Res non verba (fatos não palavras)
por M. Quintão Reformador (FEB) Janeiro 1923
Não
é que o fato seja dos mais surpreendentes nem inusitados para quantos se ilustram
na histeria copiosa e edificante da fenomenologia espírita.
Precioso,
entretanto, e oportuno se torna ele pela documentação de um testemunho próximo,
cuja autenticidade pode ser solicitada, por quem quer que duvide da sua origem.
Pois
bem: materialista confesso desde os tempos acadêmicos, mas sempre leal, esse
homem não desdenhou observar os fenômenos espíritas através da mediunidade da
Sra. Prado e bastou que, tocado em sua consciência, viesse de público declarar
a bancarrota de suas teorias materialistas, abraçando o Espiritismo, para que os
corifeus do Catolicismo -como se as crenças fossem coisa de empreitada e o
averbassem de paranoia, papalvo e quejandas gentilezas dos que têm Deus nos lábios
e fel no coração.
Objurgatórias
(condenações) tais, por gratuitas e tendenciosas, quanto ocas, não têm, sequer,
o mérito da originalidade: são “mutatis mutandi” (uma vez efetuadas as necessárias mudanças) o que dos
primitivos e veros cristãos diziam os celsos (sublimes), em coro com os sacerdotes de Júpiter e outros deuses menores.
Contudo,
a História é pouco lida e menos meditada nestes tempos de vida intensa e
apressada, pelo que sempre convém assinalar a circunstância: são os sacerdotes
católicos, presuntivamente espiritualistas, logicamente deístas, os que profligam (derrotam) a conversão de um materialista,
demonstrando assim que é melhor não conhecer Deus, não o amar nunca nem jamais
pretender servi-lo, em consciência, do que faze-lo pelo Espiritismo.
Eis
o que em poucas palavras, poucas e claras como a sua alma de penitente, nos diz
o Dr. Bacellar, antes de historiar o fato - a dilatação de um tumor operado à
sua vista e de outras muitas pessoas, por uma entidade espiritual materializada.
Não
queremos nem devemos indagar aqui do modo pelo qual atuaria o cirurgião do
espaço, para alcançar o que na técnica humana demandaria todo um aparelhamento
prévio. Sabemos, ou antes presumimos, como os seres desencarnados evoluídos
manipulam os fluidos imponderáveis aos nossos sentidos, mas, entretanto,
condutores de energias incalculáveis. E haverá nisso algo de extraordinário, de
incompatível com o que nos limites da humana ciência se nos vai revelando? Pois
não estão aí patentes em seus efeitos, embora intangíveis em sua essência, a
eletricidade, o magnetismo, os raios ultravioleta? Disso tudo, que é fluido,
não ensaia a medicina aplicações à terapêutica?
Afinal, não há como deixar de convir: é bem mais cômodo negar o fato a priori, insultar os que têm a coragem moral de o testemunhar e confessar, do que explica-lo satisfatoriamente à luz da razão.
Nós
que há vinte anos estudamos e pesquisamos estas coisas; que não colocamos,
jamais, os preconceitos da Terra acima dos ditames da consciência; que temos
meditado a fragilidade, a transitoriedade de teorias científicas, sistemas filosóficos
e confissões religiosas, sempre reivindicamos o direito de clamar: neguem,
insultem, mas... provem o contrário.
Se o Espiritismo, que apresenta fatos desta ordem e converte sábios e doutores é uma doutrina de loucos, deem-nos, então, coisa melhor, mais racional, mais positiva, mais consoladora .
“Res
non verba”, senhores tutores da Natureza ou procuradores de Deus em causa
própria. Vamos, a questão não é de palavras, é de fatos.
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