sexta-feira, 9 de abril de 2021

Caridade

 

Caridade

por Arnaldo S. Thiago     Reformador (FEB) Novembro 1921 (trechos)

             “Caridade é nobreza d’alma: somente pode existir associada à máxima pureza de sentimentos. 

                Alma vincada de vícios, de deformidades, de abjeções não pode ter caridade; se algum bem pratica, se a alguma obra pia (ah! essas obras pias da igreja pequena!) se consagra, é por vaidade, ostentação de virtude inexistente... seja lá pelo que for, nunca, porém, por espírito de caridade, a lídima caridade cristã.”

             “Caridade é elevação moral, estritamente ligada à educação da alma, educação que não raras vezes exige dos bons o martírio de assistir à flagelação dos maus, embora lhes custe o espetáculo as lágrimas de mortal angústia.”

             “Ninguém pode ter caridade igual a Deus - e as penitenciárias do infinito enxameiam,  entretanto, de réprobos vergastados pelas dores atrozes da matéria, pelos estigmas horrorosos de todas as deformidades físicas, reflexos das deformidades morais.”

                       “A caridade fora da qual não há salvação é a do Cristo, não esse triste simulacro em que se comprazem os vaidosos e orgulhosos de toda espécie... salvo raras exceções, raríssimas: as exceções sempre confirmam as regras...”

             “... a caridade, em sua legítima acepção evangélica - a ela que serve de lema, ao Espiritismo - deve-se ser sem receio que é de ordem moral, subordinada à virtude.” 

             “Jesus, nas suas últimas advertências aos discípulos, disse-lhes: Ide, curai os enfermos, pregai o Evangelho.

            Curai os enfermos! O imperativo é, este caso, categórico. Para curar enfermos não basta fundar hospitais, casas de saúde, asilos, à moda do clero: lúgubres mansões onde se deposita seres humanos, para servirem à curiosidade uns, ao exame científico de outros: objeto de recreação ou cobaias...

            Curar enfermos, no sentido evangélico, segundo o ensinamento e o exemplo do Mestre, é ter a superioridade espiritual necessária para operar por si mesmo essas curas, como Jesus praticava e o puderam praticar seus discípulos, possuídos daquela virtude da caridade que é a quintessência do amor ao próximo. Essas curas nem mesmo são do as de ordem mediúnica, de que se fazem tantas vaidades e ostentações incabíveis, porquanto o agente de tal curas não é o homem, que aparece, mas o Espirito...”

 


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