Ecos e
Fatos
A Redação
Reformador (FEB) 1º Julho
1917
Nosso distinto confrade M. Quintão, em meditado e
conceituoso artigo inserto na edição anterior desta revista, observa que não há
divergência entre as revelações obtidas por ALLAN KARDEC e as que foram obtidas
por ROUSTAING, cumprindo ambos a sua tarefa.
Aproveitando o ensejo, julgamos conveniente reproduzir as
palavras de ALLAN KARDEC, na Revue Spirite de 1866 (junho) quando
noticiou a publicação dos Quatro Evangelhos, de ROUSTAING:
“Esta obra
compreende a explicação, artigo por artigo, mediante comunicações ditadas pelos
espíritos. É um trabalho considerável e que, para os espíritos, tem o mérito de
em nenhum ponto estar em contradição com a doutrina ensinada n’O Livro dos
Espíritos e n’O Livro dos Médiuns, são em sentido análogo as partes correspondentes
àquelas de que nos ocupamos no Evangelho segundo o Espiritismo.
Como
nos tenhamos limitado às máximas morais que, com raras exceções, são claras,
não poderiam ser elas interpretadas de modos diversos, como também nunca
serviriam de objeto para controvérsias religiosas.
É por
esse motivo que por aí começamos discorrendo sobre assuntos que não seriam
contestados, esperando que a opinião geral estivesse mais familiarizada com a ideia
espírita.
O autor
desta nova obra entendeu seguir outro caminho.
Em lugar
de seguir gradativamente, quis chegar de um golpe ao fim.
Tratou
de certas questões, que não tínhamos julgado ainda oportuno abordar. Por
conseguinte, cabe-lhe a responsabilidade e aos espíritos que fizeram os comentários...
“
Nenhuma revelação contraria a esses comentários publicou
ALLAN KARDEC.
Se manifestou opinião pessoal divergente sobre o corpo de
Jesus, declarou n' A Gênese “nada prejulgar sobre a natureza do Cristo, que não
entrava no plano da obra. O seu estudo contra o dogma da divindade de Jesus foi
publicado nas Obras Póstumas.
Cumpre assinalar que ROUSTAING tinha no mais elevado conceito
ALLAN KARDEC, a quem considerava como fundador do Espiritismo.
Em exemplares da edição francesa dos Quatro Evangelhos figuram extratos da da resposta a seus críticos e
adversários, publicada pelos discípulos de ROUSTAING, contendo notícias sobre fenômenos
de materialização de espíritos, modernamente observados. Conviria aos confrades
examinar essa documentação.
Vamos encerrar este pequeno artigo com a palavras de ALLAN
KARDEC, na conclusão d'O Livro dos Espíritos:
“Os espíritos
sempre nos disseram que não nos inquietássemos com as divergências, que a unidade
se havia de estabelecer: ora, a unidade já se fez sobre a maioria dos pontos e
as divergências tendem, diariamente, a desaparecer...”
Que importam algumas dissidências que, realmente, estão
mais na forma que no fundo?! Notai que os princípios fundamentais são por toda
a parte os mesmos e vos devem unir em um pensamento comum: o amor de Deus e a prática
do bem... Se, entre os adeptos do Espiritismo, há alguns que divergem de
opinião sobre alguns pontos de teoria, todos estão concordes sobre os pontos fundamentais:
há, pois, unidades...Podem haver escolas, que procurem esclarecer-se sobre as partes
ainda controversas da ciência; não devem haver seitas rivais umas das outras. O
antagonismo só pode existir entre aqueles que querem o bem e aqueles que fazem
ou querem o mal. Ora, não há em só espírita sincero e compenetrado das grandes máximas
morais ensinadas pelos espíritos que possa querer o mal ao seu próximo, sem distinção
de opiniões, Se uma delas está em erro, tarde ou cedo a luz se fará para ela,
se a procurar de boa fé, sem prevenção. No entretanto todos tem um laço comum
que os deve unir em um mesmo pensamento; todos tem um mesmo fim. Pouco importa,
pois, o caminho, entretanto que ele aí o conduza. Ninguém deve procurar
impor-se pelo constrangimento material ou moral, e só estaria no falso aquele
que lançasse o anátema ao outro...”
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