domingo, 23 de agosto de 2020

A Mulher e o Espiritismo



A Mulher e o Espiritismo
(Vinélius Di Marco) Indalício Mendes
Reformador (FEB) Novembro 1957

            Tem-se dito, e com muita razão, que o papel da mulher na preparação moral da criança é fundamental para o futuro da Humanidade. No Espiritismo, a regra permanece a mesma. À mulher deve competir a mais importante atividade na preparação das crianças consoante à moral cristã adotada no Espiritismo. Ela possui a acuidade imprescindível à melindrosa tarefa de transmitir à infância ensinamentos delicados.

            A educação cristã através do Espiritismo é muito importante, porque pode preparar gerações e gerações de criaturas que, no porvir, serão capazes de adotar diretrizes mais elevadas e compatíveis com as lições do Cristo no Evangelho. Há um mundo de coisas úteis a ensinar às crianças, sem preconceitos, sem dogmas irracionais, sem lugares comuns que, mais tarde, serão obstáculos ao desenvolvimento mental daqueles que não tiverem a felicidade de receber a luz da Terceira Revelação muito cedo.

            Estamos em face de um mundo em transição. Os desregramentos da vida atual, a exacerbação do egoísmo, a hipertrofia da cupidez, os desentendimentos conjugais, os excessos da concupiscência, a ausência do sentimento de responsabilidade, a frouxidão moral, enfim, todas as manifestações negativas que se observam nos dias presentes nada mais são do que os sintomas positivos de uma Humanidade que se acha em fase de transição para a era nova, que poderá ser pior que a atual, se os homens persistirem na imprevidência de que se acham possuídos. As dores e as provações que existem ou que poderão vir, são como as trombetas de Jericó. As guerras que têm ensanguentado o mundo, principalmente de 1914 para cá, impõem aos homens a purificação pelo sofrimento. Até hoje a maioria das criaturas não tem querido compreender a razão dos males que afligem o mundo. E quando soar a hora da separação definitiva do joio e do trigo, muitos Espíritos, que hoje refocilam nos prazeres impuros, rangerão os dentes experimentando as agruras do remorso que não redime mas que predispõe os faltosos ao resgate das próprias culpas.

            Tão grande e tão nobre é o papel da mulher no mundo que ficamos estremecidos ante o espetáculo contemporâneo que presenciamos. A competição estabelecida entre o homem e a mulher, na vida social, tem sido danosa a ambos e notadamente à Humanidade. A mulher cresce na intimidade do lar mas, na intimidade do mundo, relegando ao abandono seus deveres máximos de mãe, diminui-se progressivamente. Se o lar santifica a mulher, o mundo pode corrompe-la. Se nas tarefas sagradas da família ela se transforma em anjo tutelar, perdida nas confusões do mundo ela pode perder toda a beleza moral

            O que se vê hoje, em muitos lugares, principalmente nas grandes cidades decorrente da sua posição em face da Humanidade. No lar, pode encaminhar os filhos com segurança e contribuir para a retificação da jornada do companheiro em contato com as forças desiguais que enfrenta cá fora, é a mundanização da mulher. Ela deixa o lar entregue a uma preposta, que não pode interessar-se por seus filhos como se interessam a mãe. Procura, então, o ambiente duvidoso e muitas vezes corrompido das “boites”, esquecida de que, o lar, os filhos estão desamparados do seu carinho e da sua vigilância. Essas, convenhamos, não são mães na legítima acepção do vocábulo, e entendem que viver bem é passar a maior parte do tempo fora do lar, envenenando-se com a imoralidade de certos agrupamentos, fumando e bebendo, ou participando de conversas pouco edificantes, a pretexto de revelar primores de falsa intelectualidade, enganam-se. Mais tarde, quando o desengano chegar com a perda da juventude e com a realidade dos fatos, nem sempre muito fagueiros para os imprevidentes, não sentirá vontade de chorar e gritar de arrependimento. Mas suas lágrimas não correrão facilmente nem seus gritos encontrarão depressa eco no coração das velhas companhias... E a tristeza desesperada será maior, se o filhos houverem enveredado pela senda dos vícios, seguindo os exemplos que lhes ofereceram... Então as provações começarão muito mais cedo...

            O Espiritismo mostra os perigos da conduta irrefletida, porque todos os nossos atos são sementes que plantamos hoje para realizar no futuro colheitas indefectíveis. A lei do carma se exerce inexoravelmente, a reencarnação mostra a necessidade do esforço pela reabilitação. Todos somos Espíritos decaídos que lutamos por redimir-nos. Há, porém, outros que ainda estão em situação pior porque ignoram essas verdades e, ao ouvi-las, insistem em recusá-las, preferindo fechar os ouvidos à realidade.

            Por todas essas coisas é que emprestamos à educação da criança um valor extraordinário e inestimável. Cabe à mulher que permanece fiel ao Espiritismo Cristão a nobilitante tarefa de preparar hoje, com carinho, dedicação e largueza de vistas, os homens de amanhã. Precisamos todos fazer a boa luta pela recomposição da família dentro dos moldes cristãos, sob a orientação espírita. Só a família bem constituída e bem orientada pode trabalhar com eficiência e êxito pela salvação da Humanidade de amanhã. As mães de família, realmente dignas deste nome, jamais se fecham no egoísmo materno para cuidarem apenas de seus filhos. Sempre encontram meios e modos de fazer algo também pelos filhos alheios. Sabem, sentem o que é a maternidade, o que ela vale, o que significa, e jamais negam a infelizes crianças, nascidas de outros ventres, a esmola da sua caridade moral e material.

            À mulher espírita está, pois, destinado um papel extremamente relevante no mundo atual, na grande obra de reconstrução moral que há de servir de alicerce à Humanidade do futuro.

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