Cavalos
de Tróia
Vinélius Di Marco (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Janeiro 1958
Já Allan Kardec advertira os espíritas do cuidado que se
deve ter em relação ao trabalho daqueles que se apresentam como confrades, mas
que procedem inamistosamente, perturbando a obra do Espiritismo, apegados a
pontos de vista personalíssimos, dos quais não desejam afastar-se de maneira
alguma, São os maiores aliados dos inimigos reconhecidos do Espiritismo, porque
procuram lançar a cizânia em nosso meio. Não se compenetram dos deveres que
todos temos em face da Doutrina e desconhecem os princípios que todos devemos
respeitar a fim de que o objetivo comum do Espiritismo seja alcançado com um grau
de eficiência cada vez maior.
Ora colocam a questão do “corpo fluídico” de Jesus como
pomo de discórdia, embora, na maioria dos casos, não tenham lido a grande e
prodigiosa obra de Jean -Baptiste Roustaing – “Os Quatro Evangelhos”; ora
investem a Federação Espírita Brasileira porque esta, consciente da sua enorme responsabilidade,
não se dispõe a endossar fantasias nem a prestigiar movimentos sem qualquer
utilidade para o futuro da Doutrina. Esses são os “espiritas” que desconhecem o
Espiritismo. São “espíritas” porque se meteram no Espiritismo, mas não são espíritas visto estarem divorciados
dos ensinos doutrinários.
Não nos arreceamos dos ataques desleais do alto clero
católico, porque sabemos como enfrentá-los e destruí-los. Não tememos a ação
dos inimigos do Espiritismo que se confessam hostis à Causa que abraçamos.
Temos mais de temer os falsos espíritas, os “cavalos de Tróia” do Espiritismo,
aqueles que ainda não adquiriram a verdadeira mentalidade espírita, e que,
vivendo entre nós, podem ser prejudiciais no bom andamento do Espiritismo.
Nem podemos surpreender-nos com isso, nem tampouco irritar-nos.
Jesus passou por essa experiência. Encontrou falsos amigos, teve traidores em
seu caminho, negadores da sua obra, mas, afinal, a todos perdoou. Que devemos
fazer nós, humílimos seguidores do Espiritismo Cristão, senão perdoar a esses
que se dizem dos nossos, mas prejudicam o trabalho espírita? Temos de ser prudentes
como a serpente, mas não podemos nem devemos responder com a mesma prova de incompreensão
e intolerância maligna. Permanecendo vigilantes, porque a grandeza moral do Espiritismo
nos obriga a essa atitude, procuremos anular a ação malsã, difundindo a boa Doutrina
e desfazendo pela lógica dos fatos o esforço mal empregado dos que se afirmam
espíritas e procedem como se fossem adversários do Espiritismo.
Há como que uma tentativa reiterada de perturbação da Família
espírita nacional. Irmãos que ainda não têm olhos de ver tentam solapar o
prestígio da Federação Espírita Brasileira. Realizam justamente a obra que o
alto clero católico gostaria de poder sustentar e consumar com a mesma eficiência.
Tornam-se, dessa maneira, aliados dos inimigos do Espiritismo, e, como
dissidentes da Federação Espírita Brasileira, que tem um passado respeitável e cujo
presente em nada o deslustra, promovem dissensões, lançam a confusão onde
devera reinar o entendimento, e alardeiam vitórias que nada mais são que
desoladoras derrotas.
Bezerra de Menezes, o grande e boníssimo Bezerra de
Menezes, foi uma vítima desses incontáveis, desses “espíritas” que chegam a
ponto de esquecer as lições de sabedoria da Doutrina Espírita, para adotarem,
cada qual a seu jeito, a “doutrina” que suas inclinações pessoais aconselham.
A autoridade da Federação Espírita Brasileira, no entanto,
permanecerá incólume, porque ela não se afasta do programa pre estabelecido por
Ismael, não se arreda da Doutrina, não refuga os seus princípios nem tampouco fecha
os olhos às manobras que possam comprometer a unidade do Espiritismo no Brasil
ou a própria Causa. Está fortalecida pelo Alto a Federação Espírita Brasileira
e a seu lado continuam e hão de continuar todos aqueles que possuem definitivamente
formada a consciência pelos estalões doutrinários de Allan Kardec.
PS.:
Do blog: Interessante notar como as posições se inverteram. Hoje, os adeptos de Roustaing são como que caçados por serem "hereges".
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