam), de preferência, falar dos sentidos d'alma, que não aos
do corpo.
Diante da grandeza de um Universo
que se amplia ao infinito, perscrutando a natureza efêmera das coisas que formam
o nosso ambiente físico para só conhecerem das causas imanentes que regem o cosmos,
é claro (falamos dos espíritos elevados) que os desencarnados podem e devem colocar
em plano secundário “as nuances” e cabedais propriamente humanos.
Ainda assim, casos há de manifestações típicas, em que
a técnica e os prismas da Terra se evidenciam, como, por exemplo, no romance póstumo
de Charles Dickens e nas apreciadas novelas de Victor Hugo pela médium patrícia
Zilda Gama.
Não seja, pois, motivo de reparo o
isomorfismo
(de
formas iguais)
do estilo destas comunicações
que vimos apreciando, circunstância que deve ser levada à conta da tonalidade
pessoal do médium, e que em nada afeta o valor moral da sua nobre tarefa.
Tomadas de conjunto, essas comunicações
constituem excelentes temas de meditação, e deixam n'alma do crente um suavíssimo
conforto, o que só por si bastaria para recomendar a sua leitura a todos os
nossos confrades.
É o que fazemos sem favor, deixando
aqui consignados os nossos agradecimentos pela gentileza da oferta.
por Adelaide Câmara (Aura Celeste)
Ed.
“Fundo de Publicações Amaro Câmara RJ -1960
Mensagem de
Bezerra de Menezes (Max) à pág. 47:
Criaturas
há impulsivas para quem no primeiro momento tudo é bom, perfeito, razoável, e
sob essa impressão procuram agir; é errônea essa maneira de proceder, falso é
esse modo de interpretar os atos de seus irmãos. Daí se originam contendas,
perfídias, apreciações injustas, que não só vão ferir a pessoa que o produziu,
mas afetam também o próprio pensador. Eis porque Nosso Senhor Jesus Cristo
disse: “Não julgueis para não serdes julgados.”
Sim,
meus amigos, com a medida com que medirdes, com essa medida seremos nós medidos,
isto é, no grau e da forma que perdoarmos, dessa mesma forma seremos perdoados.
Lembrai-vos, meus amigos, de que a vida do cristão deve ser o espelho no qual
se reflitam todos os atos comprobatórios da sua sinceridade. Dizer com os
lábios, pregar virtudes e não exemplifica-las nos fatos de sua vida de relação
é um pensar errado, é uma maneira de proceder que não se coaduna com os
preceitos evangélicos.
No
entanto, tivemos na Terra o Modelo perfeito de todas as virtudes, Nosso Senhor
Jesus Cristo, que tudo exemplificou com humildade! Sim, meus amigos porque o
homem muitas vezes interpreta o perdão como ato de nobreza orgulhosa do seu
caráter, ele sabe que perante o mundo lhe fica bem esse perdão; entretanto esse
não é o perdão verdadeiro, não é o que foi ensinado pelo Cristo de Deus.
É
preciso que saibais perdoar com humildade, isto é, atenuando as dívidas do
ofensor, justificando sua fragilidade, atribuindo à fraqueza do seu espírito,
porquanto não fosse espírito fraco e possuísse envergadura suficiente para dar
execução ao ensino de amor, certamente não ofenderia seus irmãos.”
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